Da Insula à insularidade: os espaços da «açorianidade»
Resumo
Partindo do nemesiano conceito de «açorianidade», sinónimo de mundividência, bem como da representação da insularidade, passível de caracterização a nível real ou geográfico e interior ou mítico, quedar-nos-emos na exegese comparatista entre Contrabando Original, romance de José Martins Garcia, e a «novela em espiral» Passageiro em Trânsito, da autoria de Cristóvão de Aguiar.
Se o primeiro surge como um Bildungsroman em sentido contrário, fustigado pela sátira veiculando a paródia, o sarcasmo e a ironia, firma-se a segunda como narrativa metaficcional, repassada de humor a desaguar no cómico, pela via da adjunção, substituição, permutação e supressão. Urge, numa perspetiva temática, enfatizar o anelo de evasão de uma Ilha, primeva e concêntrica, rumo a um excêntrico Novo Mundo, sem olvidar o estatuto proteiforme da viagem. Será possível, no entanto, abandonar a Insula sem por ela ser vitimado?