A Iniciação Científica na Educação Básica no contexto brasileiro: reflexões à luz da Educação CTS

Maria de Lourdes Oliveira Porto; Paulo Marcelo Marini Teixeira

doi:10.34624/id.v16i3.38589

Maria de Lourdes Oliveira Porto Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia & Universidade Estadual de Santa Cruz https://orcid.org/0009-0004-3720-176X
Paulo Marcelo Marini Teixeira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores https://orcid.org/0000-0001-9359-7763

DOI: https://doi.org/10.34624/id.v16i3.38589

Palavras-chave: Iniciação Científica, Educação CTS, Educação Básica

Resumo

O artigo apresenta um estudo preliminar, realizado com o objetivo de identificar pontos convergentes e desafios entre o desenvolvimento de abordagens pedagógicas denominadas de iniciação científica (IC) no contexto da educação básica e os princípios da Educação CTS. Para tanto, apresentamos inicialmente considerações sobre a IC desenvolvida no contexto da educação básica brasileira, a partir da análise de Dissertações e Teses publicadas no período de 1997-2022. Na sequência, delimitamos princípios da Educação CTS anunciados pelos estudiosos desse campo. Ressaltamos que a Educação CTS pode constituir-se como uma forte orientação teórica para embasar atividades de IC realizadas tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio. Entre os pontos convergentes, destacamos: análise crítica do desenvolvimento da ciência; discussão de interesses e valores que embasam o desenvolvimento da tecnologia, visando a superação de uma concepção de tecnologia como ciência aplicada; incentivo à participação social e tomada de decisões fundamentadas, como forma de suplantar decisões tecnocráticas; desenvolvimento da autonomia; educação para a emancipação das pessoas; superação de modelo de ensino tradicional e transmissivo, para desenvolvimento de abordagens de ensino baseadas em práticas dialógicas; incentivo de uma cultura científica socialmente significativa com interpretação da realidade social; desenvolvimento de temas de interesse e relevância social focados na resolução de problemas; e prática pedagógica interdisciplinar. Os principais desafios identificados dizem respeito à formação de professores para orientação de propostas investigativas de integração curricular e às condições institucionais que são oferecidas para que os docentes possam orientar atividades de pesquisa nas escolas.

Downloads

Dados de Download não estão ainda disponíveis.

