Influência da utilização de uma cobertura orgânica no restabelecimento a médio-longo prazo das comunidades de invertebrados do solo em áreas ardidas de eucalipto

  • João Ricardo Lavoura Puga Universidade de Aveiro
  • Maria João Saraiva de Oliveira Universidade de Aveiro
  • Ana Catarina Bastos Universidade de Aveiro
  • Fernando Gonçalves Universidade de Aveiro
  • Jan Jacob Keizer Universidade de Aveiro
  • Nelson José Cabaços Abrantes Universidade de Aveiro
Palavras-chave: cobertura com material orgânico, incêndios florestais, eucaliptal, invertebrados do solo

Resumo

Ao longo das últimas décadas Portugal tem sido um dos países com maior incidência de fogos florestais na Europa. Um número crescente de estudos tem vindo a ser desenvolvido no sentido de encontrar estratégias de recuperação e gestão de áreas ardidas. A aplicação de coberturas orgânicas sobre a superfície do solo pós-incêndio é atualmente utilizada eficazmente como forma de proteger o solo da erosão. Porém, pouco se sabe acerca dos efeitos deste tipo de tratamento nas comunidades de invertebrados do solo. Deste modo, o presente estudo pretendeu compreender a resposta da comunidade de invertebrados do solo 5 anos após a aplicação de uma cobertura formada por casca e madeira de eucalipto, numa área previamente ardida de eucalipto. Os resultados obtidos revelaram uma comunidade de invertebrados de solo estruturalmente idêntica em áreas com e sem aplicação de cobertura com material orgânico, sendo a comunidade dominada por grupos de animais que se alimentam de matéria orgânica e por um grande número de espécies edáficas predadoras. A análise da função ecológica de cada grupo de invertebrados do solo sugere que a elevada disponibilidade de matéria orgânica possa ter sido um fator determinante na estrutura da própria comunidade, especialmente no período inicial após a aplicação da cobertura no solo. Muito embora os resultados revelem uma comunidade relativamente homogénea entre áreas tratadas e não tratadas 5 anos após a aplicação da cobertura, não se pode descartar o seu papel na comunidade edáfica no curto-médio prazo após o incêndio.

Publicado
2019-03-15
Secção
Artigos