A revolta estudantil de 1968 e a cultura de protesto da geração jovem no romance Sem Tecto entre Ruínas, de Augusto Abelaira
Resumo
A convulsão política, social e cultural na Europa Ocidental durante a segunda metade da década de 1960 ficou marcada pelos protestos juvenis contra o establishment, que atingiram o seu clímax emblemático em 1968, o ano-pivô da agitação (cf. Marwick, 1998, p. 585). Não obstante as medidas repressivas do Estado Novo, também em Portugal foram vários os sinais da subversão e dissidência juvenis.
O ano de 1968 apresenta-se como o tempo histórico de Sem Tecto, entre Ruínas, de Augusto Abelaira. Neste romance, repercutem-se as vivências individuais e colectivas de jovens e quarentões que experienciaram com expectativa o ano da queda de Salazar. A agitação política nacional e internacional de 1968, o confronto sociocultural entre a geração dos pais e a dos filhos, bem como a revolução sexual e de costumes protagonizada pela juventude de finais dos anos 60 são questões que a acção do romance convoca e que procurarei explorar através de uma «leitura cultural» no presente artigo. Por último, também o significado de «o que é ser jovem» naquele contexto histórico e sociocultural de (re)definição identitária será objecto de reflexão.