Contributos para a sustentabilidade do subsector dos operadores turísticos em Portugal

  • Bernardo Rodrigues Augusto Universidade Nova de Lisboa
  • Maria do Rosário Partidário Instituto Superior Técnico
Palavras-chave: Operadores turísticos, Gestão da sustentabilidade

Resumo

Objectivos | Com este trabalho pretende-se explorar a posição dos Operadores Turísticos (OT) Portugueses relativamente à prática internacional existente em matéria de gestão da sustentabilidade e contribuir para a identificação dos desafios chave em termos de sustentabilidade que se colocam às empresas deste subsector turístico em Portugal.

Metodologia | A metodologia seguida na realização da tese foi suportada por um conjunto diversificado de técnicas e actividades, seleccionadas e aplicadas/realizadas conforme o objectivo e a fase de trabalho:
– Revisão do estado da arte no que se refere aos conceitos, metodologias e ferramentas utilizadas na gestão da sustentabilidade e responsabilidade social empresarial no sector do turismo e no subsector dos operadores turísticos, a nível internacional e nacional.
– Pesquisa documental de informação corporativa, recorrendo à Internet, com vista à identificação de casos de estudo de Operadores Turísticos a nível internacional e nacional que gerem os seus aspectos de sustentabilidade.
– Realização de um inquérito aos OT portugueses, recorrendo a um questionário semi-estruturado, de modo a obter as posições, perspectivas e intenções deste subsector relativamente à sustentabilidade ambiental, económica e social do seu negócio.
– Avaliação das políticas de desenvolvimento e gestão dos produtos dos OT portugueses recorrendo à definição e aplicação de critérios de sustentabilidade a uma amostra de brochuras turísticas disponíveis na Internet, para um conjunto pré-definido de destinos turísticos de elevada sensibilidade ambiental, social e económica.

Principais resultados e contributos | A análise efectuada permitiu concluir que os operadores turísticos portugueses se encontram num estádio relativamente atrasado em termos de disponibilização de informação na Internet, sendo que a informação predominantemente divulgada ainda se situa nas preocupações com a qualidade de serviço e com a segurança.A dimensão ambiental encontra-se deste modo ainda incipientemente abordada,sobretudo no que diz respeito à internalização de procedimentos de gestão interna, desenvolvimento e gestão do produto e definição de regras de contratação de fornecedores e relacionamento com destinos. No que diz respeito à adesão a instrumentos voluntários de informação verifica-se ainda um estádio de desenvolvimento muito incipiente nesta matéria, com as empresas inquiridas a declararem não ter implementado qualquer sistema de gestão ambiental ou a adesão a qualquer esquema de rotulagem ambiental. Os principais resultados obtidos pela análise das políticas de desenvolvimento e gestão do produto permitem-nos concluir que os operadores generalistas apresentam um desempenho em termos de sustentabilidade ambiental, social e económica inferior aos restantes operadores (especializados e alternativos) independentemente do destino analisado. Os melhores operadores alternativos da amostra, pela sua dependência e proximidade, em termos de negócio, aos recursos naturais e às comunidades locais, encontram-se melhor posicionados relativamente à prática internacional do que os operadores generalistas e especializados. As dimensões económicas e sociais nas vertentes de contratação preferencial de fornecedores locais, fornecimento de informação sobre respeito pelas culturas e tradições locais e apoio a projectos ambientais,sociais e económicos nas comunidades locais dos destinos, encontram-se mais desenvolvidas e mais interiorizadas nas políticas de desenvolvimento e gestão do produto dos operadores turísticos alternativos, do que nos restantes operadores. Os operadores especializados, pelo seu conhecimento superior em relação a determinados destinos ambiental e socialmente mais sensíveis, fornecem normalmente informação mais aprofundada sobre boas práticas ambientais e sociais, a ter durante a viagem, aos seus clientes, do que os operadores generalistas. As preocupações com a valorização da biodiversidade nos destinos ainda se encontram ausentes da maior parte da prática dos operadores turísticos analisados.

Limitações | Os resultados obtidos terão que ser encarados com alguma reserva dada a baixa taxa de resposta por parte dos OT nacionais ao inquérito realizado e da indisponibilidade dos agentes do sector consultados para realização de entrevistas que permitissem obter as suas perspectivas sobre o business case para a adopção de práticas sustentáveis.

Conclusões | Os resultados obtidos permitem-nos afirmar que a maioria dos OT nacionais não apresenta qualquer preocupação com a sustentabilidade global do seu negócio, sendo que relativamente aos que manifestam algum grau de preocupação, as práticas encontradas se situam sobretudo ao nível da Qualidade de Serviço, Segurança e Responsabilidade Social. A prática nacional em matéria de adopção de práticas sustentáveis neste subsector ainda se encontra portanto a dar os primeiros passos,sendo esses, dados na sua maioria por operadores alternativos, à partida mais sensibilizados para estas temáticas do que os operadores generalistas.Verifica-se mesmo que os melhores operadores alternativos analisados aproximam-se da prática internacional de referência encontrada. Os operadores turísticos devem expandir a sua influência até aos seus fornecedores e clientes, convencendo-os a adoptar atitudes mais responsáveis para com a sociedade e o ambiente quando providenciam oportunidades de lazer para um grande número de pessoas todos os anos. A adopção de uma estratégia preventiva no âmbito das políticas de turismo nacionais, de modo a incentivar a progressão do sector rumo à sustentabilidade, que reconheça a importância do subsector dos operadores turísticos, no contexto de uma cadeia de valor sustentável, afigura-se igualmente como uma medida de extrema importância para o assegurar de um quadro institucional de governança adequado.

Publicado
2010-01-01
Como Citar
Augusto, B. R., & Partidário, M. do R. (2010). Contributos para a sustentabilidade do subsector dos operadores turísticos em Portugal. Revista Turismo & Desenvolvimento, 3(13/14), 1103-1104. https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.13091
Secção
E-Business, TICs e Distribuição