Ressignificação dos lugares de memória negra invisibilizados no território turístico

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Sênia Regina Bastos

Resumo

Dotada de complexidade, a cidade apresenta diversidade cultural que se expressa em distintos comportamentos, sociabilidades, religiosidades e valores. As vivências urbanas compreendem desafios cotidianos ao nos depararmos com o Outro, que é portador de um segredo a ser desvendado: requer abertura para que se inicie a aproximação destinada à descoberta de significados desconhecidos e ocultos. O turismo oferece possibilidades correlatas, o que demanda abertura para novas experiências, histórias e vivências culturais nos lugares visitados. A inclusão da pauta antirracista coloca desafios para a ressignificação de narrativas dos territórios turísticos, ou seja, da abertura a esse Outro até então invisibilizado nos destinos turísticos tradicionais. A proposta tem como objetivo discutir a importância do turismo na ressignificação dos lugares de memória afropaulistanos em um bairro representado por narrativa oriental. Para tanto, o estudo apoia-se apoia-se na pesquisa documental, observação participante e realização de entrevistas, cujos dados foram submetidos à análise de conteúdo de tipo categorial temática. Iniciativas destinadas a ocultar os lugares associados à escravidão na área central da cidade de São Paulo remontam ao século XIX, ao que se acrescenta os sucessivos programas de revitalização que valorizaram a narrativa oriental, sobretudo japonesa, instituídos a partir da década de 1970, com o objetivo de recuperar o patrimônio histórico, ativar a economia e incentivar o turismo. A intensificação desse processo resultou na mobilização do movimento negro e na sua atuação efetiva com o propósito de ressignificar os lugares de memória afropaulistanos ali presentes. O turismo apresenta potencial para a ressignificação de atrativos históricos culturais, nesse sentido, ao se inscrever na pauta antirracista, é capaz de contribuir para a socialização de temas sensíveis com pouca visibilidade na sociedade anfitriã. Nesse sentido, a experiência de visitação viabiliza a valorização dos lugares de memória, a formação de vínculos com a ancestralidade e o estabelecimento de uma nova relação com o lugar, colaborando com a consolidação de identidades afirmativas.

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Resumo alargado