Capítulo especial: percursos interdisciplinares: Programa de Doutoramento em Ciências, Universidade de Coimbra

  • Ruth Pereira Departamento de Biologia e CESAM, Universidade de Aveiro
  • Rui Ribeiro Departamento de Ciências da Vida, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
  • Cristina Canhoto Departamento de Ciências da Vida, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
  • Vitor H. Paiva IMAR-CMA, Departamento de Ciências da Vida, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
  • Isabel Lopes Departamento de Biologia e CESAM, Universidade de Aveiro
  • Carlos Antunes Instituto de Geofísica da Universidade de Coimbra
  • Alexandra Gonçalves Instituto de Geofísica da Universidade de Coimbra
Palavras-chave: Aquecimento global, Cursos de água, Azoto, Cadeia trófica, Carbono, Dispositivos GPS, Habitats remotos, Isótopos estáveis, Contaminação, Ecotoxicologia, Nanoecotoxicologia, Nanomateriais, Rochas metamórficas, Atividade prática de campo, Modelo de Orion

Resumo

A complexidade dos novos problemas com que a sociedade humana se confronta, resultantes do seu crescimento e rápida evolução científica e tecnológica, sobretudo registada nas últimas décadas, exige soluções inovadoras que necessariamente terão que ser geradas pela integração de conhecimentos de diferentes disciplinas. Neste contexto surgiu e sofreu um incremento significativo a investigação interdisciplinar, recentemente redefinida por van Rijnsoever e Hessels (2011) como “a colaboração entre cientistas de diferentes disciplinas com o objectivo de produzir conhecimento novo”. Associado ao termo interdisciplinaridade ocorrem ainda os termos multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, sendo a primeira focada no somatório da acção de especialistas de diferentes disciplinas, que com as suas teorias, competências, ideias e dados, trabalham em simultâneo e de forma isolada na resolução de um mesmo problema (Hammer e Söderqvist, 2001; Dillon, 2006), enquanto a transdisciplinaridade atravessa as fronteiras da ciência e representa a coordenação entre a ciência, a educação, a economia e as políticas, com um propósito social específico (Pohl, 2008). O elevado ênfase dado à investigação interdisciplinar e à formação de equipas interdisciplinares coloca um grande desafio ao sistema educativo assente sobretudo em currículos específicos (Dillon, 2006) e muitas vezes estanques, para cada uma das disciplinas que integram os diferentes níveis de ensino. Os formadores terão que ser capazes não apenas de comunicar e organizar conhecimento específico de cada disciplina, com base nos conhecimentos prévios e experiências dos seus estudantes, assim como de os conduzir a percursos que exijam a integração dos conhecimentos emanados das diferentes disciplinas, e a sua aplicação criativa na resolução de problemas sociais complexos.

Um passo crucial para que este objectivo possa ser alcançado consiste em confrontar os alunos da formação pós-graduada (dos cursos de formação de professores) com percursos interdisciplinares diversos, conduzindo-os posteriormente a construírem percursos exemplificativos. Este exercício foi realizado na Universidade de Coimbra, com alunos da disciplina de Análise de Desenvolvimento Curricular, do Programa de Doutoramento em Ensino das Ciências, ao qual se dedicou este número especial da Revista CAPTAR. Para o efeito foram convidados investigadores/professores da Universidade de Coimbra e da Universidade de Aveiro, envolvidos em projectos/áreas de investigação com uma forte componente interdisciplinar e relacionados com temas como por exemplo a nanoecotoxicologia, o impacto de alterações climáticas em pequenos ribeiros de água doce, ou a análise de isótopos estáveis em estudos de ecologia. Após as apresentações os estudantes foram convidados a serem criativos e a conceberem e publicarem os seus percursos interdisciplinares na Revista CAPTAR. Deste modo foi dada a oportunidade aos estudantes de se iniciarem na comunicação em ciência e na revisão por pares que a caracteriza. Com este exercício demonstrou-se que é possível dar pequenos contributos para promover a interdisciplinaridade ao nível do ensino graduado de uma forma relativamente simples, apesar do currículo disciplinar das formações. Uma palavra especial de agradecimento aos investigadores/professores que, para além da sua apresentação aos estudantes, prepararam o respectivo resumo que se partilha neste número da CAPTAR, antes das contribuições elaboradas pelos estudantes.

Publicado
2011-01-01
Secção
Artigos