Ressuspensão de poeiras rodoviárias: emissões, composição química e toxicidade

  • Célia Anjos Alves CESAM, DAO, Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Poeiras de ressuspensão rodoviária, PM10, Fatores de emissão, Constituintes orgânicos e inorgânicos, Ecotoxicidade

Resumo

A ressuspensão de poeiras depositadas nas rodovias contribui significativamente para os níveis de matéria particulada inalável (PM10) na atmosfera. As emissões e a composição química destas poeiras apresentam uma enorme variabilidade geográfica, dependendo de vários fatores como a frota em circulação e a meteorologia. Dada a escassez de estudos, foram efetuadas pela primeira vez amostragens, utilizando uma câmara de ressuspensão in situ, em rodovias de várias cidades portuguesas. As amostras de PM10 foram sujeitas a caracterização química detalhada e a bioensaios da inibição da bioluminescência da bactéria Vibrio fischeri para avaliar a toxicidade.  Comparativamente com as superfícies asfaltadas, o pavimento calcetado a granito favorece a acumulação, e consequente ressuspensão, de cargas de poeiras muito mais elevadas. Verificou-se que o PM10 ressuspenso integra centenas de constituintes orgânicos distintos, incluindo compostos cancerígenos. Entre os elementos químicos mais abundantes constam o Si, Al, Fe, Ca e K, de natureza maioritariamente crustal. O cálculo de índices geoquímicos mostrou que as poeiras rodoviárias são extremamente contaminadas por elementos resultantes do desgaste de pneus e travões (e.g. Sb, Sn, Cu, Bi e Zn), os quais contribuem para riscos ecológicos muito elevados.

Publicado
2022-07-01
Secção
Artigos