Condicionantes externas e algumas características linguísticas do Português a caminho do Oriente

Palavras-chave: Português médio, Português clássico, Fatores linguísticos, Fatores extralinguísticos, Diáspora linguística

Resumo

Se tomarmos em consideração a língua por¬tuguesa que chegou ao Oriente, torna-se fundamental caracterizar, a nível interno e externo, dois períodos cronológicos fundamentais do português: o período médio e o português clássico (Bechara, 1991; Maia, 1995). Quanto ao chamado português médio, cronologicamente, este subperíodo situa-se do século XV até meados do século XVI, como se tem assumido até agora. A designação aqui utilizada, favorecida por Lindley Cintra, sugere precisamente que se trata de uma fase de transição entre as origens e um período tido por «clássico», designação, aliás, em relação à qual Vázquez Cuesta, por sua vez, prefere aplicar o termo de «português pré-clássico». No que respeita ao português clássico, este período vai de meados do século XVI (ou já, mesmo, de finais do século XV) até meados do século XVIII. Esta denominação é utilizada, sobretudo, por Lindley Cintra (1963) e Vázquez Cuesta (1986). Deste modo, o presente texto propõe-se a uma descrição linguística (bem como a uma consideração de fatores extralinguísticos) deste recorte cronológico (fundamentalmente dos séculos XV e XVI), com vista ao estabelecimento das principais características linguísticas que caracterizavam a língua portuguesa aquando da sua diáspora para o Oriente.

Referências

Bechara, E. (1991). As fases da língua portuguesa escrita. In Actes du XVIIIe congrès international de linguistique et de philologie romanes (vol. III, pp. 68-76). Tübingen: Max Niemeyer Verlag.

Brocardo, T. (1999). Sobre o português médio. In E. Gärtner, C. Hundt, & A. Schönberger (Eds.), Estudos de história da língua portuguesa (pp.107-125). Frankfurt am Main: TFM.

Cardeira, E. (2005). Entre o português antigo e o português clássico. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Cardoso, H. (2016). O português em contacto na Ásia e no Pacífico. In A. M. Martins & E. Carrilho (Eds.), Manual de linguística portuguesa (pp. 68-97). Berlin/Boston: De Gruyter Mouton.

Castro, I. (2006). Introdução à história do português. Lisboa: Colibri.

Castro, I. (1999). O português médio segundo Cintra (nuga bibliográfica). In I. H. Faria (Org.), Lindley Cintra. Homenagem ao homem, ao mestre e ao cidadão (pp. 367-370). Lisboa: Edições Cosmos e Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Contador de Argote, J. (1725). Regras da lingua portugueza, espelho da lingua latina, ou disposiçaõ para facilitar o ensino da lingua latina pelas regras da portugueza. Lisboa: Officina da Musica.

Leal Conselheiro (s.d.). In Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, Corpus Informatizado do Português Medieval. Disponível em https://cipm.fcsh.unl.pt/.

Leão, D. N. (1576). Orthographia da lingoa portvgvesa: Obra vtil, & necessaria, assi pera bem screuer a lingoa Hespanhol, como a Latina, & quaesquer outras, que da Latina teem origem, Item hum tractado dos pontos das clausulas, Pelo Licenciado Duarte Nunes do Lião. Lisboa: Per Ioão de Barreira impressor delRei N.S.: http://purl.pt/15.

Lindley Cintra, L. F. (1963). Les anciens textes portugais non littéraires. Classement et bibliographie. In Colloque sur les anciens textes non littéraires. Apport des anciens textes romans non littéraires à la connaissance de la langue du Moyen Age, 1961. Revue de Linguistique Romane, 27, pp. 59-70.

Maia, C. A. (1994). Tratado de Tordesilhas: algumas observações sobre o estado da língua portuguesa em finais do séc. XV. Biblos, 70, p. 33-91.

Maia, C. A. (1995). Sociolinguística histórica e periodização linguística. Algumas reflexões sobre a distinção entre “português arcaico” e “português moderno”. Diacrítica, 10, pp. 3-30.

Martins, A. M. (2016). O português numa perspetiva diacrónica e comparativa. In A. M. Martins & E. Carrilho (Eds.), Manual de linguística portuguesa (pp. 1-40). Berlin/Bos¬ton: De Gruyter Mouton.

Martins, A. M. (2002). Mudança sintáctica e história da língua portuguesa. In B. F. Head, J. Teixeira, A. S. Lemos, A. L. Barros, & A. Pereira (Orgs.), História da língua e história da gramática (pp. 251-297). Braga: Centro de Estudos Humanísticos, Universidade do Minho.

Mattos e Silva, R. V. (Org.) (1996). A Carta de Caminha: testemunho lingüístico de 1500. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia.

Menéndez Pidal, R. (1986). Orígenes del español. Estado lingüístico de la Península Ibérica hasta el siglo XI. Madrid: Espasa-Calpe.

Ribeiro, B. (2002). Menina e Moça. T. Amado (Ed.). Lisboa: Edições Duarte Reis.

Oliveira, F. (2012). Gramática da linguagem portuguesa. J. E. Franco, & J. P. Silvestre (Eds.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Orta, G. (1563). Colóquios dos simples e drogas he cousas medicinais da Índia e assi dalgũas frutas achadas nella onde se tratam algũas cousas tocantes a medicina, pratica, e outras cousas boas pera saber. Goa: João de Endem.

Osório. P. (2004). Contributos para uma caracterização sintáctico-semântica do português arcaico médio. Covilhã: Universidade da Beira Interior Editora.

Pereira, D., & Reto, L. (2020). O processo de internacionalização do português: história da sua expansão e situação atual. In L. Reto & R. Gutiérrez Rivilla (Coords.), La proyección internacional del español y el portugués: el potencial de la proximidad linguística (pp. 101-124). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Silva Dias, J. S. (1982). Os descobrimentos e a problemática cultural do século XVI. Lisboa: Edições Presença.

Silva, J., & Osório, P. (2008). Introdução à história da língua portuguesa. Dos factores externos à dinâmica do sistema linguístico. Chamusca: Edições Cosmos.

Teyssier, P. (1994). Portugiesisch: externe sprachgeschichte. LRL, (VI) 2, pp. 461-472.

Vázquez Cuesta, P. (1986). La lengua y la cultura portuguesas en el siglo del Quijote / A língua e a cultura portuguesas no tempo dos Filipes. (M. M. Lemos, Trad.). Mem Martins: Publicações Europa-América.

Vázquez Cuesta, P., & Mendes da Luz, M. A. (1971). Gramática portuguesa. Tomo I. Madrid: Gredos.

Publicado
2021-10-15
Secção
Artigos