De Ricci a Maigrot: perspetivas sobre a querela dos ritos chineses e a sua dimensão extramissionária, 1603-1693
Resumo
As missões católicas na China foram palco, no século XVII, de uma querela que opôs, em particular, jesuítas e elementos das ordens mendicantes, especialmente dominicanos e franciscanos. Na sua origem, estiveram, sobretudo, homenagens prestadas a Confúcio e aos antepassados chineses, bem como uma questão semântica. Neste estudo, procurar-se-á examinar a denominada “Querela dos Ritos Chineses” no período compreendido entre a diretiva do inaciano Matteo Ricci, de 1603, segundo a qual se aceitava, até certo grau, essas cerimónias e o decreto de Charles Maigrot, vigário apostólico de Fujian, de 1693, que, entre outros aspetos, as proibia. Para tal, problematizar-se-ão os argumentos utilizados pelas partes querelantes e a sua respetiva sustentação e avaliar-se-á o alcance dos debates produzidos. Suportando-se o trabalho em documentação epistolar e tratadística, propor-se-á o alargamento da natureza da querela para lá do âmbito missionário, contribuindo, assim, para a melhor compreensão das complexas dinâmicas que marcaram a época.
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