https://proa.ua.pt/index.php/postip/issue/feed Post-ip: Revista do Fórum Internacional de Estudos em Música e Dança 2020-11-04T16:39:19+00:00 Grupo Post-ip postip@ca.ua.pt Open Journal Systems https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21388 Introdução 2020-11-04T16:39:00+00:00 Margarida Cardoso margarida.cardoso@ua.pt Mónica Chambel monica.sa.chambel@gmail.com <p>O Post-in-progress: 5º Fórum Internacional de Pós-graduação em Estudos de Música e Dança (Post-ip ’19) foi organizado por alunos de pós-graduação associados ao polo da Universidade de Aveiro (UA) do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança (INET-md).</p> <p>De um total de dezoito propostas a publicação, foram aceites dezasseis para publicação, após revisão cega por parte da Comissão Editorial e do Conselho Consultivo da Revista Post-ip ’19. Uma vez que três dos autores manifestaram não poder efetuar as alterações sugeridas pelos avaliadores, foram publicados treze artigos nesta revista. À semelhança do que ocorreu no evento, os artigos aqui presentes abordam temáticas muito diversas dos estudos em música e dança, encontram-se redigidos em português, espanhol ou inglês e estão dispostos por ordem alfabética dos nomes dos autores.</p> <p>Todos os Oradores Principais foram contactados no sentido de perceber se gostariam de ver publicada a sua comunicação, pelo que apenas Clarissa Foletto respondeu afirmativamente. Os restantes haviam apresentado uma comunicação que não se encontrava adaptada ao formato de artigo e por isso não pretenderam publicá-la nesta revista.</p> <p>A Comissão Editorial do Post-ip ’19 gostaria de agradecer aos membros do Conselho Consultivo pelo apoio na revisão dos artigos e também aos autores e participantes da conferência. Para além dos autores aqui publicados, muitos outros participantes, professores, investigadores e músicos colaboraram no Post-ip ’19 e foi graças a todos eles que este evento pôde continuar a afirmar-se como um encontro de âmbito internacional, de elevado nível académico e naturalmente, uma experiência muito gratificante. Também a o DeCa (Departamento de Comunicação e Arte), a Universidade de Aveiro, a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Câmara Municipal de Aveiro merecem o profundo agradecimento, por todo o apoio prestado. A todos eles, a Comissão Editorial endereça um agradecimento muito especial.</p> 2020-11-04T12:47:39+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21364 Researching instrumental teaching and learning: perspectives and challenges 2020-11-04T16:39:13+00:00 Clarissa Foletto clarissafoletto@gmail.com <p>Using a discourse that intersects my personal and professional experience as well as my analysis of the literature, this paper presents some common challenges identified in researching in instrumental lessons and some perspectives that shape the current paradigm in this territory. Besides, issues concerning how research on instrumental teaching and learning may have a substantial potential to make a difference in professional practices and the need to create bridges between teachers and academic researchers are also approached.</p> 2020-11-04T11:33:59+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21286 A Padronização Gestual dos Golpes de Arco na Performance do Violino - O Son Filé 2020-11-04T16:39:19+00:00 Ana Catarina Pinto catarina_vln@hotmail.com Sofia Lourenço slourenco@porto.ucp.pt <p>São inúmeros os autores que legitimam a relevância da técnica do arco na performance do violino: Galamian (1962); Auer (1925); Viotti (cit. in Salles1998); Salles (1998); Gerle (2011); Mozart (1951 cit. in Gerle 2011); Capet (1916 cit. in Gerle 2011); Flesch (1928); Casorti (1880), e Pinto (2016). Desta forma, o principal objetivo deste estudo centra-se na compreensão dos movimentos somáticos necessários para reprodução dos diferentes golpes de arco. Através de uma investigação experimental em laboratório que envolveu 30 violinistas, foi possível a gravação - em formato de som, vídeo e <em>Motion Capture, </em>de um total de 1260 interpretações, resultado de uma criteriosa seleção de 42 excertos musicais representativos de cada um dos golpes de arco em estudo. Todas as gravações de som foram sujeitas à apreciação de um júri, que selecionou a melhor interpretação de cada excerto do grupo 1 (participantes com fato), a melhor interpretação do grupo 2 (participantes sem fato), e a pior interpretação