Biorremediação ex situ de água proveniente da Lagoa da Ervedeira

Utilização da microalga Chlorella vulgaris imobilizada em alginato de cálcio.

Resumo

A eutrofização é um processo de degradação dos ecossistemas aquáticos, consequência do aumento de nutrientes na água, essencialmente fósforo e azoto, que transformam completamente a qualidade da água. Assim, é necessário recorrer a técnicas biorremediadoras. Um método eficaz é a ficorremediação, um processo que utiliza algas que assimilam os nutrientes. O presente trabalho estuda a possibilidade deste método se poder aplicar na Lagoa da Ervedeira, Leiria, célebre pelo seu estado eutrófico nos meses de verão.

Para tal, foi utilizada a microalga Chlorella vulgaris imobilizada numa matriz de gel de alginato de cálcio. Foram recolhidas amostras de água da Lagoa, que, no momento da colheita (25/04/2021), não apresentavam elevada concentração de nutrientes. Procedeu-se ao seu enriquecimento com meio de cultivo, BBM2N (Bold Basal Medium double nitrated), simulando-se, desta forma, um estado eutrófico.

O ensaio experimental decorreu ao longo de 12 dias, em que se monitorizou a concentração de nitratos, nitritos, fosfatos, pH e temperatura. A concentração celular da biomassa de C. vulgaris foi, também, avaliada no ínicio e final do ensaio, de modo a monitorizar o crescimento da microalga.

Na remoção de nitratos, no conjunto A, atingiu-se 66,67%. Verificou-se uma remoção de 100% de nitritos na água da Lagoa. Nos fosfatos, a remoção chegou aos 77,67%. No conjunto A, a densidade da microalga aumentou 4,6 vezes. Nos tratamentos B, a percentagem total de remoção de fosfatos foi 96,00% e 0% de nitratos e nitritos. No tratamento B ocorreu um aumento de 1,3 vezes.

Concluiu-se que a remoção de nutrientes, por parte de C. vulgaris imobilizada, foi eficaz em água proveniente da Lagoa da Ervedeira, o que sugere que esta microalga tem todas as condições para poder ser aplicada de modo a reduzir o nível de eutrofização da mesma Lagoa.