Efeitos dos fogos florestais nos sistemas aquáticos
Vera Silva
Departamento de Biologia & CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro, Departamento de Ambiente e Ordenamento & CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
Joana Luísa Pereira
Departamento de Biologia & CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
Fernando Gonçalves
Departamento de Biologia & CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
Ian Jacob Keizer
Departamento de Ambiente e Ordenamento & CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
Nelson Abrantes
Departamento de Ambiente e Ordenamento & CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), Universidade de Aveiro
Os incêndios florestais constituem um fenómeno cada vez mais frequente nos países mediterrânicos. Portugal não é exceção, tendo-se observado nas últimas décadas um aumento do número de ocorrências e área ardida. As severas consequências sociais, económicas e ecológicas dos incêndios florestais são amplamente reconhecidas, mas alguns dos seus impactos, nomeadamente os impactos após fogo na qualidade da água, não têm merecido o relevo científico adequado. Neste trabalho pretende avaliar-se os efeitos nefastos de escorrências superficiais provenientes de áreas ardidas, ricas em metais e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nos ecossistemas aquáticos. Para tal sugere-se a preparação de extratos aquosos de cinzas (em alternativa às escorrências naturais), uma matriz relativamente fácil de recolher em qualquer zona ardida, cuja toxicidade pode ser testada com diversos organismos-teste sinalizadores de efeitos adversos nos ecossistemas aquáticos. No caso particular do presente trabalho, utilizou-se um teste de inibição de crescimento da macrófita Lemna minor, uma espécie fotoautrotrófica comummente encontrada em massas de água doce superficiais em Portugal. Estudos anteriores revelam a sensibilidade desta espécie a escorrências de incêndios e alertam para repercussões das mesmas no normal funcionamento do ecossistema aquático.