O hábito da Imagem: representação e tecnologia na Arte

  • Paulo Bernardino Universidade de Aveiro

Resumo

De acordo com o cenário prevalecente, estamos a atravessar, mais uma vez, uma "revolução", ou dito de outra forma, uma metamorfose (pois todas as sociedades tem as suas) que nos está a tornar, principalmente, numa sociedade que tem uma pele tecnológica que é culturalmente composta por imagens. Grandes expectativas têm vindo a ser frequentes: que a cultura formada pelas novas tecnologias/imagens pode aumentar o nosso conhecimento e consciência do mundo;
que podem alargar a nossa amplitude de fantasias assim como de experiências, sobretudo e logo que incidam sobre comportamentos corporais, físicos; que estão a criar formas novas de sociabilidade e a anexar novos tipos de comunidade; que nos aumentará a segurança e a protecção dos perigos do mundo (paradoxalmente, o inverso deste tipo de expectativas também é verdadeira). De facto, a tecnologia está sempre a ter a imagem como alvo, e isto é um sinal do quanto depositamos na tecnologia uma vontade concreta de perceber a verdade das coisas pelas suas simulações. Perante qualquer tipo de imagens a primeira coisa que fazemos é racionalizar a própria imagem (sobretudo após a crise instituída pela imagem digital – crise essa que assenta na ausência do referente). Ou seja, tentamos perceber de que se trata, como foi feita, por quem, quando, etc., onde o interesse demonstrado está, numa primeira aproximação, ligado à referência do mundo real – necessidades de situar a imagem, e assim de nos ligarmos à coisa. Uma vez que o “velho” e o “novo” se cruzam, em termos dos aspectos extrínsecos das imagens, assim como naquilo que representam, não devemos olhar a imagem/arte digital como sendo o coelho que sai da cartola de uma mágico, mas sim como um processo mais de evolução do que de progresso (sendo que a evolução é uma continuidade e o progresso um melhoramento).

Publicado
2005-01-01