de ambos os grupos. No caso específico do <em>Son Filé</em>, representado por um excerto musical do 2º Andamento da Sonata “Kreutzer”, op. 47 (Salles 1998, 60), o júri selecionou a interpretação dos participantes nº4 e nº14 como as melhores interpretações do grupo 1 e 2, respetivamente, e a interpretação nº 15 como a pior interpretação de ambos os grupos. Através da análise dos vídeos das interpretações supracitadas, constatou-se que a interpretação nº4 e nº14 coincidem em todos os componentes em análise (<em>inclinação do arco, velocidade do arco, distância do cavalete, movimento do braço, movimento do pulso e direção do arco</em>), e que a interpretação nº15 difere das restantes na <em>inclinação do arco, velocidade do arco, movimento do pulso e direção do arco</em>. Todas as interpretações captadas foram ainda analisadas ao pormenor através dos dados recolhidos no <em>Motion Capture </em>e passaram pelo mesmo processo de análise<em>.</em> Esta pesquisa concretiza-se no âmbito do projeto de doutoramento: “O ARCO – A Padronização Gestual dos Golpes de Arco para o Ensino-Aprendizagem do Violino”, com o objetivo final de se alcançarem padronizações gestuais dos diferentes golpes de arco no repertório <em>mainstream</em> de violino, coadjuvando violinistas e professores de violino.</p> 2020-11-01T20:52:46+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21370 PANDEIRO DE NÁILON: O estilo interpretativo de Bira Presidente 2020-11-04T16:39:16+00:00 Gustavo Surian Ferreira gustavosurian@hotmail.com <p>A partir de 1972, quando o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos começava a promover rodas de samba em sua sede às quartas-feiras, um espaço fora do período carnavalesco surgiu para que os sambistas pudessem expor suas composições.&nbsp; Esse movimento, conhecido como “Pagode”, revelou notáveis músicos, compositores, assim como originou o Grupo Fundo de Quintal. O intuito principal da pesquisa é compreender como Bira Presidente – figura central desse movimento – executou o pandeiro de náilon no disco “De Pé No Chão” (RCA 1978). O álbum em questão apresenta extrema relevância pois foi a primeira vez que instrumentos como o repique de mão<a href="#_ftn1" name="_ftnref1"><sup>[1]</sup></a> e o banjo com afinação de cavaquinho foram gravados em um disco, e que atualmente são extremamente comuns no samba (Reis 2003, Silva 2013). Através de uma pesquisa documental videográfica, foi possível encontrar materiais onde se pode observar detalhes relativos à movimentação do instrumento, digitações e tipo de instrumento utilizado por Bira Presidente, o que seria bastante dificultoso, se não inviável, apenas com a audição dos fonogramas. Neste estudo de caso, foram feitas transcrições de trechos contrastantes da execução do pandeiro em três faixas a fim de compreender o idiomatismo presente no estilo interpretativo de Bira Presidente, evidenciando a riqueza de “levadas”<a href="#_ftn2" name="_ftnref2"><sup>[2]</sup></a>. Para isso, optei pela notação para pandeiro desenvolvida Stasi e Ferreira (2019), que representa com apenas duas linhas os timbres mais utilizados no pandeiro.</p> <p>&nbsp;</p> <p><a href="#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Instrumento de percussão tradicionalmente executado com a mão esquerda percutindo o corpo metálico do instrumento e a mão direita a pele (para os destros). Os golpes na pele são feitos com a alternância do polegar e os demais dedos da mão, gerando sons médio e agudos.</p> <p><a href="#_ftnref2" name="_ftn2"><sup>[2]</sup></a> Padrão rítmico utilizado pelo instrumentista ao acompanhar uma determinada música.</p> 2020-11-04T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21373 O violino em Portugal no primeiro quartel do século XX: perspectiva sobre a Escola de Música do Conservatório de Lisboa 2020-11-04T16:39:11+00:00 Hélder Sá heldersa@ua.pt <p>Desde a sua fundação, a Escola de Música do Conservatório de Lisboa<a href="#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a> desempenhou um papel fundamental no panorama musical português (Castro 1991; Gomes 2002; Rosa 2000, 2009, 2010). No alvor da Primeira República, o violino era o segundo instrumento mais representativo, com cerca de setenta alunos distribuídos entre os professores Alexandre Bettencourt e Júlio Cardona.