https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/issue/feed Forma Breve 2023-11-28T18:48:23+00:00 Maria Fernanda Brasete mbrasete@ua.pt Open Journal Systems <p>A&nbsp;<em>Forma Breve</em>&nbsp;é uma revista científica do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, com periodicidade anual e com arbitragem científica (avaliação por pares, duplamente anónima). Desde 2003, publica estudos inéditos e recensões bibliográficas, na área das Humanidades, com especial ênfase em estudos literários. Tem mantido um ritmo de publicação regular, desde o ano da sua criação, e trata-se de uma revista destinada a académicos e investigadores, tanto nacionais como estrangeiros, bem como ao público em geral.&nbsp; Desde o volume n.º 12 (2015) este periódico&nbsp;tem privilegiado a publicação de artigos provenientes de congressos organizados pelo grupo de investigação "Mitografias: Temas e Variações", da unidade de I&amp;D Centro de Línguas, Literaturas e Culturas (CLLC), da Universidade de Aveiro. A partir do volume n.º 17 (2021) a publicação da revista passa a ser exclusivamente&nbsp;<em>online</em>.<br>ISSN (impresso):&nbsp;1645-927X (apenas até ao volume n.º 16)<br> ISSN (em linha):&nbsp;2183-4709</p> https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34741 Las iras de Aquiles 2023-11-27T16:26:49+00:00 Francesco De Martino francesco.demartino@unifg.it <p>Si sólo hubiera quedado el proemio de la Ilíada, quién sabe cuánto habríamos fabulado sobre un poema heroico psicoemocional. La ira de Aquiles es una genial invención homérica, pero como tema central compacto sólo dura poco más de 200 versos y el propio Aquiles no es sólo un protagonista “latente”, sino ostentosamente en otium. Destacada como primera palabra (μῆνιν) y subrayada en el proemio, su ira no es de ninguna manera comparable a otras muchas iras fatales de dioses y de hombres ni a otras suyas mismas iras (5 en total). Más que furioso, Aquiles está polémico, como ya en Tenedos con Agamenón (Cypr. Arg., p. 41.52 Bernabé2, cf. S., fr. *566 Radt2) y luego con Odiseo en la pelea cantada por Demódoco (Od. 8.74-82). Polémico pero sorprendentemente razonable y humanitario, como en el episodio con el viejo Príamo en el libro XXIV, incluso excéntrico como en el libro IX, donde exhibe más que la ira la lira, tocándola como si estuviera en tiempo de paz. Una de las formas, junto con los deportes y los juegos, de apaciguar la ira.</p> 2023-11-20T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34744 “Aquiles: figuração da desmesura” 2023-11-27T16:26:47+00:00 Ana Paula Pinto appinto@ucp.pt <p>No enquadramento complexo das figuras heróicas da mitologia greco-latina, Aquiles surge como uma das referências mais relevantes da Antiguidade. Essa excepcional popularidade, que permitiu à personagem sobreviver à erosão do esquecimento e exercer incomparável influência sobre o imaginário, deve-se ao facto de Homero o ter escolhido como protagonista da Ilíada, e ter orientado pela intensidade passional da sua ira o ângulo peculiar de perspectivação da Guerra de Tróia, que a Antiguidade considerava o maior evento histórico da Humanidade. Embora a narrativa da Odisseia se centre já na figura de Ulisses, a dupla evocação do guerreiro da ira súbita, das proezas superlativas, e da obsessão com a honorabilidade, já morto, no Hades, em Od. XI e Od. XXIV, concorre para sublinhar na mensagem poética uma tónica moralizadora muito mais positiva e optimista, que transcende o trágico determinismo da Ilíada.<br>Sabemos que o apelo do herói já se exercia sobre o imaginário grego antes do conhecimento regular e universal da poesia homérica o ter referenciado como paradigma heróico, porque o conjunto da chamada Poesia Cíclica- peculiarmente os Cypria, com o detalhar dos antecedentes da guerra de Tróia, e a Aethiopis, com o elenco dos factos que se seguiam aos funerais de Heitor - oferece muitos dos detalhes tradicionais acerca de Aquiles a que Homero apenas discretamente aludiu. Tomando como ponto de partida os Poemas Homéricos, propomo-nos pois abordar as narrativas da reelaboração poética dos Poemas Cíclicos Troianos, amplamente documentadas ainda nas pinturas cerâmicas do período clássico. Essa perpectiva comparativa nos permitirá, em síntese, propor diferentes modelos de abordagem simbólica à figura heróica de Aquiles.