Representações dos alunos sobre as línguas num intervalo de dez anos: existem diferenças?
Resumo
Numa perspetiva de didática do plurilinguismo, é importante desenvolver o conhecimento dos alunos sobre as línguas, (re)construir as suas representações e promover contactos com outras línguas, contribuindo assim para o desenvolvimento de cidadãos mais dispostos a encontros interculturais e ao diálogo, especialmente no mundo multicultural de hoje. O presente trabalho teve como objetivo identificar os conhecimentos, representações e práticas de estudantes portugueses do 9.º ano acerca das línguas, através da comparação de dois estudos (Simões, 2006 e Senos, 2011), realizados com um intervalo temporal de dez anos (ano letivo 2000/01 e 2010/11), questionando-nos até que ponto o sistema escolar tem conseguido seguir a agenda europeia.
Assim, foi utilizada uma metodologia quantitativa, tendo-se usado como instrumento de recolha de dados o survey/levantamento por questionário. Os dados foram analisados estatisticamente com recurso ao SPSS e utilizou-se a análise de conteúdo em respostas abertas. Os resultados revelaram que não ocorreram muitas mudanças: os alunos têm pouco conhecimento sobre o Mundo das Línguas, possuem representações cristalizadas e curriculares sobre as línguas e revelam poucos contactos reais e ambicionados com outros idiomas além daqueles que fazem parte do currículo escolar. Estes podem ser fortes indicadores das mudanças que precisam ocorrer na sociedade e na escola portuguesa. Os resultados indicam a necessidade de as escolas repensarem a Educação em Línguas, assumindo um papel crítico na formação de cidadãos mais ativos e participativos. Há ainda trabalho a realizar para reinventar a maneira como as línguas são vistas, criando encontros enriquecedores com elas, entendendo, assim, a educação em línguas numa perspetiva holística.
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