</p> <p>Através da análise e sistematização de documentação consultada no Arquivo Histórico do Conservatório (pautas, frequências, exames e programas de sala) e na imprensa, este trabalho propõe uma caracterização do ensino do violino durante a Primeira República, identificando os principais intervenientes e repertórios.</p> <p>Neste período foram contratados quatro docentes, permitindo alargar o número de alunos, que ultrapassou a centena e meia em 1916-17. Os dados indicam uma presença feminina maioritária no curso geral, suplantando os 43% da Academia de Amadores de Música na mesma época. No curso superior, a situação é tendencialmente inversa e podem nomear-se Paulo Manso, Hermínio do Nascimento, Artur Fernandes Fão, Frederico de Freitas, António Cabral, Mário Garibaldi e Maria da Luz Antunes como casos posteriores de sucesso no meio musical português.</p> <p>Nas audições promovidas pelo Conservatório predominavam estudantes avançados, o que poderá explicar a reduzida participação de alunos de Pavia de Magalhães e Tomás de Lima, responsáveis pelas classes mais jovens. Os alunos de Bettencourt apresentavam composições de Leonard, Viotti, Vieuxtemps e Wieniawsky. Cardona optava frequentemente por autores pouco representativos do repertório violinístico actual (Scharwenka, Sgambati, Sinding, Schillings). Entre as obras escolhidas por Cunha e Silva, contabilizaram-se trinta e sete compositores, desde o Barroco até ao século XX. As apresentações dos alunos de Flaviano Rodrigues e Tomás de Lima incluíam obras de Viotti, Seitz, Bériot, Leonard e Raff. Estes dados permitem verificar o uso preferencial do repertório virtuosístico, ficando em segundo plano as obras com enfoque expressivo<a href="#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>.</p> <p>&nbsp;</p> <p><a href="#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Durante o período em análise, esta instituição teve três designações oficiais. No período monárquico, pelo decreto de 4 de Julho de 1940, chamou-se Conservatório Real de Lisboa. Após a implantação da República passou a denominar-se Conservatório de Lisboa e só após a reforma promulgada pelo Decreto nº 5546 de 9 de Maio de 1919 foi adoptada a designação de Conservatório Nacional. A referência à Escola de Música serve para distinguir as secções de música e de teatro (Gomes 2002, 37; Rosa 2010, 415).</p> <p><a href="#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> Esta pesquisa foi financiada pelo projecto “Euterpe Revelada: Mulheres na composição e interpretação musical em Portugal nos séculos XX e XXI”, financiado pelo FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do COMPETE 2020 - Programa Operacional de Competitividade e Internacionalização (POCI), e por Fundos portugueses através da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia enquadrada no projecto POCI-01-0145-FEDER-016857.</p> 2020-11-04T11:53:02+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21376 “... and Words on Music”: Transcribed Text as Basis for Musical Composition 2020-11-04T16:39:08+00:00 João Ricardo joaodcricardo@gmail.com <p>This investigation dwells on a composition support, or aid, as a methodology of transcription and codification of text, in an exploration of cryptographic examples and processes in music and how these results can be used as musical material to be developed artistically and creatively.</p> 2020-11-04T12:07:10+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21379 Una aproximación musicológica a un género situado en “tierra de nadie”: el Ragtime clásico y la evolución compositiva de Scott Joplin 2020-11-04T16:39:06+00:00 Jorge Gil Zulueta jorgegilz@musikarte.es <p>En 2017 se cumplieron 100 años de la muerte del compositor de ragtime clásico Scott Joplin (1868-1917) y al siguiente año, 2018, los 150 años de su nacimiento. A excepción de su país de origen, EE. UU., dichas efemérides pasaron inadvertidas en España y en gran parte de Europa. El desconocimiento generalizado de lo que supone el género musical denominado ragtime y más en concreto el derivado como ragtime clásico es una de las razones de su escaso tratamiento en los distintos ámbitos de la música, como su (no) consideración para un estudio en profundidad o su escasa interpretación o presencia en los programas culturales, tanto por parte de los músicos como por los gestores culturales de las programaciones musicales de los espacios escénicos, ya sean los dedicados a&nbsp; la música clásica como al jazz. De ahí que es necesario colocar en el punto de mira del interés musical un género que en su recepción en Europa y sobre todo en nuestro país, sigue en “tierra de nadie”.