Fonética e articulação - implicações na interpretação
Resumo
Este artigo apresenta um modelo de interpretação centrado nas possibilidades articulatórias derivadas do sistema de classificação das consoantes quanto ao modo de articulação, em obras cujas melodias são extraídas de repertório vocal. A metodologia usada parte de conceitos da fonética. A partir da definição de consoantes oclusivas e constritivas são elaboradas representações distintas de micro articulação musical. Após uma análise e classificação das consoantes verificadas nos textos das fontes primárias, aplicámos a micro articulação correspondente às melodias das mesmas fontes, de forma a obter uma possibilidade interpretativa que infere na formação de grupos melódicos e pontos culminantes de cada frase. O sistema de classificação das consoantes quanto ao modo de articulação fornece-nos duas micro articulações. As consoantes oclusivas produzem uma micro articulação percussiva equivalente a um acento e as consoantes constritivas produzem uma micro articulação arrastada equivalente a um tenuto. Estes dois elementos articulatórios permitem desenvolver uma interpretação que tem em conta não só o ritmo notado, como também a micro articulação contida nos textos. Neste artigo usámos como obra laboratório as Cantigas de Santiago (2015), um conjunto de sete peças para guitarra solo cujas fontes primárias são temas extraídos do Codex Calixtinus, das Cantigas de Amigo de Martim Codax e das Cantigas de Santa Maria de Afonso X.
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