Turiperegrinos portugueses no caminho português interior de Santiago de Compostela
Resumo
O nosso trabalho centra-se na desdiferenciação atual entre a peregrinação e o turismo. Se tradicionalmente em antropologia do turismo foi defendida a ideia de que o turismo era uma viagem ritual sagrada, uma experiência secular contemporânea que visava um ritual de passagem semelhante ao das peregrinações religiosas, hoje em dia acontece o inverso e o turismo converteu-se num modelo através do qual e sem o qual não se podem entender as peregrinações. A nossa reflexão tem como base um trabalho de campo antropológico, iniciado em setembro de 2015, sobre os turiperegrinos do Caminho Portugués Interior de Santiago de Compostela –CPIS- (Viseu – Vila Real – Chaves – Verín – Ourense – Santiago de Compostela) e os significados que apresentam da sua vivência. Esta é uma velha rota de peregrinação que foi revitalizada recentemente. Na nossa análise discutiremos a porosidade entre turismo, peregrinação e novas espiritualidades laicas. Também debateremos ao longo do texto as motivações e sentidos da experiência turiperegrina que respondem a um mecanismo de reflexividade contemporânea.