</p> 2023-11-20T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34747 De lutas e lutos, de cóleras e vinganças: Meleagro na poesia grega arcaica 2023-11-27T16:26:45+00:00 Giuliana Ragusa gragusa@usp.br <p>O artigo centra-se na discussão das imagens de Meleagro nas trágicas tramas que enlaçam lutas e lutos, cólera e vingança, na poesia grega arcaica, sobretudo. Destacam-se a Ilíada e o episódio famoso da embaixada a Aquiles (canto IX), e o Epinício 5, de Baquílides, que, somados a outros pequenos fragmentos e excertos, trazem as mais extensas e bem preservadas passagens da antiga e bem conhecida tradição mítica envolvendo o herói e sua família – o pai Eneu, a mãe Altaia –, no contexto da guerra e da ira divina de Ártemis. Objetiva-se entender os elementos da tradição, seu uso na epopeia e no epinício, e as imagens das personagens nucleares, mãe e filho, nos poemas.</p> 2023-11-20T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34750 Somatizações de Aquiles: Aisthetikai da fúria nos vasos gregos (séculos VI-V a. C.) 2023-11-27T16:26:43+00:00 Ana Rita Figueira rritabarros@gmail.com <p>Mediante a análise de um agrupamento de figurações de Aquiles, o presente ensaio discorre acerca da centralidade da noção de fronteira e de um agregado de concepções conexas operativas na diferenciação de expressões da fúria de Aquiles e actuantes na maneira como estas configuram homologias com a dinâmica do cosmo, contribuindo para a formação do sentimento de justiça, dike.</p> 2023-11-20T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34753 Assassinato e loucura: trauma de guerra, vingança, e desconforto acadêmico com Hécuba de Eurípides e Star Wars: Rebels 2023-11-27T18:39:27+00:00 Jose L Garcia jose.garcia.379@my.csun.edu <p>A história da erudição moderna na caracterização de Hécuba de Eurípedes é uma de fascinação e repugnância simultâneas, empatia e horror, compreensão e rejeição. David Grene e Richard Lattimore citam August Wilhelm Schlegel’s na Arte e Literatura Dramáticas enquanto a conjuntura em que a opinião dramática e acadêmica de Hécuba ficou amarga, uma tendência que continuou com estudiosos como JA Spranger, Gilbert Norwood e JJ Rieske. Meu projeto, construído a partir das explorações de Hécuba de Grace Zanotti e o estudo de Hécuba de Tonya Pollard como essencial para as mulheres de Shakespeare, afirma que a narrativa moderna, particularmente a personagem de Sabine Wren em Star Wars: Rebels, lida com Hécuba mais genuinamente do que os estudiosos pós-Schlegel em grande parte lidaram.<br>As acusações contra Hécuba são de que a personagem e as ações dela não parecem ser o trabalho de uma personagem e que a peça pode ser uma amalgamação de várias peças mais curtas que Eurípedes achou que não atenderam a duração necessária de um trabalho dramático. Tal como, eles consideram as profundidades da tristeza de Hécuba no assassinato de Polixena e as alturas de sua fúria no assassinato de Polidoro como duas diferentes Hécubas.<br>Eu aplico o exame de Pollard sobre a centralidade de Hécuba aos trabalhos de Shakespeare para a personagem de Sabine Wren, que tem os ecos mais fortes da Hécuba de Eurípedes, abrangendo a plenitude da emoção a partir de sua gigantesca raiva no Império Galáctico para a profundidade de sua tristeza na quase perda de sua família. Dentro dessa análise, eu argumento que a afirmação dos eruditos de que Hécuba é uma peça fraca relutante ou incapaz de envolver-se emocionalmente com Hécuba e que até mesmo o projeto de Zanotti, que busca explicar racionalmente como Hécuba pode ser tanto a enlutada quanto a assassina, é indicativo de uma tendência na erudição moderna para não permitir que esses zênites e nadirs existam na própria arte.