RELIGIÃO E CULTURA DA INTERNET

DEBATES EDUCOMUNICACIONAIS NA REVISTA ADVENTISTA

Palavras-chave: Comunicação, Internet, Educomunicação, Religião, Adventista do Sétimo Dia

Resumo

O presente artigo analisa a abordagem da Revista Adventista quanto ao uso da cultura da internet como meio de se comunicar dentro do adventismo brasileiro. A discussão se deu a partir de uma pesquisa histórico-documental, principalmente a partir da análise do conteúdo. A problemática foi, dentro disso, discutir como esse movimento entende, através de seus discursos, os perigos e benefícios desse uso da internet como um processo educomunicacional. A discussão trouxe como pano de fundo questões aspectos da globalização que trazem importantes questões: como a perda da comunidade em detrimento da individualidade provinda pelo uso e pela velocidade trazida com os novos meios comunicacionais e de transporte pode afetar a religiosidade contemporânea. Em geral, obtemos como resultado a percepção de que na Revista Adventista há uma discussão mais voltada para questões de como a internet é, por um lado, um instrumento criado por Deus para se conseguir ensinar a mensagem do movimento a mais pessoas em um menor tempo. Em outras palavras, ela seria uma criação mais do que humana, tendo na divindade sua inspiração. Entretanto, por outro lado, a análise do conteúdo produzido pelo movimento mostra também uma certa crítica a esse meio, isso está muito mais relacionado a questões de conteúdos que ali podem ser acessados e que são contrários à fé adventista do que a perigos e modificações mais amplos que esses meios podem trazer. Os resultados obtidos, assim, estão mais ligados a esse aparente paradoxo entre aceitação e crítica ao meio. Para explicar esse paradoxo foi notado que o movimento usa tais meios como ferramentas pedagógicas/de ensino, e isso que torna a cultura da internet mais aceito do que recusado. Mas, mesmo com essa ênfase, o movimento não se esquece das relações mais profundas que essa ação poderá gerar na sociedade e em seus membros. Ou seja, se pensa, em diversos momentos, como a própria adoção a um meio técnico traz tanto consequências positivas como negativas para todos os envolvidos.

Biografia do Autor

Rodrigo Follis, Unasp

Doutor em Ciências da Religião e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor nos cursos de Comunicação e Teologia do Unasp. Professor colaborador no Mestrado em Educação. Diretor da Unaspress. Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), 13.445-970, Engenheiro Coelho, SP, Brasil.

Referências

Appolinário, F. (2009). Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo, Atlas.

Babin, P. & Zukowski, A. (2001). Mídias: chance para o Evangelho. São Paulo: Loyola.

Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Bauer, M. (2015). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. São Paulo: Vozes.

Citelli, A. & Costa, M. (Org.) (2011). Educomunicação, construindo uma nova área de conhecimento. São Paulo: Paulinas.

Flick, U. (2008). Introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Penso.

Follis, R. (2017). Memória, mídia e transmissão religiosa: estudo de caso da Revista Adventista (1906-2010). Tese (Doutorado em Ciências da Religião). Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.

Follis, R., Novaes, A., & Dias, M. (Orgs.). (2015). Sociologia e adventismo: desafios brasileiros para a missão. Engenheiro Coelho: Unaspress.

Follis, R. (2015). Adventismo e idade mídia: novos paradigmas sociais. In: Follis, R., Novaes, A., & Dias, M. (Orgs.). Sociologia e adventismo: desafios brasileiros para a missão. Engenheiro Coelho: Unaspress.

FOLLIS, R. (2019) Memória, mídia e religião: as identidades sociais na era da fragmentação. 1. ed. São Paulo: Fonte Editorial.

Franco, M. (1986). O que é análise de conteúdo. São Paulo: PUC.

Gill, R. (2002). Análise de discurso, In Bauer, M. W. e Gaskell, G. (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes.

Godoy, A. (1995). Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades, Revista de Administração de Empresas, 35(2), 57-63.

Hjarvard, S.; Linares, (2016) N. Olhando além do campo: o desenvolvimento da agenda de pesquisa da midiatização. In: MATRIZes, v. 10, n. 1, p. 91-106.

Jenkins, H. (2009). A Cultura da Convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph.

Levy, P. (199) Cibercultura. 1 ed. São Paulo: Editora 34.

Magalhães, E. (2009). Análise do discurso, In Duarte, J. & Barros, A. (Orgs.), Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Editora Atlas.

Martin-Barbero, J. (2014). A comunicação na educação: São Paulo: Contexto.

Orlandi, E. P. (1987). A linguagem e seu funcionamento: as formas de discurso. Campinas: Pontes.

Postman, N. (1994). Tecnopólio: a rendição da cultura à tecnologia. São Paulo: Nobel.

Rocha, D. & Deusdará, B. (2005). Análise de conteúdo e análise do discurso: aproximações e afastamentos na (re)construção de uma trajetória, Alea, 7(2), 305-322.

Strauss, A. & Corbin, J. (2008). Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. São Paulo: Artmed.

Wilson, V. (2003). Modos de ler o discurso religioso, Soletras, 3(5-6). Disponível em: <http://bit.ly/2nUpl03>. Acesso em: 25 jan. 2008.

Publicado
2022-08-09
Secção
Artigos