O figurino na construção das Personagens e do Drama da Ficção Cinematográfica

  • Alexandra Cabral CIAUD - Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design - Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa
  • Carlos Manuel Figueiredo CIAUD - Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design - Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa
Palavras-chave: Figurino, Moda, Design de produção, Quotidiano, Performance, Narrativa

Resumo

Nos filmes Vertigo (Alfred Hitchcock, 1958), La Strada (Federico Fellini, 1954) e The Philadelphia Story (George Cukor, 1940), tanto a qualidade dos figurinos como a escolha criteriosa dos mesmos para cada cena vai de encontro à própria realização no seu todo, sendo que os mesmos assumem posições particulares na composição, narrativa e significados das personagens – tornado claro que sem eles as histórias do quotidiano não seriam contadas na sua plenitude. A performance do actor, impulsionada por uma postura e atitude inerentes à personagem que interpreta, é reforçada na sua interiorização e ao nível da projecção do seu papel, por ser emoldurada por uma dialéctica em que o figurino - no seu sentido lato, incluindo maquilhagem e acessórios - assume umas vezes plano de relevo como elemento narrativo e outras apenas compõe a mise-en-scéne. É uma leitura de conjunto, aquela do espectador, fruto de um minucioso design de produção que possibilita a recriação de envolvências e espaços íntimos, sociais e não lugares, facilitando a apropriação e vivência desses espaços pelos personagens e logo pelo espectador. Considerando que a imagem da personalidade projectada é interpretada segundo um determinado sistema perceptual com referências ao imaginário colectivo, as emoções despoletadas convergem, simultaneamente, com a ilusão de realismo pretendida no guião e pelo próprio realizador, e tal só é possível pela recriação de certa visualidade cénica, iluminação e uso de determinados adereços, para além da escolha dos figurinos.

Publicado
2013-01-01