</p> 2023-11-20T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34768 Lisístrata ou de cando as mulleres reviraron, un híbrido aristofánico contra la guerra 2023-11-27T16:26:39+00:00 Iria Pedreira Sanjurjo pedreira.sanjurjo.iria@gmail.com <p>La reescritura y reelaboración de los modelos de la Antigüedad Grecolatina es una constante en el teatro gallego contemporáneo desde la segunda mitad del siglo XX. Los temas mitológicos, históricos, cómicos o filosóficos inspiran una parte importante de los dramas gallegos que se publican y/o representan desde la década de los 50 del siglo pasado hasta nuestros días e incluso pueden servir a sus dramaturgos y dramaturgas para entablar un diálogo con su actualidad a través del paradigma canónico de lo clásico. Lisístrata ou de cando as mulleres reviraron (1997) de Eduardo Alonso y Manuel Guede Oliva es un claro ejemplo de esto último, una nueva versión que empareja dos obras del poeta cómico Aristófanes, Lisístrata (411 a.C.) y La asamblea de las mujeres (392 a.C.), y que se vale de la reinterpretación de ambos textos clásicos para explorar en la escena las alternativas al poder establecido, el discurso antibélico y pacifista o el rol que deben asumir las mujeres en la resolución de las problemáticas sociales y políticas que les atañen. En estas líneas se intentará ofrecer una lectura crítica y analítica de esta reelaboración gallega de las obras de Aristófanes, prestando mucha atención a su contexto de producción y su repercusión dentro de su sistema teatral, así como a las relaciones de intertextualidad existentes entre la nueva pieza de Alonso y Guede y sus hipotextos de referencia, la introducción de elementos innovadores tanto en los aspectos formales como en el plano argumental o las nuevas lecturas reivindicativas y emancipadoras que los dramaturgos gallegos aportan a las subversiones utópicas del comediógrafo griego.</p> 2023-11-21T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34771 Aquiles, Cáriton de Afrodísias e uns versos de Homero citados por Platão 2023-11-27T16:26:37+00:00 Adriane da Silva Duarte asduarte@usp.br <p>Cáriton de Afrodísias é, dentre os autores do romance antigo, o que mais citações de Homero incorpora à sua obra. Grande parte delas tem por efeito realçar o componente patético da narrativa, contribuindo para a caracterização dos personagens. Dentre as citações de versos homéricos em Quéreas e Calírroe, há duas passagens (Q&amp;C, I.4; V.2; VI.1) que foram anteriormente referidas em um conhecido passo da República (387 b – 388 c), de Platão. Nele Sócrates censura Homero por apresentar Aquiles imerso em sofrimentos, remetendo para alguns versos da Ilíada (Il. 18, 23-24; Il. 24, 10-12) com o intuito de ilustrar seu ponto de vista. Vou me concentrar no exame desses versos e de sua retomada em Platão e em Cáriton para investigar como o herói da Ilíada é recepcionado por esses autores e se possível afirmar que aí se desenha uma relação de intertextualidade entre é pica, diálogo filosófico e romance antigo.</p> 2023-11-21T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34774 Do ideal heróico ao ideal burguês: Jasão, o herói banalizado 2023-11-27T16:26:35+00:00 Marília Pulquério Futre-Pinheiro sbidm-proa@ua.pt <p>No prelúdio d’ As Argonáuticas destaca-se uma imagem, a do homem calçando apenas uma sandália. Esta imagem inicial terá algum impacto como ferramenta simbólica no desenrolar do processo cognitivo da narrativa ou na renegociação de significados pré-estabelecidos? Pode ser usado como premissa potencial para outros objetivos interpretativos? E que significado Apolónio quer atribuir a isso? O nosso objetivo neste artigo é destacar o significado desta metáfora encaixada no texto, enquanto construção cognitiva e emocional, e demonstrar que ela desempenha um papel crucial n' As Argonáutica de Apolónio de Rodes, estabelecendo e renegociando toda a coerência do poema.