Comunicação química em sistemas predador-presa alterados: um contributo para a controvérsia

  • Bruno Branco Castro CESAM e Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro
  • Susana Consciência CESAM e Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro
  • Fernando Gonçalves CESAM e Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Comunicação química, Interacção predador-presa, Resposta adaptativa, Peixes, Daphnia, Espécies alienígenas

Resumo

O efeito de infoquímicos produzidos por duas espécies de peixes (gambúzia e perca-sol) foi avaliado em ensaios de reprodução com uma das suas presas preferenciais (omicrocrustáceo Daphnia, ou pulga-de-água). Em comparação com um controlo sem infoquímicos, Daphnia longispina respondeu de forma similar aos sinais de ambos os predadores, produzindo ninhadas mais numerosas e mais cedo, bem como reduzindo o tamanho corporal das primíparas e dos neonatos. Este decréscimo de tamanho corporal foi proporcional ao aumento na densidade de peixe (medida indirecta da concentração dos infoquímicos). A redução do tamanho corporal (quer nas primíparas, quer nosneonatos) constitui uma resposta adaptativa à predação selectiva exercida pelos peixes (preferem os exemplares de maiores dimensões). Por outro lado, o incremento dafecundidade representa um mecanismo compensatório para fazer face à mortalidade causada por predadores. Dado que ambas as espécies de peixe foram introduzidas apenas durante o século XX na fauna Europeia, era expectável que Daphnia não respondesse aos sinais químicos destes predadores, ao contrário do que sucedeu. Isto suporta a teoria de um infoquímico inespecífico, independente da espécie de predador. Mais, todas as evidências apontam para que a natureza do infoquímico esteja relacionada com a ingestão prévia da presa.

Publicado
2009-01-01
Secção
Artigos