A música como mediadora de saberes dentro e fora do ritual religioso

  • Patrícia Paula Lima INET-MD – Instituto de Etnomusicologia, centro de estudos em música e dança. Universidade de Aveiro / Portugal
Palavras-chave: União do Vegetal, Etnomusicologia, Fonograma, Mediação

Resumo

O ritual onde se utiliza o chá conhecido por Ayahuasca vem sendo ressignificado em contextos urbanos há mais de oito décadas, sobretudo após a sua expansão iniciada pelos movimentos religiosos. Experiência derivante dos povos da floresta amazônica, vem ultrapassando tanto fronteiras geográficas como culturais, sendo constantemente reinventada por mediadores culturais (Gruzinski 2004). A linha doutrinária conhecida por União do Vegetal - UDV, à qual direciono meu trabalho, vem ganhando terreno em alguns países europeus. Atualmente o ritual é vivenciado por mais de 17 mil pessoas espalhadas pelo globo e tem como característica, após a ingestão do chá, a utilização da música como uma das ferramentas mediadoras para a apreensão dos princípios doutrinários. Usualmente os mestres da UDV têm como característica a utilização de fonogramas de variadas categorias musicais, que adquirem uma dimensão simbólica e funcional no momento do ritual. Ao apresentar a comunidade estabelecida em Portugal - foco da minha pesquisa - trago elementos que abrangem, de uma forma mais geral, toda a comunidade da União do Vegetal. O enfoque parte da possibilidade de observar essa doutrina como um lugar de conhecimento sistematizado e formal, a qual apresenta uma ciência própria. Assim, a partir da proposta de Albuquerque (2011) que explora uma epistemologia dos saberes não acadêmicos, procuro perceber o protagonismo que a música assume como mediadora dos saberes doutrinários transmitidos no contexto da comunidade da UDV.

Publicado
2019-03-29