Identidade linguística: regionalização ou padronização?

  • Debora Cristina Lopez Centro Universitário FIB
  • Ivo José Dittrich Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Resumo

A produção televisiva trabalha, em seu cotidiano, com características e elementos de identificação regionais. No telejornalismo, entretanto, em muitos momentos nos deparamos com produções padronizadas, que não utilizam, em sua construção argumentativa, elementos linguísticos que visem à criação de uma identidade junto ao público. Este processo de construção da identidade linguística se dá através do regionalismo (RAJAGOPALAN, 1998; MEY, 1998). No telejornalismo, as produções das emissoras e retransmissoras locais trabalham fundamentalmente com as características regionais e com a identificação com os interlocutores (PATERNOSTRO, 1998). A identidade lingüística, com a disseminação de informações principalmente através da mídia eletrônica, fez com que muitos visualizassem, quem sabe pela primeira vez, as distinções encontradas entre a fala de habitantes da mesma nação. Passou a ser
possível visualizar grupos linguísticos distintos e bem definidos em diferentes pontos do país (MEY, 1998). Os sotaques no Brasil são quase dialetos. Em muitos momentos, impedem ou prejudicam a compreensão da informação repassada. Neste artigo estudamos a identidade linguística em Cascavel, no oeste do Paraná. O corpus da pesquisa constitui-se do texto dos apresentadores dos telejornais Jornal da Tarobá – 1ª edição e o Jornal da Band, ambos do dia 16 de outubro de 2003. Ambos são transmitidos pelo mesmo canal em Cascavel, a Bandeirantes (sendo no primeiro caso uma produção local da TV Tarobá, afiliada, e no segundo uma produção nacional, da TV Bandeirantes de São Paulo, somente retransmitido no oeste paranaense). As análises são realizadas na perspectiva da contraposição de posturas, entonações e declarações dos apresentadores e repórteres para, desta maneira, identificar a presença das especificidades linguísticas ou da homogeneização das produções. Os elementos centrais para análise serão os apresentadores, sendo remetido aos repórteres como avaliação complementar. Sustentamo-nos teoricamente aqui na perspectiva linguística de identidade através, essencialmente, de Mey e Rajagopalan para a realização desta análise, que baseia-se na identificação de algumas estratégias discursivas, como o apagamento do sotaque e homogeneização discursiva. Como estratégia de análise serão cruzados os conceitos já apresentados com as discussões sobre memória propostas por Bosi (1994).

Publicado
2005-01-01