Práticas vocais de cantadeiras do Alto Minho: o que mudou?

  • André Araújo INET-MD – Instituto de Etnomusicologia, centro de estudos em música e dança Instituto Politécnico do Porto / Portugal
Palavras-chave: canto folclórico, Alto Minho, práticas vocais, representatividade vocal, transformações temporais

Resumo

O folclore em Portugal representa uma atividade relevante no que toca às artes performativas de carácter tradicional. É reconhecido o esforço dos grupos folclóricos para manter a genuinidade das suas performances. No entanto, são evidentes as mudanças sociais e culturais ocorridas durante a evolução de folclore, resultando num progressivo distanciamento entre os agentes que representam o estilo e as tradições musicais e culturais que pretendem representar. Em todos os elementos performativos é possível encontrar marcas do tempo que (des)caracterizam o estilo folclórico. Quanto ao canto é também possível levantar questões. Canta-se hoje da mesma forma que se cantava no passado? Quais as características vocais representativas desta região? O que mudou? O presente estudo pretende descrever perceções sobre as práticas vocais das cantadeiras de folclore da região do Alto Minho. Através de entrevistas a elementos de grupos folclóricos de Viana do Castelo, verificou-se que as características típicas do cantar minhoto incluem: tessitura vocal aguda; registo de peito associado a “voz cheia”, com nível não-excessivo de esforço; timbre típico de “voz fina”; boa inteligibilidade; e sotaque da região. Os testemunhos apontam ainda para modificações acentuadas nas formas de aprendizagem e comportamentos sociais associados a esta prática vocal ao longo das últimas décadas.

Publicado
2019-03-22