</p> 2020-11-04T12:16:32+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21385 “Este som que se sente cá dentro!”: um estudo etnomusicológico sobre os bombos portugueses 2020-11-04T16:39:03+00:00 Lucas Wink lucaswink@ua.pt <p>Este é um estudo de doutoramento em curso centrado nos bombos portugueses sustentado em referencial teórico dos Sound Studies. <em>Bombos</em> é um termo que diz respeito a:1) um instrumento de percussão com uma organologia própria; 2) um conjunto de instrumentos formado por bombos, caixas e, em alguns contextos, por um instrumento melódico como o pífaro, a gaita de foles, a concertina e/ou o acordeão; 3) uma prática performativa predominantemente masculina, coletiva, intergeracional integrada às festividades locais. O estudo enfoca na observação, participação e análise juntamente ao Grupo Regional de São Simão Os Completos e ao Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul. Na escassa literatura específica da prática, são recorrentes as narrativas que, num olhar muito circunscrito de música, sublinham o “barulho”, o “estrondo atroador”, o “estrépito que afugenta” produzido por uma “orquestra diabólica” através da “reunião infernal de vários instrumentos de percussão” que fazem uma “música sem música” (Pimentel 1902; Lambertini 1902; Herculano 1855 in Braga 1885; Oliveira 1966). Stasi (1998) e Santos (2015) aludem precisamente às apreciações essencialistas que depreciam a percussão sob a premissa de ser excessivamente simples e defeituosa. Considerando que nas duas localidades os bombos são centrais na garantia do bem-estar e preservação da memória coletiva, juntando-se os grupos regularmente para ensaios e performances, justificando a manutenção de construtores artesanais e a transmissão de saberes específicos, este estudo tenciona sobrepujar estes juízos. Sugere, por isso, que os bombos devem ser perspectivados não em termos do seu barulho, mas da potencialidade e do impacto do seu som na vida social local (Feld 1990, 2004, 2012; Erlmann 2004; Sterne 2012; Stoller 1989). O trabalho de campo preliminar revela, nesse sentido, o intenso sentido que a prática e o som destes instrumentos têm para os atores locais. António Duarte, por exemplo, tocador de bombos do Paul, apontando para dentro do peito, elucida essa circunstância ao sintetizar a sua experiência na frase “este som que se sente cá dentro!”.</p> <p>&nbsp;</p> 2020-11-04T12:28:58+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21394 Breathe in for nothing: an interpretative phenomenological analysis exploring the influence of a Pilates warm-up in singers. An overview of the study 2020-11-04T16:38:58+00:00 Marcelle Sutton marcelle@cantolyrico.com <p>Research on the use of Pilates for classical singers is limited, despite the well-documented benefits of this somatic (mind-body) exercise modality on the general public. This study sought to ascertain the mental, physical and vocal benefits of a Pilates warm-up on four university singing students and one professional singer using Interpretative Phenomenological Analysis (IPA). A Pilates warm-up for singers was taught to the participants over six weeks, with three workshops of five days each interspersed with home practice. The effects thereof were documented, before-and-after questionnaires (GAD-7, Becks Depression Inventory and the RAND 36-Item short-form quality of life survey instrument) were completed, heart rate measurements taken (to determine if the warm-up initiated a parasympathetic nervous system response) and three semi-structured interviews were conducted with each participant. A focus group was then held with the participants to discuss the effects of the regime. The lived experience of the participants’ use of the Pilates warm-up was analysed and together with the collected data, was grouped into sub-themes named: Singing; Wellbeing; Preparation for Singing/Preparing the Body to Sing; Tools; Resilience; Mindfulness; Mind-Body Communication; Nervous System; Strengthening the Body; Relaxation through Movement and Pilates Breathing. In the cyclical interpretative process of an IPA, these sub themes were then grouped to form the main themes of the study, namely: Tools; Nervous System and Singing.