COVID-19, Saúde mental e integração de políticas públicas no planejamento do turismo

Resumo

Consideram-se sete premissas sobre as quais apontamos, aqui, algumas referências: 1) o Turismo é uma área de pesquisa, atividade e planejamento de natureza necessariamente multi, inter e transdisciplinar (CIRET, 1994; Pires, 1998; Max-Neef, 2005; Farias, Sonaglio e Ferreira, 2019; Rigolot, 2020; Neto (s/d); 2) apesar de ser um fenômeno social em que os aspectos econômicos são visíveis, ainda há carência de estudos que abordem, de modo simultâneo aspectos relacionados à repartição de seus benefícios; 3) o fenômeno requer e depende, obrigatoriamente, da comunicação e relação entre as pessoas; 4) no planejamento da atividade devem ser levadas em conta diversas políticas de caráter público e privado que, para ser efetivas, requerem ser integradas entre si;  5) a recente pandemia causada pelo SARS-CoV-2  modificou profundamente os modos de vida das pessoas, causando impactos severos na economia mundial e, consequentemente, no turismo, sobretudo em seus aspectos econômicos/sociais; 6) a COVID-19 deixou inúmeras sequelas, particularmente na saúde mental, o que tem levado autoridades da saúde e pesquisadores a se debruçarem sobre estudos e políticas que possam mitigar esses danos (OPAS, 2021; 2022; 2023a; 2023b); 7) o turismo, como uma atividade que tem como base a paz e o respeito à socio-bio-diversidade, pode ser um meio que facilite um olhar ampliado para a recuperação dos aspectos econômicos de diferentes setores, com o restabelecimento da saúde das pessoas (Buckley  e Cooper, 2020; Labib et al., 2022; Pitkänen, et al., 2023).

Discutir o turismo tendo como eixo central a saúde, é um desafio excepcional,  pois tudo acontece de forma simultânea – o que vemos ou estudamos num determinado momento são, de fato, recortes da realidade de um continuum de ações humanas. Nesse processo não há um encadeamento de fatos em sequência.

A discussão se fundamentou em evidências identificadas em trabalhos publicados sobre as sequelas ocasionadas pela COVID-19 na saúde mental, que deixou as relações entre as pessoas bastante fragilizadas e a comunicação muito sensível. Tal cenário motiva aproximar turismo e saúde por meio da identificação e integração de dispositivos existentes em diversas políticas públicas. Buscamos apoio nas seguintes políticas públicas brasileiras: Política Nacional de Saúde Mental; Política Nacional de Promoção de Saúde; Política Nacional de Humanização; Política Nacional de Educação Permanente; Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares; Plano Nacional de Turismo; e em Relatórios Institucionais sobre Turismo e sobre Mudanças Climáticas tanto nacionais como internacionais.