Comportamento espácio-temporal do turista urbano: o impacte da duração da estada
Resumo
O comportamento espácio-temporal dos turistas é um fenómeno complexo, influenciado por inúmeros fatores relativos quer aos turistas quer ao próprio destino. No entanto, conhecer e, até certo ponto, gerir a forma como os turistas se movem no espaço e no tempo é crucial para assegurar a qualidade da sua experiência, bem como a gestão eficaz e sustentável de destinos e atrações. Sobretudo, com base em estudos relativos à viagem multidestino, há evidência de que os constrangimentos temporais são um dos fatores mais influentes sobre o itinerário e a atividade espaço-tempo dos turistas. Isto porque, em presença de um orçamento temporal reduzido, o turista tende a querer tirar o máximo partido da sua estada, ampliando a intensidade da visita e a amplitude dos seus movimentos. No contexto urbano, os turistas geralmente incluem várias atrações nos seus itinerários intra-destination, o que faz da cidade o palco por excelência da visita multi-attraction. No entanto, são ainda relativamente poucos os estudos empíricos nesta área, em especial no contexto intra-destination. Assim, para além de procurar aprofundar a investigação neste domínio, a presente pesquisa tem como aspeto inovador testar este impacte da duração da estada sobre o comportamento espácio-temporal do turista entendido no seu âmbito global, combinando as suas duas dimensões – ‘movimento’ e ‘multi-attraction’. Com base nos dados recolhidos por inquérito e estudo de rastreamento GPS (Global Positioning System) junto de turistas hospedados em dez diferentes hotéis na cidade de Lisboa (n=408), foi possível identificar diferenças estatisticamente significativas com base na duração da estada, confirmando a importância deste impacte sobre o comportamento espácio-temporal dos turistas.