Da ferramenta ao intelecto algorítmico: sobreviver entre dilemas digitais
(From tool to algorithmic intellect: surviving between digital dilemmas)
Abstract
A operacionalização de Big Data e de algoritmos tem vindo a dominar o panorama digital atual (Boyd & Crawford, 2012; Cukier & Myer-Schonberger, 2013; Coté, Gerbaudo & Pybus, 2016). O modo, a velocidade, a variedade e a quantidade de dados operacionalizados por algoritmos têm interferido nos modos de pensar, sentir e agir do sujeito contemporâneo (Jenkins et al, 2014; Helbing, 2015; Kitchin, 2017). Os efeitos nem sempre são os mais positivos, apesar do aumento, factual, de informação e conhecimento gerados. Um dos lados mais negativos é, para Tristan Harris, ex-chefe de ética da Google, a clara ausência de um “design ético” no modo como operam as empresas que gerem plataformas digitais (Patino, 2019). A captura da atenção, a manipulação de interesses e opiniões e a modelação comportamental que tem sido encetada pelas empresas digitais têm em vista resultados fundamentalmente económicos, mas também políticos. Para Lanier (2018), esta dinâmica está a gerar um descontrolo global sem precedentes na comunicação, e com impactos imprevisíveis.
Este artigo visa refletir sobre o modo como os dois algoritmos em particular (PageRank e EdgeRank) ultrapassaram a função de ferramenta. Em nosso entender, rumaram em direção à função de intelecto contingente, tendendo para a reprodução de um mundo a partir de uma lógica numérica, quer dizer, partindo do princípio de que vence aquele que mais patrocina, que mais consegue engajar e que mais consegue crescer quantitativamente. Em suma, que mais consegue capturar a atenção dos sujeitos.
(The operationalization of Big Data and algorithms has dominated the current digital landscape (Boyd & Crawford, 2012;Cukier & Myer-Schonberger, 2013; Coté, Gerbaudo& Pybus, 2016). The mode, velocity, variety and amount of data operated by algorithms have interfered with the contemporary subject's in the ways of thinking, feeling and acting (Jenkins et al, 2014; Helbing, 2015; Kitchin, 2017). The effects are not always the most positive, despite the factual increase in information and knowledge generated. One of the most negative sides is, for Tristan Harris, former head of ethics at Google, the clear absence of an “ethical design” inthe way that companies that manage digital platforms operate (Patino, 2019). The capture of attention, the manipulation of interests and opinions and the behavioral modeling that has been initiated by digital companies aim at fundamentally economic, but also political, results. For Lanier (2018), this dynamic is generating an unprecedented global lack of control in communication, and with unpredictable impacts. This article aims to reflect on howtwoalgorithms (PageRank and EdgeRank) overtook the tool function. In our opinion, they moved towards the function of contingent intellect, tending towards the reproduction of a world based on a numerical logic, that is, assuming that the one who wins the most sponsors, who can most engage and who can grow the most wins quantitatively. In short, it is more able to capture the attention of the subjects)
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