Fonética e articulação - implicações na interpretação

  • Rui Mourinho Universidade de Évora
Palavras-chave: consoantes constritivas/oclusivas, articulação, Cantigas de Santiago, guitarra, modelo de interpretação

Resumo

Este artigo apresenta um modelo de interpretação centrado nas possibilidades articulatórias derivadas do sistema de classificação das consoantes quanto ao modo de articulação, em obras cujas melodias são extraídas de repertório vocal. A metodologia usada parte de conceitos da fonética. A partir da definição de consoantes oclusivas e constritivas são elaboradas representações distintas de micro articulação musical. Após uma análise e classificação das consoantes verificadas nos textos das fontes primárias, aplicámos a micro articulação correspondente às melodias das mesmas fontes, de forma a obter uma possibilidade interpretativa que infere na formação de grupos melódicos e pontos culminantes de cada frase. O sistema de classificação das consoantes quanto ao modo de articulação fornece-nos duas micro articulações. As consoantes oclusivas produzem uma micro articulação percussiva equivalente a um acento e as consoantes constritivas produzem uma micro articulação arrastada equivalente a um tenuto. Estes dois elementos articulatórios permitem desenvolver uma interpretação que tem em conta não só o ritmo notado, como também a micro articulação contida nos textos. Neste artigo usámos como obra laboratório as Cantigas de Santiago (2015), um conjunto de sete peças para guitarra solo cujas fontes primárias são temas extraídos do Codex Calixtinus, das Cantigas de Amigo de Martim Codax e das Cantigas de Santa Maria de Afonso X.

Referências

Areán-Garcia, N. (setembro de 2009). "Breve histórico da Península Ibérica". Revista Philologus, 25-43.
Areán-Garcia, N. (jan./abr. de 2011). "A divisão do Galego-Português em Português e Galego, duas línguas com a mesma origem". Revista Philologus, 49, 15.
Bechara, E. (2009). Fonética e Fonologia. Em E. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa (pp. 42-55). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.
Cintra, C. C., & Lindley, L. F. (2001). Nova Gramática do Português Contemporaneo. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.
Goss, S. (2014). Stephen Goss composer. Retrieved January 23, 2017, from Stephen Goss composer: http://www.stephengoss.net
Goss, S. (2015). Cantigas de Santiago. (D. Russell, Ed.) Québec, Canada: Lés Éditions Doberman-Yppan.
Goss, S. (2015). Cantigas de Santiago (Collection DAVID RUSSELL Series ed.). Lévi, Quebéc, Canada: Les Édition Doberman-Yppan.
Lopes, G. V. (n.d. de n.d. de 2011). Cantigas Medievais Galego Portuguesas [Base de dados online]. Obtido em 14 de Dezembro de 2015, de Cantigas Medievais Galego Portuguesas: http://cantigas.fcsh.unl.pt
Lopes, G. V., Ferreira, M. P., & et.al. (2011). Cantigas Medievais Galego Portuguesas. Obtido em 21 de dezembro de 2015, de Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]: http://cantigas.fcsh.unl.pt
Massini-Cagliari, G. (2008). "Interface Fonologia-Poesia-Música: Uma análise do ritmo linguístico do Português Arcaico, a partir da no periodo trovadoresco". Estudos Liguísticos, 9-20.
Valente, T. S. (2014). A Língua Portuguesa No Canto Lírico - Um Estudo De Relações Entre Técnica Vocal E Fonética Articulatória. PhD Thesis, Universidade de Évora, Évora.
Publicado
2019-09-26