Turismo e acessibilidade: um estudo da acessibilidade turística a pessoas usuárias de cadeira de rodas na cidade de São Luís-Maranhão

  • Kátia Espindola Rodrigues dos Santos Faculdade São Luís
Palavras-chave: Turismo, Acessibilidade, Pessoa usuária de cadeira de rodas, São Luís, Maranhão

Resumo

Objectivos | O âmbito deste trabalho é o estudo da acessibilidade de espaços dos empreendimentos turísticos, destacando os hotéis, restaurantes e pontos turísticos da cidade, para sua utilização por turistas com deficiência que usam cadeira de rodas na cidade de São Luís, identificando a qualidade dos serviços oferecidos.

Metodologia | Utilizou-se o Método Dialético fundamentado em Minayo (1998). Esta opção por ele deve-se ao fato de mostrar que a vida se encontra em incessante movimento e, por conseguinte deve-se também considerá-la no seu movimento, na sua destruição e criação. Assim o método em referência considera o movimento da vida, dentro de um contexto social, econômico e político. O estudo configurou-se do tipo exploratório-descritivo, amparado no desenvolvimento de pesquisa bibliográfica, de campo e observação direta, para o qual foram utilizados como instrumentais: entrevistas, registro imagético e questionários aplicados no universo de 62 pessoas, dentre elas 49 declarados como turistas/visitantes utilizam cadeira de rodas e 13 representantes da indústria turística hoteleira e de restauração, onde analisou-se a acessibilidade existente nos espaços e empreendimentos turísticos. A realização do trabalho foi a cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, escolhida intencionalmente pelo fato de ser uma cidade com um potencial turístico imenso, pela diversidade existente e principalmente porque foi nessa cidade que a autora vivenciou os preconceitos e as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que utilizam cadeira de rodas.

Principais resultados e contributos | A acessibilidade é, além de necessária, ainda um amplo desafio em todos os aspectos e este alvo só será atingido com a eliminação das barreiras arquitetônicas urbanísticas, atitudinal, do transporte e da comunicação. Assim sendo, a arquitetura, a sinalização e a informação tornam-se imprescindíveis na vida de uma cidade, no planejamento urbano, no método de inclusão da sociedade como um todo. Do que foi investigado, conforme os objetivos traçados considera-se que São Luís começa a acenar para a questão da “acessibilidade” incorporando a idéia de que qualquer cidadão turista ou não, com ou sem limitação, tem o direito de locomover-se com acessibilidade pela cidade, desfrutando dela, participando e contribuindo para o seu desenvolvimento social, econômico e também turístico (Sassaki, 2003). Nesse contexto, o que efetivamente se observa é o incremento da oferta turística hoteleira local que aumentou o número de quartos adaptados, embora contrastando com a restauração que, apesar de possuírem rampas, acabam por deixar a desejar aspectos como a acessibilidade aos banheiros e espaços de lazer para pessoas usuárias de cadeira de rodas. Do ponto de vista dos sujeitos investigados, a maior dificuldade encontrada é arquitetônica, em razão dos prédios e de espaços da cidade como um todo não serem projetados para recebê-los. Contudo, reforça-se o “olhar” da mudança: já podem ser encontradas, mesmo que em alguns casos fora dos critérios de acessibilidade, rampas, guias rebaixadas, portas largas, banheiros adaptados nos mais variados ambientes; todos buscaram as diretrizes de orientação dos municípios, na elaboração de políticas que colaborem para os novos métodos e tecnologias no processo de adequação do espaço coletivo às exigências da população, onde em muitos aspectos a vida das pessoas que usam cadeira de rodas não se diferencia das demais.

Limitações | As principais limitações encontradas durante a investigação foram as barreiras atitudinal e arquitetônica nos espaços e ambientes turísticos, o pequeno número de profissionais capacitados para o atendimento diferenciado, a falta de roteiros acessíveis disponíveis nas operadoras de turismo e políticas públicas de turismo inclusivas. Em muitos aspectos a vida das pessoas que usam cadeira de rodas não se diferencia das demais. É notório que atualmente, época de globalização e inclusão social, a sensibilização da sociedade e do Poder Público quanto às necessidades desses indivíduos ao lazer e ao turismo fortificou-se por ser um direito adquirido pela Constituição Brasileira, mas que falta ser efetivado pelas autoridades que só tem a ganhar com o processo porque uma cidade acessível é uma cidade com melhor qualidade de vida para residentes e turistas.

Conclusões | Este trabalho procurou mostrar que a liberdade e igualdade de oportunidades são fundamentais para o ser humano. Nesse contexto, o turismo denota essencialmente acesso a lugares, edificações, sítios históricos, espaços verdes, pessoas e atividades. Significa, acima de tudo, locomoção, comunicação e a possibilidade de interação para trabalhar-se a inclusão na sociedade. Diante do exposto pode-se concluir dizendo que São Luís tem capacidade e potencialidade para tornar um pólo turístico, mas ainda é necessário que as autoridades encontrem novas estratégias de Políticas Públicas Inclusivas, assim como a sociedade e o setor privado, no intuito de torná-la de fato uma cidade acessível porque acessibilidade faz parte da qualidade de vida do cidadão que usa cadeira de rodas turista/ residente e da sociedade como um todo. Para tanto, é necessário promover esse segmento de turismo, através da implantação ou melhoria da acessibilidade nos vários pontos turísticos, e no comércio. Pelo exposto, acredita-se que esta implantação seja inteiramente viável,mas são de fundamental importância a conscientização e sensibilização da comunidade local, no que diz respeito a apoiar as ações existentes e incentivar novas, a fim de que a cidade tenha acessibilidade para todos. Princípio de elementos e de ações indispensáveis para diferenciá-la das demais.

Publicado
2010-01-01
Como Citar
Santos, K. E. R. dos. (2010). Turismo e acessibilidade: um estudo da acessibilidade turística a pessoas usuárias de cadeira de rodas na cidade de São Luís-Maranhão. Revista Turismo & Desenvolvimento, 3(13/14), 1093-1094. https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.13083
Secção
Desenvolvimento e Sustentabilidade