‘Playing in the Dark’ with Portuguese Statues in the United States of America: João Rodrigues Cabrilho, Peter Francisco, and Catarina de Bragança

  • Reinaldo Francisco Silva Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Estátuas luso-americanas nos Estados Unidos da América, João Rodrigues Cabrilho, Peter Francisco, Catarina de Bragança

Resumo

As imagens de portugueses na literatura norte-americana estão baseadas nas teorias de raça predominantes nos Estados Unidos da América. Outrora um país esclavagista, Eric Sundquist defendeu em To Wake the Nations que ainda hoje as «questões raciais continuam a ocupar um lugar de destaque» no dia-a-dia deste país. As questões raciais e o racismo, recorda-nos Toni Morrison na sua obra, Playing in the Dark, são assuntos que os críticos literários evitaram abordar porque, numa perspectiva histórica, o «silêncio e a evasão têm dominado o discurso literário». Tal como Morrison, nós também gostaríamos de «identificar esses momentos em que a literatura norte-americana foi cúmplice no fabrico do racismo». «O racismo», argumenta Morrison, «está tão saudável hoje como durante o Iluminismo». Hoje em dia, é usualmente aceite que os americanos têm sido obcecados pela cor da pele e que a tez mais escura dos povos do sul da Europa tem despertado ansiedade e uma sensação de desconforto nos americanos cuja origem provém dos povos da Europa do norte. Esta retórica também foi aplicada às três figuras históricas representadas pelas estátuas que evocam três figuras associadas à cultura norte-americana. A saber: duas que foram efectivamente erigidas em solo americano (João Rodrigues Cabrilho, em São Diego, na Califórnia, e a de Peter Francisco, em várias comunidades portuguesas nos Estados Unidos) e uma outra, que nunca chegou a ser inaugurada, a Catarina de Bragança.
Com o intuito de dignificar estas figuras históricas portuguesas, o erguer destas estátuas era visto como uma tentativa de contrariar as atitudes de condescendência para com os luso-americanos, ou por outros motivos, tais como o orgulho étnico, o racismo e o reconhecimento. Se a literatura norte-americana foi, efectivamente, moldada por esse discurso racial, o presente ensaio pretende demonstrar que esta retórica também foi aplicada à arte em geral, designadamente às estátuas em apreço daquelas figuras históricas.

Publicado
2012-01-01