Referências

Aikenhead, G. S. (2009). Research into STS science education. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 9(1).
Arantes, S. D. L. F., & Peres, S. O. (2015). Programas de iniciação científica para o ensino médio no Brasil: educação científica e inclusão social. Revista Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(1), 37-54.
Auler, D. (2011). Novos caminhos para a educação CTS: ampliando a participação. In: W. L. P. dos Santos. CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. (pp. 73-97). Universidade de Brasília.
Auler, D., & Bazzo, W. A. (2001). Reflexões para a implementação do movimento CTS no contexto educacional brasileiro. Ciência & Educação, 7(01), 01-13.
Auler, D., & Delizoicov, D. (2001). Alfabetização científico-tecnológica para quê?. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, 3, 122-134.
Bazin, M. J. (1983). O que é a iniciação científica. Revista de Ensino de Física, 5(1), 81-88.
Bazzo, W. A. (2016) Ponto de ruptura civilizatória: a pertinência de uma educação “desobediente”. Revista CTS, 11, 73-91.
Bernstein, B. (1996). A estruturação do discurso pedagógico: classe, códigos e controle. Vozes.
Bezerra Neto, M. L. (2015). Construção de uma Feira de Ciências que visa à integração de atividades de Iniciação Científica e Tecnológica para o Ensino Médio a partir de questões ambientais e da prática social. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília.
Brasil. (1996). Lei n.. 9.394, de 20 de dezembro de 1996: Diretrizes e Bases da educação nacional.
Brasil. (2018). Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
Cachapuz, A. F. (2011). Tecnociência, poder e democracia. In: W. L. P. dos Santos. CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. (pp. 49-72). Universidade de Brasília.
Carvalho, L. A. M. A Iniciação Científica em Parintins/am: uma análise do Programa Ciência na Escola (PCE). (2012). Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Amazonas.
Castro, C. S. (2018). Movimentos e processos de desenvolvimento profissional contínuo na relação escola-universidade-escola: análise de uma prática realizada no oeste do Pará. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Mato Grosso e do Pará e Universidade Estadual do Amazonas.
Cerezo, J. A. L. (2002). Ciência, tecnologia e sociedade: o estado da arte na Europa e nos Estados Unidos. In: L. W. dos Santos, et al. Ciência, Tecnologia e Sociedade: o desafio da interação. (pp.3-39). IAPAR.
Chrispino, A. (2017). Introdução aos enfoques CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade – na educação e no ensino. Documentos de trabajo de Iberciencia. 4.
Couto, M. R. de A. M. (2017) Os Clubes de Ciências e a iniciação à ciência: uma proposta de organização no ensino médio. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília.
Delizoicov, D., Angotti, J. A., & Pernambuco, M. M. (2018). Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. (5ª ed). Cortez.
Dourado, D. A. O. (2022). Projetos escolares no ensino de botânica: Alfabetização e Iniciação Científica na Educação Básica. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fares, M. K. (2018). Utilização dos espaços alternaticos de aprendizagens na escola: possibilidades para a iniciação científica como estratégia para o ensino de biologia. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso.
Ferreira. M. S. (2010). Iniciação Científica no Ensino Médio: reflexões a partir do campo do currículo. In: C. A. Ferreira. et al. Juventude e iniciação científica: políticas públicas para o ensino médio. (pp. 229-237). EPSJV.
Filipecki, A.; Barros, S. S.; Elia M. F. (2006). A visão dos pesquisadores-orientadores de um programa de vocação científica sobre a iniciação científica de estudantes do Ensino Médio. Ciência & Educação. 12(2)199-217.
Fratoni, C. D., & Bianchetti, Victor. (2023). Contribuições das feiras de ciências para a formação de estudantes da educação básica: investigando as concepções de um grupo de professores. Indagatio Didactica, 15(4), 209-226.
García, M. I. G., Cerezo, J. A. L. & Luján López, J. L. (2000). Ciência. Tecnología y sociedad: uma introducción al estúdio social de La ciência y la tecnología. Tecnos.
Linsingen, I. (2007). Perspectiva educacional CTS: aspectos de um campo em consolidação na América Latina. Ciência & Ensino. 1.
Lima, P. G. (2009). Política científica e tecnológica: países desenvolvidos América Latina e Brasil. UFGD.
Leite Filho, I. (1997). O Clube de Ciências e Cultura Paiaguás como experiência da Iniciação Científica no Ensino de Primeiro e Segundo graus. Dissertação de Mestrado. Fundação Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
Maretti, G. B. (2015). A prática de iniciação científica em escolas de Ensino Médio: um relato de experiência na Escola SESC de Ensino Médio. Dissertação de mestrado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Massi, L. & Queiroz, S. L. (2010). Estudos sobre Iniciação Científica no Brasil: uma revisão. Cadernos de pesquisa, 40(139), 173-197.
Oliveira, A. de. (2015). A Iniciação Científica Júnior (ICJ): aproximação da educação superior com a educação básica. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina.
Oliveira, F. P. Z de. (2017). Pactos e impactos da iniciação científica na formação dos estudantes do ensino médio. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina.
Oliveira, R. R. de., & Alvim, M. H. (2017). Elos possíveis entre a História das Ciências e a educação CTS. Khronos, (4), 58-71.
Oliveira, A. D., & Bianchetti, L. (2017). Documentos de política científica e educacional: convergências em torno da educação básica. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, 33(1), 151-166.
Oliveira, F. P. Z de., Civiero, P. A. G., & Bazzo, W. A. (2019). A Iniciação Científica na formação dos estudantes do Ensino Médio. Debates em Educação, 11(24), 453-473.
Pereira, D. C. (2007). Nova educação na nova ciência para a nova sociedade: fundamentos de uma pedagogia científica contemporânea. (1ª ed). Universidade do Porto.
Sá, E. F. de. (2009). Discursos de professores sobre ensino de ciências por Investigação. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais.
Santana, M. do R. P. de. (2009). Em busca de outras possibilidades pedagógicas:” trabalhando” com ciência e tecnologia”. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Bahia.
Santos, W. L. P. dos. (2011) Significados da Educação Científica com enfoque CTS. In: W. L. P. dos Santos. CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. (pp. 21-47). Universidade de Brasília.
Santos, W. L. P. dos. & Auler, D. (2011). Apresentação. In: W. L. P. dos Santos. CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. (pp. 11-20). Universidade de Brasília.
Silveira, J. C. da. (2018). Entre dizeres e silêncios sobre a IC na educação básica (2017). Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina.
Souza, G. C. (2013). Diagnóstico da inserção de alunos do ensino técnico de nível médio na iniciação científica: um estudo de caso no IFMT Campus São Vicente. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Strieder, R. B. (2012). Abordagens CTS na Educação Científica no Brasil: sentidos e perspectivas. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
Teixeira, P. M. M. (2024). Movimento CTS como um programa de pesquisa dentro da área de Educação em Ciências. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 17, 1-25. (no prelo).
Teixeira, P. M. M. (2020). Movimento CTS e os desafios para a educação científica: reflexões iniciais. In: P. M. M. Teixeira. Movimento CTS: pesquisas, estudos e reflexões. (pp. 15-38). CVR.
Vaccarezza, L. S. (2002). Ciência, tecnologia e sociedade: o estado da arte na América Latina. In: L. W. dos Santos, et al. Ciência, Tecnologia e Sociedade: o desafio da interação. (pp.43-79). IAPAR.
Vasques, D. G.; Oliveira, V. H. N. (2020). Iniciação Científica na educação básica: estado do conhecimento a partir de artigos científicos de 2010-2020. Revista Camine: Caminhos da educação, 12(1).
Xavier, P. M. A., & Almeida, M. J. P. M. D. (2019). A iniciação científica na educação básica: um olhar a partir dos anais do enpec. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – ENPEC, 12, 1-7.
Zompero, A. F., & Laburú, C. E. (2011). Atividades investigativas no ensino de ciências: aspectos históricos e diferentes abordagens. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 13, 67-80.