Editorial

Resumo

Se a diversidade e a especialização como resultado da globalização são porventura as características mais
marcantes da contemporaneidade turística, é porém nos destinos e comunidades recetoras que nos confrontamos com os elementos chave da sua sustentabilidade e competitividade. Nestes espaços, o turismo consubstancia-se através daqueles que o praticam, os turistas, o que nos permite acentuar não só a ideia que o seu impacto económico tem início com as despesas dos visitantes, mas igualmente que a avaliação da qualidade dos destinos não prescinde do olhar dos turistas. É também nestes territórios que a harmonização dos objetivos da indústria turística e das comunidades residentes é essencial para a projeção da imagem e da sustentabilidade dos destinos turísticos, a par do reconhecimento e proteção das atrações como razão principal da deslocação e visita a esses locais por parte dos turistas. A tradução desta realidade das dinâmicas turísticas na investigação e no conhecimento científico, vem sublinhar o caráter multidisciplinar dos estudos turísticos, quer através de abordagens que pretendem estudar o turismo enquanto experiência humana ou como comportamento social, quer como fenómeno geográfico, ou ainda como recurso, ou como atividade económica com características marcadamente industriais. Tendo presente estas diversas abordagens, não admirará o sublinhado feito por vários autores desde os anos 80 do século passado (Leiper,1981; Jafari & Ritchie, 1981) ao afirmarem este caráter multidisciplinar do turismo, identificando cinco áreas científicas (economia,sociologia, psicologia, geografia e antropologia) como as bases dos estudos turísticos. Notando porém a existência de outras áreas de estudo mais especializadas, onde incluíam a arqueologia, religião, línguas, história e ciência política, ou domínios de características mais “profissionais” como o direito, arquitetura, gestão e comunicação e marketing. Mais recentemente, esta perspetiva foi reafirmada por Crouch e Perdue (2014), que não deixaram de notar ser difícil encontrar outro domínio de investigação que seja tão diverso quanto o turismo. Ao editar o seu número 24, a Revista Turismo & Desenvolvimento assume este caráter multidisciplinar e diverso da investigação em turismo. São onze textos que nos comunicam realidades e perspetivas disciplinares inseridas em contextos turísticos que abarcam vários países da lusofonia e Espanha. Poderemos encontrar neste número um conjunto importante de reflexões e resultados que vão desde a educação ambiental, políticas públicas no turismo ou atitudes dos residentes, passando pela atenção dada ao turista, através do estudo do seu perfil, perceções e imagens, e a relação da qualidade com a lealdade, incluindo ainda a apresentação de vários textos estudando “produtos” turísticos onde a inovação é um traço marcante, seja em contexto comunitário seja ainda nas dimensões literária e gastronómica. Uma última palavra de agradecimento aos autores por partilharem as suas estimulantes investigações. Aos leitores, os nossos votos de que o conhecimento agora colocado à sua disposição lhes seja útil.