Enoturismo em Portugal: forma de desenvolvimento regional e afirmação cultural local

  • Ana Isabel Inácio Universidade de Lisboa
  • Carminda Cavaco Universidade de Lisboa
Palavras-chave: Enoturismo, Pluriactividade, Desenvolvimento local, Destino

Resumo

O Enoturismo é um fenómeno característico de Modernidade, com uma dupla valência e significado: constitui-se como uma actividade turística complementar à oferta turística nacional, predominantemente balnear. Encerra produtos turísticos onde o interesse pelo conhecimento do vinho e da vinha nas suas dimensões material, cultural e gastronómica, ou seja, simbólica, se materializam. Pode revelar-se uma actividade complementar da actividade rural e agro-vitivinícola, ou motor de outras actividades tradicionais, seguindo uma lógica de “pluriactividade”. Mundialmente esta bivalência é reconhecida. Em Portugal, esta actividade encontra-se ainda na sua primeira idade. O presente estudo tem por objectivo o entendimento destas lógicas de complementaridade, em que medida proporcionam o desenvolvimento rural e a afirmação cultural que o encerra. A opção de análise de escala regional permite melhor retratar as suas especificidades, optando-se pelas regiões do Minho, Douro, Alentejo e Setúbal. Formula-se como hipótese que, o Enoturismo é de particular relevância para estas regiões, não tanto pelos postos de trabalho ou lucros gerados, mas pelos processos de interiorização do prestígio e do valor que o trabalho da “arte de fabricar o vinho” induz. Esta imagem de um rural interessante para quem visita e prestigiante para quem nele participa podem constituir uma alavanca de dinâmicas locais necessárias à sua perpetuação e fixação de populações. Propõe-se, em certa medida, a “comercialização” do espaço rural, dos produtos e culturas, do passado e do presente, de forma a garantir-lhes um futuro.

Publicado
2010-01-01
Como Citar
Inácio, A. I., & Cavaco, C. (2010). Enoturismo em Portugal: forma de desenvolvimento regional e afirmação cultural local. Revista Turismo & Desenvolvimento, 2(13/14), 761-769. https://doi.org/10.34624/rtd.v2i13/14.12357
Secção
Desenvolvimento e Sustentabilidade