A história de um biomarcador de sucesso: o imposexo em gastrópodes como ferramenta de estudo no ensino experimental das ciências

  • Ana R. Barros Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro
  • Rúben T. S. Mendes Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro
  • Gabriela C. Santos Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro
  • Ana C. A. Sousa Departamento de Biologia & CESAM, Universidade de Aveiro, CICS-UBI - Centro de Investigação em Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior, Unidade de Saúde e Ambiente, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior
Palavras-chave: Biomarcador, Disrupção endócrina, Tributilestanho (TBT), Imposexo, Nassarius reticulatus, Tintas antivegetativas

Resumo

O imposexo consiste no desenvolvimento de caracteres sexuais masculinos em fêmeas de gastrópodes, como consequência da exposição a tributilestanho (TBT), um biocida utilizado em tintas antivegetativas, usadas na prevenção da bioincrustação. O imposexo é, por isso, utilizado como biomarcador da poluição por TBT e considerado o melhor exemplo de disrupção endócrina. Pretende-se, com este trabalho, descrever a metodologia para a execução e avaliação dos níveis de imposexo, usando como base fotografias e vídeos, com o objetivo de clarificar as várias etapas do processo para que este seja realizado em qualquer escola. Como caso de estudo, foi utilizado o gastrópode Nassarius reticulatus e foram escolhidas duas áreas em que a contaminação por TBT é distinta e conhecida: Aveiro e Viana do Castelo. Após aplicação da metodologia, foram estudados os seguintes índices: comprimento médio do pénis das fêmeas (FPLI), comprimento médio do pénis dos machos (MPLI), comprimento relativo do pénis das fêmeas (RPLI), índice da sequência do vaso deferente (VDSI), e incidência de fêmeas afetadas (I%). Os resultados obtidos demonstram que os níveis de imposexo em Aveiro são inferiores aos registados em Viana do Castelo com incidências de 37% e 100%, respetivamente. Apesar dos níveis reduzidos registados em Aveiro (VDSI=0,4), esta estação ainda não cumpre o requisito de qualidade ecológica proposto pela OSPAR (VDSI<0,3). Assim, a monitorização futura destes locais torna-se importante para registrar a progressão deste fenómeno.

Publicado
2014-01-01
Secção
Artigos