Efeito do hipoclorito de sódio em diferentes níveis tróficos do ambiente aquático

  • Rita C. Bicho Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
  • Jessica C. L. Ladewig Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
  • Fernanda L. Pitanga Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
  • Sakchai McDonough Aquaculture and Aquatic Resource Management, Asian Institute of Technology
  • Rhaul Oliveira Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
  • Amadeu M. V. M. Soares Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
  • António J. A. Nogueira Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
  • Inês Domingues Departamento de Biologia e CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Pseudokirchneriella subcapitata, Thamnocephalus platyurus, Danio rerio, Algas, Microcrustáceos, Ecotoxicologia

Resumo

O hipoclorito de sódio (HS) é um composto químico usado em larga escala, frequentemente como desinfectante (e.g. lixívia) ou como um agente de branqueamento. Este composto é utilizado em hospitais, diversas indústrias (química, farmacêutica, de papel, e de tratamento de resíduos, entre outras) bem como em produtos para o lar. Os desinfectantes à base de cloro, quando presentes em águas residuais, reagem com a matéria orgânica, formando compostos organoclorados. Estes compostos são persistentes no ecossistema e são tóxicos para os organismos aquáticos. No presente estudo foi avaliada a toxicidade do HS em organismos pertencentes a diferentes níveis tróficos. A toxicidade do HS foi estimada através da avaliação da inibição do crescimento da alga P. subcapitata e da mortalidade no microcrustáceo T. platyurus e no peixe-zebra D. rerio. A espécie mais sensível foi T.platyurus com um CEO  de 0,5 mg L-1, seguida por P. subcapitata (CEO de 1 mg L-1) e D. rerio (CEO de 5,5 mg L-1), confirmando a maior sensibilidade dos organismos zooplanctónicos. T. platyurus ocupa uma posição central na cadeia trófica aquática enquanto consumidor primário, pelo que os efeitos observados levantam alguma preocupação quanto ao potencial do HS para provocar desequilíbrios ao nível do ecossistema: quando ocorre um efeito negativo num determinado nível trófico (p. ex. morte de organismos representativos desse nível trófico), o nível trófico superior será afectado devido à escassez de alimento; o nível trófico inferior será também afectado dado que deixa de ser controlado de forma eficiente (redução da herbivoria/predação). Os efluentes contendo produtos químicos, usados em processos de desinfecção e branqueamento, que contenham o HS na sua composição devem ser alvo de uma monitorização contínua para que não haja descarga de HS em concentrações que causem efeitos adversos nos organismos aquáticos.

Publicado
2011-01-01
Secção
Artigos