</p> <p>The results showed an overall improvement in the quality of life as well as an increase in mindfulness and relaxation which benefitted all of the singers vocally in some way. Heart rate measurements and anxiety and depression scores showed a generally positive trend, although these results were inconclusive and require further study. The Pilates warm-up provided the singers with specific tools with which to address their various issues which had an impact on their singing. Performance preparation and posture were found to be enhanced, as well as reduced muscle tension, increased vocal range and improvements in stamina and breathing. This study highlights the potential benefits of the use of a Pilates warm-up for classical singers and the areas of research that should be undertaken to further delineate these benefits.</p> 2020-11-04T12:53:15+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21427 “Tocam por qualquer preço”: O estatuto do músico na vila termal de Vidago durante o Estado Novo 2020-11-04T16:38:55+00:00 Maria Teresa Lacerda mariateresadelacerda@fcsh.unl.pt <p>Vidago, uma vila rural de Trás-os-Montes, ganhou visibilidade pelas suas águas termais premiadas (Cruz 1970; Pereira 1971; Salvador 2004). Com o propósito de se tornar um destino turístico privilegiado, passou por um processo de crescimento súbito e introdução de produtos e tecnologias da modernidade. Os estabelecimentos hoteleiros promoviam actividades desportivas e eventos musicais ao vivo para entreter os visitantes durante a temporada de termas (Pereira 2014). Entre a pluralidade de estilos e categorias musicais interpretados incluíam-se arranjos para banda, <em>chanson fran</em><em>çaise</em>, tangos, árias de ópera, fados, jazz, música clássica, rancho folclórico – havendo uma clara preferência por versões de obras com alargada divulgação e popularidade, associadas a transmissões radiofónicas (Moreira, Cidra, e Castelo-Branco 2010). Foi um período favorável à formação de grupos musicais amadores vidaguenses e à contratação de instrumentistas profissionais exteriores a Vidago. Neste contexto, os músicos eram entendidos como prestadores de serviços e estavam sujeitos à sazonalidade da actividade termal, não permitindo independência financeira. Assim sendo, os músicos viam-se forçados a conciliar o trabalho musical com outros empregos anuais. Usavam esse argumento para se revoltarem contra a obrigatoriedade da profissionalização e pagamento de cotas durante todo o ano ao Sindicato dos Nacional dos Músicos (SNM), pelo que evitavam a sindicalização ou, uma vez sindicalizados, atrasavam sistematicamente o pagamento de cotas (Silva 2010; Fernandes 2018). Neste capítulo será abordado o estatuto dos músicos em Vidago entre 1933 e 1974, destacando as dinâmicas entre estes e as gerências dos hotéis, o SNM e a Casa do Povo local. Este estudo recorre a métodos da história e da etnomusicologia histórica, nomeadamente entrevistas a pessoas que assistiram às práticas musicais em estudo e pesquisa de arquivo no espólio do SNM (Howard 2014). Na linha que têm vindo a ser pensado na área da antropologia do turismo, considera-se que este é um fenómeno holístico, com implicações económicas, políticas, sociais, simbólicas e sonoras (Pinto e Pereiro 2010; Pereiro e Fernandes 2015; Sanchez e Carvalho 2019).</p> 2020-11-04T14:29:42+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21436 Em Busca de uma Metodologia: conflitos na definição de identidades 2020-11-04T16:38:52+00:00 Matheus Pezzotta Gonçalves matheuspezzotta@outlook.com <p>O presente trabalho busca discutir acerca de procedimentos metodológicos adequados às características e problemas resultantes das reminiscências das práticas musicais na Comunidade Remanescente Quilombo do Carmo localizada no município de São Roque no Estado de São Paulo (Brasil), com base nas políticas públicas com vistas à Memória musical do município.</p> <p>A pesquisa acadêmicamente orientada, através da prática social da escrita, promove o conhecimento, dentro da estabilidade do objeto escrito. No entanto os procedimentos da pesquisa devem considerar ferramentas metodológicas compatíveis à oralidade e à instabilidade que se apresenta nas constantes transformações sociais da comunidade, a fim de contemplar o entendimento de identidades a partir dos agentes delas protagonistas.&nbsp;</p> <p>Dentro deste contexto, empregamos a orientação teórica de autores como Sardo para elucidar os conceitos de Identidade e música; Bosi e Reily no que concerne ao campo das memórias (Coletiva e Individual); Marchuschi em relação à Oralidade e Escrita.