Shift de modalidade deôntica na interpretação simultânea

um estudo de caso

Palavras-chave: Modalidade deôntica, Shift na interpretação, Lógica modal

Resumo

Este artigo tem por objetivo fazer uma análise semântica dos verbos modais deônticos “ter de” e “ter que”, empregados numa interpretação simultânea na Assembleia Legislativa de Macau. Para isso, recorre-se às teorias de lógica modal de Kripke (2003), Kratzer (1977) e Portner (2009), que entendem as questões de necessidade e possibilidade através da semântica de mundos possíveis. Assim sendo, foi selecionada a interpretação simultânea cantonês-português, de uma reunião plenária em que se discutiram os assuntos sociais pelos deputados e o chefe do executivo. Após a construção do corpus, verificam-se as ocorrências de shift semântico dos verbos modais na interpretação, e observam-se o raciocínio da sua aplicação e as respetivas influências sociopolíticas. Os resultados demonstram que a maioria dos verbos mencionados é pertinente ao shift, indicando aumento da força modal. As mudanças semânticas são, consequentemente, refletidas nas notícias editadas pelos média portugueses locais.

Referências

Boginskaya, O. (2021). A Contrastive Study of Deontic Modality in Parallel Texts. ELOPE: English Language Overseas Perspectives and Enquiries, 18(2), 31-49.

Brennan, V. M. (1993). Root and epistemic modal auxiliary verbs. (Tese de doutoramento). Amherst, University of Massachusetts Amherst.

Brown, P., & Levinson, S. C. (1987). Politeness: Some universals in language usage. (2.ª ed.). Cambridge: Cambridge University Press.

Catford, J. (1965). A Linguistic Theory of Translation. (5.ª ed.). Oxford: Oxford University Press.

Danni, Y. (2020). A genre approach to the translation of political speeches based on a Chinese-Italian-English trilingual parallel corpus. Sage Open, 10(2), 1-15.

Ferreira, M. (2020). Modalidade com graus? Necessidade fraca e o verbo dever do português. Revista de Documentação de Estudos Em Lingüística Teórica e Aplicada, 36(1), 1-31.

Gu, C., & Wang, B. (2021). Interpreter-mediated discourse as a vital source of meaning potential in intercultural communication: the case of the interpreted premier-meets-the-press conferences in China. Language and Intercultural Communication, 21(3), 379-394.

Halliday, M. A. K., & Matthiessen, C. (2014). An introduction to functional grammar. (4.ª ed.). London: Routledge.

Hacquard, V. (2006). Aspects of modality. (Tese de doutoramento). Cambridge, Massachusetts Institute of Technology.

Hoje Macau. (2021). Vacinas | Negociações para reconhecimento mútuo com Cantão. Disponível em: https://hojemacau.com.mo/2021/04/14/vacinas-negociacoes-para-reconhecimento-mutuo-com-cantao/

Kripke, S. A. (1980). Naming and necessity. (1.ª ed.). Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press.

Kratzer, S. A. (2002). The Notional Category of Modality. In P. Portner & B. H. Partee (Eds.), Formal Semantics (pp. 289-323). Nova Jersey: Blackwell Publishing.

Kratzer, S. A. (1991). Modality. In A. Von Stechow & D. Wunderlich (Eds.), Semantics: An international handbook of contemporary research (pp. 639-650). Berlin: Walter De Gruyter.

Kratzer, S. A. (2012). Modals and Conditionals. (1.ª ed.). New York: Oxford University Press.

Lakoff, G. (1973). Hedges: A Study in Meaning Criteria and the Logic of Fuzzy Concepts. Journal of Philosophical Logic, 2(4), 458-508.

Lewis, D. (1986). On the Plurality of Worlds. (1.ª ed.). Oxford: Blackwell.

Li, X. (2018). The Reconstruction of Modality in Chinese-English Government Press Conference Interpreting: A Corpus-Based Study. (1.ª ed.). Singapore: Springer Singapore.

Liu (1999). iFLYTEK. Version 5.0.2735. [Software]. Disponível em: https://www.iflyrec.com/software

Palmer, F. R. (1990). Modality and English Modals. (2.ª ed.). London: Longman.

Pessotto, A. (2014). Epistemic and gradable modality in Brazilian Portuguese: a comparative analysis of poder, dever and ter que. ReVEL, Special Issue, 8, 8-20.

Pöchhacker, F. (2016). Introducing interpreting studies. (2.ª ed.). New York: Routledge.

Ponto Final. (2021). Governo está a discutir com Guangdong reconhecimento de vacinas. Disponível em: https://onedrive.live.com/view.aspx?resid=73B520F91DC8E7E!4741&ithint=file%2cdocx&authkey=!AN_IjQUuAQgCrx8

Portner, P. (2009). Modality. Oxford: Oxford University Press.

Sardinha, T. B. (2011). Metáforas e Linguística de Corpus: metodologia de análise aplicada a um gênero de negócios. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, 27, 01-20.

Sun, Y., & Perna, C. B. L. Hedging nos textos acadêmicos escritos por alunos chineses em chinês, inglês e português. Revista Letrônica. v. 8, n. 1, p. 117-136, 2015.

Teixeira, R., & Hernandes, M. C. L. (2014). Políticas linguísticas e língua portuguesa em Macau, China: à guisa de introdução. Signótica, 26, 61-76.

Teixeira, G. L., Gritti, L. L., & Koslinski, E. (2019). Algumas considerações semântico-pragmáticas sobre “capaz”. Cadernos de Estudos Lingüísticos, 61, 1-25.

Publicado
2025-05-27
Secção
Artigos