Individuação, performance e improvisação no jazz: proposta exploratória
Resumo
A prática da improvisação demanda respostas em tempo “real” a inúmeros acontecimentos que emergem da intensidade dos processos generativos em jogo. Durante a improvisação, a escuta é técnica fulcral para a elaboração da reação do músico e se configura no próprio ato performativo. As habilidades de emitir e modelar-se por meio das respostas instantâneas são características identificadoras do performer, e exigem ativação permanente de um modo de atenção sensível, e da subjetivação. Para o filósofo francês Gilbert Simondon, no sistema indivíduo-mediação-mundo, ocorrem simultaneamente os processos de individuação singular e coletiva, esta última denominada transindividuação. Proponho que a escuta também é sistema em individuação. Seja como comportamento, técnica ou pensamento, ela é uma das características primordiais da subjetividade do artista. A partir deste enfoque, analiso uma entrevista com um músico profissional e apresento resultados que sinalizam a viabilidade deste marco teórico para o estudo sobre o sistema músico-mediação-mundo e a relação de mutualidade entre suas individuações.