Identidade profissional da enfermeira: possibilidades investigativas a partir da sociologia das profissões
Resumo
Passados mais de 100 anos de profissionalização da Enfermagem, a identidade profissional da enfermeira continua marcada por cuidado maternal, supremacia do saber médico, formação centrada na técnica e na doença e pouca visibilidade social no que diz respeito ao seu trabalho específico: o cuidado individual e coletivo. O presente estudo, de natureza bibliográfica, teve por objetivo identificar possibilidades investigativas sobre a identidade profissional da enfermeira a partir do campo teórico da Sociologia das Profissões. As profissões passaram a ser objeto de estudo da Sociologia na década de 1930, tendo suas bases epistemológicas associadas a busca de compreensão sobre o conceito de profissão, transformação das ocupações em profissões, função social das profissões e implicações de seu desenvolvimento. Observa-se a seguinte sucessão de paradigmas explicativos do fenômeno profissional: funcionalista, interacionista-simbólico, teses do poder profissional e abordagem sistêmica e comparativa. A perspectiva da Sociologia das Profissões permite analisar criticamente as concepções prevalentes sobre a Enfermagem e seu papel na sociedade, a participação do Estado ao forjar a “identidade para o outro”, o qual criou modelos e estereótipos para o perfil profissional enfermeira, conformando o habitus dessa profissional; as questões de gênero e poder, notadamente a relação médico-enfermeira e sua segmentação interna, o movimento associativo do início do século passado e, mais recentemente, as lutas políticas travadas junto às instâncias político-legislativas brasileiras. Tais questões encontram campo fértil para análise a partir da Sociologia das Profissões, favorecendo a desconstrução e reconstrução da identidade profissional da enfermeira, bem como para a assunção de um posicionamento mais proativo pelo grupo profissional, no sentido da construção de si.
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