</p> <p>A sistematização política a esse Patrimônio Cultural em detrimento da legislação vigente, conduz a problemas sociais de intenso aprofundamento que demandam grande mobilidade de agentes para reavivar as práticas culturais daquela comunidade. Neste sentido, a Pesquisa-ação proposta por Tripp se apresenta como um procedimento metodológico que contempla tanto as demandas teóricas (acadêmicas) como as demandas práticas das vivências do objeto de estudo.</p> <p>Estabelece-se aqui o paralelo entre práticas musicais, memória coletiva e identidade.</p> <p>&nbsp;</p> 2020-11-04T14:41:23+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21442 Popular Music in a colonial city: musicians’ experiences and socio-racial issues in Lourenço Marques (1960-75) 2020-11-04T16:38:50+00:00 Pedro Mendes pedroaamendes@gmail.com <p>Lourenço Marques, nowadays known as Maputo, was the main city in Mozambique, a territory which was under Portuguese colonial rule until 1975. As a result of the urban planning promoted by the Portuguese colonial administration, social inequalities of the colonial system were inscribed in the urban geography of Lourenço Marques. There was the city centre, known as the “city of cement”, a place mainly occupied by European white population from the middle/upper classes; outside there was an extended area of neighbourhoods with poor living conditions, mainly inhabited by African population and by a smaller part of low-class Europeans and immigrants. This had an important impact on the social life of the city, reinforcing structural inequalities of the colonial system and promoting dynamics of spatial segregation, racial discrimination and creating more obstacles for those who had precarious positions in the city. In recent years, some studies have been focusing on the relation between cultural expressions and social processes in the urban context of Lourenço Marques – for example, the case of football (Domingos, 2012). Music was an activity with particular relevance in that context, since Lourenço Marques was a city with an intense nightlife activity, in which popular music had a notorious presence. There are already important accounts about music and the colonial context of Mozambique (Freitas, 2018; Lichuge, 2017; Filipe, 2012; Carvalho, 1997). However, the articulation between the activities of popular music groups from different areas of Lourenço Marques and the social dynamics in the city is a topic that still has a lot to explore. Its analysis can demonstrate the ambivalence felt by the individuals involved, but also the way they managed to overcome the constraints of the colonial system. With the main focus on the period between 1960 and 1975, marked by the historical processes of late colonialism (Castelo et al., 2012) this work approaches musical activities as a way to understand social and racial distinctions in a colonial city, based on ethnographic interviews.</p> 2020-11-04T14:57:33+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21448 Características do ensino coletivo de percussão no Projeto Guri e suas multiplicidades no desenvolvimento humano 2020-11-04T16:38:47+00:00 Rafael Y Castro rafaelbatucada@yahoo.com.br <p>A pesquisa a seguir procura identificar como o ensino de percussão do Projeto Guri consegue desenvolver os alunos dentro de uma amplitude social através das aulas coletivas semanais de percussão. Alguns de nossos referenciais teóricos foram: Hans-Joachim Koellreutter, Keith Swanwick e Robson Roberto da Silva. Utilizamos como metodologia a análise de ferramentas pedagógicas da instituição de maneira comparativa com as atividades realizadas no campo pelos educadores, observando apresentações artísticas e aulas do naipe entre os anos de 2016 a 2019. Concluímos que houve considerável crescimento musical e no aspecto social dos alunos, após a participação destes nas atividades do Projeto.