Interface formação inicial de professores de Química e o enfoque CTS(A): o que dizem as pesquisas no contexto brasileiro?

Resumo

O enfoque CTS tem influenciado na elaboração de currículos de diversos países, desde o início de suas discussões, na década de 1970, ampliando consideravelmente sua importância no âmbito educacional, a partir de 1980. Porém, boa parte das ações efetivas no espaço escolar, ao que tange o contexto brasileiro, ainda se mostram pontuais, uma vez que explicitam as relações CTS(A), sem, contudo, desenvolverem de forma sistemática os objetivos relacionados ao conhecimento científico, ao planejamento tecnológico e à resolução de problemas. Assim, reconhecendo a necessidade de as discussões sobre o enfoque CTS(A) adentrarem os espaços da formação inicial de professores, objetivou-se com este trabalho analisar o que tem sido investigado nas pesquisas brasileiras (teses e dissertações) a respeito da interface CTS(A) e formação inicial de professores de Química. A análise dos dados se deu pela Análise de Conteúdo, resultando quatro categorias: estrutura dos cursos de Licenciatura em Química; construção de saberes relativos à docência; concepções e mudanças de atitude; ensino, processos formativos e intervenção. A partir da análise, verificou-se que essas pesquisas, em sua maioria, buscam desenvolver propostas de intervenção de maneira pontual, o que sinaliza à necessidade de repensar o processo formativo, no sentido de promover a inter-relação entre conhecimento científico, tecnológico e social, permeando todos os componentes curriculares. Entende-se que um campo a ser melhor explorado na interface entre tais relações é o da construção dos saberes docentes a partir das discussões CTS(A), a fim de que esses resultados contribuam e direcionem à implementação de ações permanentes na formação inicial de professores.