Estratégias de integração e optimização dos recursos e equipamentos culturais para o desenvolvimento do turismo: o caso do Seixal

  • Carlos Costa Universidade de Aveiro
  • Nuno Lopes Universidade de Aveiro
  • Rui Costa Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Cultura, Turismo, Dinamização turismo local, Estratégia e desenvolvimento, Optimização de recursos, Impactes sociais e económicos

Resumo

Objectivos |
– Compreender o alcance do conceito actual de cultura e de turismo cultural;
– Demonstrar que a cultura se constitui como um dos principais factores de atractividade e diferenciação de um território;
– Identificar estratégias de integração e optimização dos recursos e equipamentos culturais;
– Demonstrar a importância da população residente para a dinamização cultural e turística de um determinado território.

Metodologia | Esta comunicação tem por base a evidência empírica que ressalta de dois projectos de investigação aplicada no município do Seixal. O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo ao nível local concluído em 2005, e o Projecto Seixal Cultural ainda em fase de elaboração. A metodologia utilizada na análise efectuada ao nível dos dois projectos de investigação aplicada teve por base:
(i) análise de dados secundários: i.1. bibliografia i.2. dados estatísticos i.3. best-practices
(ii) análise de dados primários, recolhidos no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo no Concelho do Seixal (PEDTS, 2005), através da implementação de ferramentas de notação: ii.1. questionário aos residentes – análise de dados recolhidos junto de 778 indivíduos residentes no Seixal, durante o ano de 2004, com o objectivo de conhecer os comportamentos dos residentes ao nível do gozo de férias e das preferências, hábitos de consumo e acesso a serviços de lazer e recreio no concelho; ii.2. questionário aos utilizadores de recursos turísticos – análise de dados recolhidos através de questionários aplicados a 350 inquiridos (visitantes internacionais e nacionais, e residentes), entre Agosto e Outubro de 2003, em locais com forte aptidão para o turismo, lazer e recreio no concelho (equipamentos de apoio ao turismo – alojamento, restaurantes, museus e outros equipamentos culturais visitáveis; áreas de lazer e áreas de grande atractividade). ii.3. entrevistas a actores chave da região – análise dos dados recolhidas entre Julho e Outubro de 2004, mediante a realização entrevistas semi-estruturadas a doze entidades regionais e locais, directa ou indirectamente ligadas ao sector do turismo.

Principais resultados e contributos | O sector do turismo assume-se como um factor de alavanca do desenvolvimento sócio-cultural de uma comunidade, e de dinamização e fortalecimento da sua base económica, devido ao efeito multiplicador económico (directo, indirecto e induzido) e à capacidade de criar oportunidades para o desenvolvimento de outras actividades económicas. Nesta perspectiva, considera-se necessário adaptar as regiões às tendências e evoluções do mercado do turismo, afirmando os seus valores endógenos e valorizando os elementos diferenciadores e específicos (uniqueness). A cultura, nas suas diferentes dimensões e manifestações e enquanto reflexo das memórias históricas, da vivência e da identidade de uma determinada comunidade ou localidade, constitui, do ponto de vista do desenvolvimento do turismo, um dos principais factores de atractividade e diferenciação de um território. A inter-relação entre turismo e cultura, pela sua abrangência e transversalidade, têm impactes a diversos níveis numa determinada comunidade, devendo por isso merecer uma abordagem integrada e cuidada, pois importa que combinem os seus atributos e virtudes em benefício da população residente, motivando a sua adesão e participação activa nas iniciativas dinamizadas (enquanto participantes e espectadores), e proporcionando uma oportunidade de desenvolvimento económico e social ao território. A sua adesão aos eventos enquanto estratégia de viabilização das iniciativas, irá também permitir a atracção de novos públicos, nomeadamente visitantes, o que proporcionará uma maior dimensão e atractividade ao evento. Os públicos-externos, que tendencialmente desenvolvem um maior esforço financeiro para assistir aos eventos,constituem por essa razão um público de elevada relevância que importa captar, pois demonstram maior potencial em gerar receitas para o território (em transportes, alojamento, alimentação, …). Numa era em que as‘massas’ deram lugar aos‘nichos’ importa conhecer e compreender o comportamento destes públicos (internos-locais e extenos), enquanto garantia da uma eficaz promoção, e consecutivamente de uma maior adesão às propostas e programas trazidos à ‘cena’.

Limitações | O PEDT do Seixal visou alcançar e reflectir todos os domínios e sub-sectores do turismo (definidos na Conta Satélite do Turismo), não focando especificamente o domínio dos eventos. Neste sentido, os dados obtidos através dos instrumentos de notação implementados permitiram apenas obter uma visão mais geral da componente dos eventos, não permitindo uma análise mais fundamentada do seu impacte na dinamização turística do concelho, o que pressupõem uma limitação de análise de caso e na resposta cabal aos objectivos da apresentação.

Conclusões | Os recursos e equipamentos culturais, quando devidamente geridos, integrados e promovidos,constituem um factor de atractividade e diferenciação de um determinado território, independentemente da sua maturidade enquanto ‘destino’ turístico. Dessa forma será possível captar novos públicos, quer se tratem de públicos locais (residentes) ou externos (excursionistas ou turistas – regionais, nacionais ou internacionais), e assim contribuir para a dinamização do tecido económico turístico e cultural de base local. A participação mais activa e regular da comunidade local constitui por isso uma das estratégias que importa equacionar como forma de optimizar os recursos e equipamentos culturais existentes. A fraca participação da comunidade local nas iniciativas de carácter cultural e recreativo constitui um factor condicionador do sucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento do turismo, nomeadamente em destinos de baixa maturidade e notoriedade. Para além disso, os recursos e equipamentos culturais, bem como a respectiva programação, devem estar devidamente articulados e direccionados aos públicos-alvo, residentes e visitantes, de forma a serem mais facilmente rentabilizados, podendo assim estar permanentemente ao serviço da comunidade, constituindo simultaneamente um veículo de dinamização turística e económica dos territórios. Desta forma o turismo pode assumir um papel determinante na sustentabilidade e viabilidade da cultura local.

Publicado
2010-01-01
Como Citar
Costa, C., Lopes, N., & Costa, R. (2010). Estratégias de integração e optimização dos recursos e equipamentos culturais para o desenvolvimento do turismo: o caso do Seixal. Revista Turismo & Desenvolvimento, 3(13/14), 993-994. https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.12671