Eficiência das unidades hospitalares no âmbito dos novos modelos de gestão: aplicação da metodologia Data Envelopment Analysis
Resumo
Nas últimas décadas assistimos a profundas reformas nos setores públicos dos países desenvolvidos, no seguimento da implementação do modelo de gestão designado de Nova Gestão Pública, no Reino Unido. Estas reformas visam o aumento da competição, a orientação do serviço para o consumidor final e a racionalização na utilização dos recursos públicos.
Em Portugal, as reformas que têm ocorrido nos últimos anos na Administração Pública em geral, e o setor da saúde em particular, enquadram-se neste novo modelo. As propostas de mudança ao nível da gestão e organização das unidades de saúde portuguesas atingiram maior ênfase através do processo de empresarialização iniciado em finais de 2002.
Deste modo, as unidades hospitalares adotaram modelos de gestão privada, com a pretensão de redução de custos, aumento de eficiência, foco no desempenho e na satisfação do utente.
O presente estudo pretende analisar a eficiência de uma amostra de 16 unidades de saúde, no período de 2003 a 2011, com o objetivo de avaliar se as regras de gestão privada estão a surtir o efeito pretendido, ou seja, se a eficiência hospitalar apresenta evolução positiva ao longo do tempo.
Foi utilizada a técnica Data Envelopment Analysis, que constrói uma fronteira de eficiência através do cálculo de pesos ótimos entre inputs e outputs. As principais conclusões deste estudo apontam para um maior esforço na racionalização de recursos nos últimos dois anos de estudo (2010 e 2011), corroborando o facto de a redução de custos ser mais evidente neste período. O ano de 2004 é o que apresenta melhor resultado de eficiência média. Destaca-se também a existência de três unidades de saúde totalmente eficientes em todo o período analisado: hospital de Santa Maria Maior, centro hospitalar Tâmega e Sousa e IPO de Coimbra.