A dimensão social e simbólica da rua

  • Fernando Brandão Alves CITTA, Centro de Investigação do território, transportes e ambiente FEUP, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Palavras-chave: Etimologia da Palavra Rua, Qualidades da Rua, Padrão Social da Rua, Noção de Lugar, Simbologia Urbana

Resumo

Há mais de um século que a rua tem sido palco de experimentações sucessivas, dirigidas não só à sua própria estrutura física como às relações que estabelece com os edifícios e os espaços envolventes. A grande viragem para um novo modelo de rua ocorre no séc. XX com os postulados modernos - CIAM -, que, de uma ou outra forma, privaram a rua da sua função tradicional e cívica, imputando-lhe sobrecargas protagonizadas pela motorização que acabaram por conduzi-la à ruptura social.

Mas, foi na rua (e na praça) que se institucionalizou o movimento e a vida dos cidadãos. Neste artigo retoma-se a narrativa da importância da rua tradicional, enquanto lugar priveligiado de interação e de cidadania, à luz das suas qualidades urbanísticas intrínsecas, como a contenção da escala, a noção de lugar de encontro, de interação social e cívica, a imagem e a simbologia, a segurança e o conforto, entre outras. Cumulativamente, destaca-se a sua capacidade de perpetuar ainda hoje, na cidade contemporânea, as qualidades urbanas indispensáveis não só à vida cívica plena e inclusiva, mas também o capital cultural imbuído na tradição dos princípios de composição harmoniosa dos espaços, porventura (re)equilíbrador do confronto da diversidade morfológica e da complexidade das estruturas urbanas recentes.

Referências

Alberti, L. B. (1986). The Ten Books of Architecture (1755 Leoni ed.). New York: Dover Publications.

Alves, F. B. (2009). A Rua e a Bola de Cristal / The street and the crystal ball. In Argumentos de Razón Técnica (A Spanish Journal on Science, Technology and Society, and Philosophy of Technology), Serie Especial (N. 2, pp. 69-78). Sevilha: Universidade de Sevilha.

Alves, F. B. (2003). Avaliação da Qualidade do Espaço Público Urbano – Proposta Metodológica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Appleyard, D. (1981). Livable Streets. Berkeley, CA: University of California Press.

Bentley, I., Alcock, A., McGlynn, S., Murrain, P., Smith, G. (1992). Responsive environments: A manual for designers. Oxford: Butterworth Architecture.

Bhowmik, S. K. (2005). Street Vendors in Asia: A Review. Economic and Political Weekly, May 28 - June 4, 2256-2264.

Carmona, M., Heath, T., Oc, T., Tiesdell, S. (2003). Public places - Urban spaces: The dimensions of urban design. Oxford: Architecture Press.

Dumbaugh, E., Rac, R. (2009). Safe Urban Form. Journal of the American Planning Association, 75(3), 309-329.

Edensor, T. (1998). The culture of the Indian street. In N. R. Fyfe (Ed) Images of the street: planning, identity and control in public space (pp. 205-221). London and New York: Routledge.

Fernando, N. A. (2007). Open-Ended Space: Urban Streets in Different Cultural Contexts. In K. A. Frank & Q. Stevens (Eds) Loose Space: Possibility and Diversity in Urban Life (pp. 54-72). London and New York: Routledge.

Fyfe, N. R. (Ed) (1998). Images of the street: Planning, identity and control in public space. London and New York: Routledge.

Gehl, J. (1987). Life Between Buildings: Using Public Space. Copenhagen: The Danish Architecture Press.

Hass-Klau, C., Crampton, G., Dowland, C., Nold, I. (1999). Streets as Living Space: helping public places play their proper role: good practice in guidance with examples from a town centre studies of European pedestrian behaviour. London: Landor Publishing.

Jacobs, A. (2010) The Importance of Streets. In Kang H. C, L. B. Liang and H. Limin (Ed) Asian Streets and Public Space. Singapore: National University of Singapore.

Jacobs, A. B. (1993). Great Streets. Cambridge, MA: MIT Press.

Jacobs J. (1994). The Death and Life of Great American Cities. London: Random House, 1961 & Penguim Books, Harmondsworth.

Karuppannan, S., Sivam, A. (2011). Social Sustainability and Neighbourhood Design: An Investigation of Residents’ Satisfaction in Delhi. Local Environment, Vol. 16 (9).

Lynch, K. (1960). The Image of the City. Cambridge, Mass: The MIT Press.

Mateo-Babiano, I., Leda, H. (2005). Street space renaissance: A spatio-historical survey of two Asian cities. Journal of the Eastern Asia Society for Transportation Studies, 6, 4317-4332.

Mehta, V. (2007). Lively Streets: Determining Environmental Characteristics to Support Social Behavior. Journal of Planning Education and Research, 27(2), 165-187.

Moughtin, C. (1992). Urban Design: Street and Square. Oxford: Butterworth Architecture.

Norberg-Schulz, C. (1971). Existence Space and Architecture. London: Studio Vista.

Owen, J. H. (1987). A Successful Street Design Process. In A. V. Moudon (Ed) Public Street for Public Use (pp. 267-275). New York: Columbia University Press.

Shuhana, S., Bashri, A. S. (2002). The vanishing streets in the Malaysian urbanscape. In Pu Miao (Ed) Public places in Asia Pacific cities: Current issues and strategies (pp. 137-150). Dordrecht: Kluwers Academic Press.

Southworth, M., Ben-Joseph, E. (1996). Streets and the shaping of towns and cities. New York: McGraw-Hill.

Publicado
2019-03-01
Secção
Artigos