30 anos
Resumo
O sinal dos tempos é evidente e inevitável – a Espeleo Divulgação modernizou-se. Longe vão os tempos em que se descia às grutas com cordas de sisal, escadas de cabo de aço, capacetes com caixas de sabonete adaptadas para proteger as pilhas e fatos de macaco improvisados e cosidos pelas avós. Longe vão os tempos em que não havia estrada para Ereiras e todo o material subia de burro para a Serra de Sicó.
O Núcleo de Espeleologia da Universidade de Aveiro (NEUA) deu o salto tecnológico do século XXI. Hoje os espeleólogos da UA têm uma mailing list e divulgam as suas actividades pela World Wide Web. Trabalham as topografias com softwares específicos descarregados da Internet, topografam com lasers e interfaces para PDA, investigam possíveis passagens com câmaras de infravermelhos e ligação por USB, vestem fibras sintéticas transpiráveis, fatos estanques e usam LEDs de grande potência. Os equipamentos são testados individualmente de acordo com as normas europeias. Além disso, dispõem de sistemas de telecomunicações, cooperam e comunicam com outros grupos em tempo real, viajam em low cost, conhecem outros casos, outras realidades, outras culturas espeleológicas. No fundo, abriram horizontes, perspectivas e abordagens.
Nada se perdeu mas, sem dúvida, tudo se transformou. Ao longo destes 30 anos são incontáveis as actividades, sem falar nos rostos que foram integrando o NEUA.
Por cá passaram gentes de muitas terras, curiosos, heróis, artistas, desinteressados, arrastados, assíduos, durázios, ferrenhos, fanáticos... Cada um deles com a sua idiossincrasia, a sua visão do mundo e da Espeleologia. O NEUA é o seu reflexo em constante mutação, adaptação e evolução. A Espeleo Divulgação, cujo primeiro número foi publicado a 8 de Junho de 1982, tem sido a imagem e a memória do NEUA, produto das suas explorações e abertura à comunidade espeleológica. Este místico número 7, que temos em mãos, nasceu da sinergia do NEUA com o Departamento de Comunicação e Arte, através da disciplina Multimédia Editorial 1 do Mestrado de Estudos Editoriais do Departamento de Línguas e Culturas da UA, cujo know-how foi responsável pela inovação estética e pelo novo layout.
Da passagem do tempo ficaram memórias conjuntas e histórias para contar; momentos únicos que só as actividades de risco, em grupo, podem proporcionar. O convívio junta-nos nas profundezas. Continuamos sequiosos de aventura, mas acima de tudo, continuamos a sonhar! E é certo e sabido que «o sonho comanda a vida».
O maravilhoso mundo subterrâneo tem estas peculiaridades: une as pessoas em torno de um objectivo, ao obrigá-las a depender umas das outras; dá lições de humildade; faz perceber o real tamanho do ser humano, perdido na escuridão ou pendurado sozinho a muitos metros do chão. Talvez seja isto parte da magia e do encanto da nossa Espeleo.
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