Ciência económica e formação de uma linguagem
Resumo
A dinâmica da evolução da ciência económica é acompanhada pelo desenvolvimento da contabilidade nacional como linguagem estruturada que, mais tarde, dará origem aos primeiros sistemas internacionais de contabilidade nacional. Utilizamos as metáforas da ciência económica para assinalar as mudanças de paradigma e, dessa forma, sinalizar o aparecimento da contabilidade nacional. De facto, a metáfora mecanicista – aquela que cria um “gap” entre ciência económica e contabilidade nacional – é seguida pela organicista, que abre o pensamento económico ao paradigma institucionalista, desenvolve a conceituação e a medida de agregados e ajuda a estruturar o pensamento Keynesiano; este, ao defender a interação entre teoria e medida, contribui para o progresso da ciência económica e para a formação consistente da contabilidade nacional como linguagem. Mais tarde, Stone, o Nobel de 84, ao considerar, tal como Keynes, que o pleno desenvolvimento da ciência económica depende de uma combinação eficaz entre factos e teorias, faz avançar a 2ª geração de sistemas internacionais de contabilidade nacional e lidera a sua consolidação como linguagem universal. Hoje, em plena crise económica e financeira, questiona-se, novamente, o mercado e a sua lei, como mecanismo auto regulador, destrói-se a imagem utilitária e mecanicista, que fecha o sistema sobre si mesmo, e constrói-se uma linguagem económica ao serviço da dinâmica da evolução. Nasce a quinta geração de sistemas internacionais de contabilidade nacional que se propõe responder às novas e crescentes necessidades de informação. Concluímos que, hoje, as características da contabilidade nacional – como modelo contabilístico e como linguagem económica para a análise e governação – lhe traçam o caminho de uma evolução, deixando para trás o processo de mudança de paradigmas da ciência económica. Assinalamos um novo e diferente “gap” explicado pelo processo de co-evolução da ciência económica e da linguagem das contas nacionais.