</p> 2020-11-04T15:05:26+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21454 Constructing Space in Havana’s New Music Scene: Reimagining the Streets of Havana as the Home of Cuban Music 2020-11-04T16:38:45+00:00 Snezhina Gulubova Snezhina.Gulubova.2016@live.rhul.ac.uk <p>Cuba<strong>’</strong>s rich musical legacy has been one of the island<strong>’</strong>s most important national and international contributions for over 100 years. Since the end of 2011, Cuba has undergone the most significant socioeconomic changes since its 1959 Socialist Revolution. These include the introduction of private property, launch and growth in internet access, and a significant increase in travel from and to the island. As a result, the country entered a new phase in its music production and scholarship, altering Havana<strong>’</strong>s music scene, profession and the geographies of Cuban music. A key location in Cuba's music scene is "the street", regarded as the home of music, and where both Cubans and visitors have their first encounters with music on the island. Following the new socioeconomic adjustments on the island, the streets of Havana are transforming, and so is their relationship to Cuban music and musicians. The street is a physical locale and an abstract imaginary where music is created, produced and performed, and its image is circulated both on the island and abroad. I argue that with the introduction of private property ownership to the island and the proliferation of privately-owned music venues across Havana, the role of the street as the home of Cuban music has been reconfigured from an actual locale to an imaginary where musicians are searching for identity and authenticity in a rapidly commercialising world. Streets are converted from the site where any underprivileged Afro-Cuban child can learn to play and perform music to world-class standards to the home of five-star hotels, exclusive shopping malls and Chanel<strong>’</strong>s seasonal catwalk. I further investigate how this image of “the street” as the home of Cuban music continues to infuse contemporary songs through images and lyrics, and is internationally exported, creating a distorted image of Havana<strong>’</strong>s music scene abroad.</p> 2020-11-04T15:19:35+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/postip/article/view/21460 Pesquisa documental nos acervos musicais: em busca dos primeiros manuscritos brasileiros para conjunto de saxofones de Francisco Braga 2020-11-04T16:38:42+00:00 Vinicius Macedo Santos viniciusmacedosantos@gmail.com <p>Este resumo tem como objetivo apresentar os primeiros resultados de minha pesquisa de Doutorado, em andamento, na linha de pesquisa, Práticas Interpretativas e seus Processos Reflexivos: Música Brasileira para instrumentos de sopro: história, texto e práticas interpretativas. Nosso objetivo é pesquisar a origem do repertório de câmara brasileiro para quartetos e conjuntos de saxofones, nos séculos XX e XXI, a partir de uma abordagem histórica e interpretativa para a performance em grupo. A pesquisa documental iniciou-se, no ano de 2018, em dois acervos da cidade do Rio de Janeiro: o Acervo Musical da Banda do Corpo de Bombeiros e o Acervo de Manuscritos Musicais da Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. No primeiro acervo, as partituras não se encontram catalogadas, dificultando assim, o acesso às fontes. Além disso, alguns desses manuscritos musicais estão em fase de degradação e não receberam o tratamento adequado de conservação ao longo dos anos, ou seja, alguns deles podem sumir a qualquer momento. De acordo com Castagna e Duarte (2019), “existe a necessidade de consciência metodológica para a pesquisa e exercício da gestão de acervos musicais, além de sua consulta, uma vez que esse tipo de gestão proporciona a salvaguarda e acesso a quantidades cada vez maiores de usuários”. A partir do cotejamento as fontes (partituras, bibliografias, catálogos, por exemplo) foram possíveis resgatar informações históricas relevantes sobre uma prática musical vigente no início do século XX, quando o repertório de câmara para conjuntos de saxofones ainda era constituído em sua maior parte por transcrições de óperas, como é o caso do <em>Noturno</em>, da ópera <em>Condor</em> de Carlos Gomes (transcrição realizada por Francisco Braga, em julho de 1928). Resgatamos, ainda, as versões para octeto/noneto de saxofones das obras <em>Cantigas e Danças dos Pretos</em> e <em>Gavião de Penacho</em> do melodrama <em>d’O Contratador de Diamantes</em> (com texto de Afonso Arinos, 1905) que podem ser as primeiras peças escritas para essa formação de câmara no Brasil. Dessa forma, Braga teria sido o pioneiro na formação deste repertório contribuindo assim para a consolidação dos primeiros conjuntos de saxofones durante o período da Belle-Époque (1889-1930).</p> 2020-11-04T15:48:53+00:00 ##submission.copyrightStatement##