Turismo sustentável e ecoturismo em zonas costeiras - estudo: Barra e S. Jacinto

  • Filipa Neves Universidade de Aveiro
  • Carlos Costa Universidade de Aveiro
  • Filomena Martins Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Turismo sustentável, Ecoturismo, Zonas costeiras, Sistema turístico, Capacidade de carga

Resumo

Objectivos |
– evidenciar o facto de a utilização eficiente dos recursos naturais, contribuir para o aumento da capacidade de carga;
– demonstrar que o desenvolvimento sustentável do território determina a qualidade da área-destino;
– verificar que o desenvolvimento do turismo sustentável e ecoturismo, numa área-destino, é optimizado através da elaboração de um plano estratégico sustentável;
– apurar o facto de a aceitação dos princípios do ecoturismo garantir o cumprimento das diferentes capacidades de carga locais.

Metodologia | A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa bibliográfica contextualizadora das hipóteses de investigação e trabalho empírico materializou-se em: levantamento de campo, recolha de imagens e elaboração de inquéritos. Para o desenvolvimento do trabalho empírico foram escolhidas duas praias “Bandeira Azul” da Região de Aveiro, para aplicação dos inquéritos. As praias escolhidas foram São Jacinto e Barra, por possuírem características diferentes, no que diz respeito ao número de visitantes, infra-estruturas e acessibilidades. Nestas “praias” (com esta designação englobamos a zona de areal/ dunar e a zona envolvente com a restante oferta turística, a nível de restaurantes, bares, hotéis e outras infra-estruturas), foi realizado um total de 400 inquéritos, durante os meses de Julho, Agosto e Setembro de 2009.

Principais resultados e contributos | Com base nos resultados dos inquéritos considera-se que S. Jacinto deverá ter uma estratégia de desenvolvimento turístico mais direccionada para as actividades de animação turística ligadas à natureza e à identidade cultural local e regional, tais como: observação de aves; passeios interpretativos dos habitats naturais; mostras gastronómicas e de artesanato; observação da fauna e flora envolvente; passeios de moliceiro com visitas guiadas; entre outras do mesmo âmbito. Relativamente à Praia da Barra, o tipo de visitante aí identificado prefere praias “massificadas” e a principal motivação de deslocação é o sol e mar. Apesar de ter muito mais atracções e infra-estruturas turísticas, comparativamente com S. Jacinto, nota-se que há grande insatisfação dos seus utentes, principalmente no que diz respeito aos problemas relacionados com o congestionamento do trânsito e à escassez de parques de estacionamento. Por outro lado regista-se uma crescente diversidade ao nível das necessidades, bem como das expectativas dos turistas. O número de destinos está a aumentar a um ritmo superior à procura turística. Por isso deve-se adaptar a oferta à procura turística, procedendo-se à: caracterização da área-destino, identificação do perfil de visitante que se adapta às características de determinado destino, elaboração de plano turístico sustentável do destino, adaptação do destino de forma sustentável ao tipo de perfil de visitante que o procura. Considera-se que a paisagem e os recursos naturais são os grandes elementos diferenciadores de cada área-destino sendo a partir deles que se desenvolvem todas as outras componentes culturais, históricas e construídas. Por isso acha-se essencial fazer uma abordagem inicial dos locais, através dos recursos naturais. Esta forma de estudar a região é inovadora e com elevado interesse para o sector do turismo, porque introduz vários conceitos de sustentabilidade que para além de serem aconselháveis para a protecção do ambiente são benéficos para a população local.

Limitações |
– Os inquéritos foram respondidos pelos visitantes. Para que não houvesse uma pressão psicológica que forçasse respostas, não era exercida uma acção controladora, por parte do inquiridor. Esta forma de actuação motivou a existência de algumas respostas foram desadequadas, o que fez com que se considerassem 28 inquéritos nulos.
– No período de aplicação previsto para os inquéritos, apesar de estes serem dirigidos a todos os visitantes verificou-se uma predominância dos escalões etários mais jovens na representatividade da amostra.
– A aplicação dos inquéritos na Praia da Barra, durante o mês de Agosto, foi complicada, especialmente nas áreas mais massificadas da praia, devido ao excesso de pessoas. Como consequência alguns inquéritos não foram recolhidos.

Conclusões | A partir da revisão de literatura e da análise de dados, pode-se concluir que existem diferentes tipos de turistas com diferentes motivações e perfis. A escolha do destino turístico resulta das motivações e produtos característicos do turismo. Os visitantes podem ter acesso a diferentes produtos, dependendo das suas necessidades e da adaptação da oferta turística às suas motivações e expectativas. Considera-se essencial poder adaptar a oferta ao tipo e preferência de cada grupo, por isso foi realizada uma análise à constituição do grupo que visita determinada área-destino. As preferências e condições dos visitantes das duas áreas de estudo, são praticamente opostas, logo qualquer estratégia que seja proposta para desenvolver produtos turísticos, deverá ter em conta este factor. Estes destinos deverão oferecer mais atracções e infra-estruturas turísticas de forma a aumentar a satisfação do visitante e ao mesmo tempo proporcionar enriquecimento da economia local. De acordo com a análise feita considera-se que S. Jacinto é uma zona mais natural, onde se praticam actividades ligadas à natureza e é um local com menos massificação de turistas durante a época balnear, logo a prática de Turismo Sustentável e Ecoturismo é mais propícia comparativamente com a Praia da Barra. Pela análise feita é possível averiguar que S. Jacinto é avaliado de forma positiva, pelos seus visitantes, a nível da conservação do espaço. Podemos afirmar que o estudo de recursos turísticos, atracções turísticas, produtos turísticos e serviços são essenciais para melhorar o aproveitamento e qualidade da área-destino e maior satisfação do visitante. Acha-se essencial proceder à análise dos serviços, nomeadamente, o alojamento, a restauração, as agências de viagens, os transportes e as empresas de animação turística da área em estudo, para poder qualificar toda esta oferta. S. Jacinto tem grande potencial turístico e os seus utilizadores são mais adeptos das actividades referidas, sugere-se o desenvolvimento destas acções de forma a diversificar a oferta turística agradando aos seus visitantes e proporcionando um maior enriquecimento local. Conclui-se que é necessário criar estratégias a nível de planeamento, com vista ao desenvolvimento de actividades sustentáveis, acompanhado de estratégias de marketing adequadas ao perfil de visitante que se enquadram nas áreas de estudo.

Publicado
2010-01-01
Como Citar
Neves, F., Costa, C., & Martins, F. (2010). Turismo sustentável e ecoturismo em zonas costeiras - estudo: Barra e S. Jacinto. Revista Turismo & Desenvolvimento, 3(13/14), 1089-1090. https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.12933
Secção
Desenvolvimento e Sustentabilidade