A investigação com recurso ao diário de bordo: que lugar para o pensamento crítico?

  • Carolina Lourenço Simões Universidade de Aveiro (doutoranda)
  • Pedro Valente
  • Ricardo Torres
  • Sara Tavares Santos
Palavras-chave: diário de bordo, pensamento crítico, processos cognitivos, metodologias de investigação.

Resumo

O presente artigo surge da premência da promoção do desenvolvimento do pensamento crítico na sociedade e, em concreto, na área da investigação, conforme vários documentos orientadores têm vindo a referir nos últimos anos. Uma das formas de potenciar este tipo de pensamento é através do recurso a diários de bordo, instrumentos utilizados no âmbito da metodologia de investigação. Por este motivo, procurámos responder à questão: Em que medida é que o pensamento crítico se encontra refletido em diários de bordo de natureza investigativa? Por conseguinte, delineámos os seguintes objetivos: (i) identificar diários de bordo de natureza investigativa; (ii) analisar os diários de bordo selecionados de acordo com os níveis cognitivos preconizados na taxonomia de Bloom et al. (1956); e (iii) discutir como o pensamento crítico está refletido nos diários de bordo. Neste estudo, de natureza qualitativa e assente no paradigma interpretativo, procedemos à análise de conteúdo de nove diários de bordo datados entre os anos 2020 e 2021. As categorias de análise foram desenvolvidas a partir dos níveis de pensamento dispostos na Taxonomia de Bloom et al. (1956), a saber: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Os resultados demonstram que os diários de bordo ilustram uma maior concentração do pensamento dos autores nos níveis de ordem inferior, nomeadamente no “conhecimento” e na “compreensão”. Neste sentido, fica patente a necessidade de sustentar o recurso aos diários de bordo em referenciais da especialidade que incitem ao desenvolvimento do pensamento crítico, mitigando possíveis incongruências entre as vertentes teórica e praxeológica.

Publicado
2022-02-07
Secção
Artigos