O corpo como tela

  • Helena Figueiredo Pina Escola Superior de Comunicação Social

Resumo

Enquanto técnica, e meio (medium) a fotografia presta-se a utilizações muito diversas, em campos como o da Arte ou da Comunicação e particularmente na Publicidade enquanto comunicação comercial. Tanto num caso como noutro, a fotografia é particularmente expressiva, bebe da cultura do seu tempo e simultaneamente enforma essa mesma cultura emprestando-lhe uma materialidade fortemente impressiva e particularmente significante. O Corpo enquanto matéria, transformado em tela sobre a qual se inscrevem mensagens gritantes, é muito mais que um cenário que se constrói para enquadrar mensagens ou facilitar a comunicação com o receptor. O Corpo passa a ser a própria mensagem. É a imagem física de uma identidade que se busca hoje com sofreguidão para que possamos perceber quem somos. As remodelações desse espelho de identidades são constantes, são projectos sempre inacabados, sempre imperfeitos, com as possibilidades sempre em aberto e onde a essência do Ser não é tida como estática e absoluta. Cada vez mais, de forma mais flagrante, essa necessidade de Ser do indivíduo moderno se entrelaça com a necessidade de possuir bens de consumo que significam algo acerca da sua essência. Estes, são bens particularmente significantes, escolhidos com criteriosa atenção para compor o quadro que a tela do corpo socialmente mostra. Culturalmente, cada vez se esbatem mais as fronteiras entre Ser e Ter. O Corpo eleito como suporte privilegiado das mensagens que se pretendem construir é palco tanto das propostas artísticas, como das imagens que invadem os media e que apresentam elas próprias propostas de identidade. São deco-identidades onde os bens de consumo funcionam como adereços e o corpo é tido como espaço transformável e estilizado.

Publicado
2005-01-01