</p> 2023-11-21T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34786 Por uma mulher. Receção de um tópico homérico nos Atos de Paulo e Tecla 2023-11-27T16:26:33+00:00 Carlos Pereira cdgpereira@campus.ul.pt <p>Briseida, “cuja beleza igualava a da dourada Afrodite” (Il. 19.282), é uma das principais personagens da Ilíada que está na origem da discórdia entre Aquiles e Agamémnon. No ataque a Lirnesso, o guerreiro Aquiles capturou a bela jovem, por quem se afeiçoou. No entanto, o rei de Micenas quis recuperar a donzela Briseida, o que fez aumentar ainda mais a cólera do herói. Aquiles acusa Agamémnon de ter ficado com a mulher que lhe suscitava maior interesse. Para acalmar a ira de Aquiles, o ancião Nestor, que desaprovara a atitude do Atrida, aconselha-o a oferecer presentes ao guerreiro lesado. Agamémnon faz um juramento em que restitui Briseida a Aquiles, confessando ainda nunca se ter deitado com ela na cama (Il. 19.262). Os Atos de Paulo e Tecla, um texto apócrifo dos séculos II/III d.C., narram a história de uma jovem, também ela bela e importante, chamada Tecla, que vivia em Icónio. Tamírides era um homem de relevo da cidade a quem Tecla fora prometida em casamento. Porém, com a chegada do apóstolo Paulo, os planos mudaram radicalmente. A jovem abdica do enlace matrimonial e converte-se ao cristianismo. Como consequência, ela é condenada à fogueira. Escapando à sentença, Tecla vai para Antioquia da Pisídia, onde se cruza com Alexandre, outro homem que a cobiça e se perde de amores por ela, mas sem sucesso. O resultado foi uma nova condenação, desta feita ad bestias. Face ao caos que se tinha gerado, o governador decide libertá-la. Com este trabalho, pretendemos estudar a possível receção do topos homérico no texto apócrifo cristão, em que uma mulher bela é disputada por vários homens movidos pelo amor e, simultaneamente, pelo ciúme e pelo desejo de vingança.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34789 A figura do herói guerreiro na declamação grega da antiguidade tardia 2023-11-27T16:26:31+00:00 Vanessa Fernandes anavanessa@campus.ul.pt Fotini Hadjittofi f.hadjittofi@campus.ul.pt <p>Concentrando-se nas obras de Libânio e Corício (retores do século IV e VI, respectivamente), este artigo tem como objectivo a exposição das diferentes facetas que a figura do herói guerreiro adquiriu nas declamações. Estas eram exercícios modelares compostos para uso em sala de aula, mas que, ao longo do tempo, adquiriram também um valor lúdico, sendo declamadas fora do contexto escolar. Embora a literatura grega da Antiguidade tardia esteja a tornar-se cada vez mais um objecto de estudo, os estudiosos não têm prestado muita atenção às qualidades literárias da declamação grega. Aqui destacam-se, nomeadamente, a sua capacidade de criar novos mundos, a absorção e apropriação de modelos literários (epopeia, drama e romance) e a crescente tendência de explorar o âmbito pessoal em vez do cívico ou político.<br>Dividido em três secções, este artigo começa por contextualizar a prática da declamação dentro do panorama da educação da Antiguidade Tardia. Em seguida temos dois momentos de reflexão. Um primeiro considera a reformulação do herói iliádico por excelência, Aquiles, analisando a natureza controversa e ambígua do herói em dois progymnasmata de Libânio de Antioquia (8.3 e 9.1) e duas declamações de Corício de Gaza (Decl. 1 e 2). Num outro momento, abordam-se as conotações teatrais da declamação, analisando primeiro o herói guerreiro fanfarrão (Lib. Decl. 33) e depois o herói apaixonado (Chor. Decl. 5 e 6), explorando como ambas as figuras ecoam heróis análogos da Comédia Nova e do Romance Grego. Esta visão geral ilustra não apenas a evolução literária de tais personagens, mas também como essas figuras - e os géneros e autores principais anteriores nos quais estavam inseridas - moldaram a paideia da Antiguidade Tardia e, por sua vez, foram moldadas e adaptadas para se adequarem às expectativas sociais contemporâneas.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34795 A fúria de Aquiles: a tradição e relevância na literatura latina da Antiguidade Tardia 2023-11-27T18:41:55+00:00 William J. Dominik williamjdominik@campus.ul.pt <p>A fúria de Aquiles é a característica mais proeminente da sua personalidade. Μῆνις (“fúria”), que é a primeira palavra do proémio da Ilíada de Homero, é apresentada como tema de toda a epopeia (cf. 1–7). A recepção de Aquiles nas literaturas grega e latina conheceu uma série de etapas desde Homero até à Antiguidade Tardia. Durante a Antiguidade Tardia, o texto de Homero assumiu um papel significativo como texto didáctico, e o leitor habituou-se a examiná-lo de diferentes perspectivas, o que implicou uma reavaliação das acções e da conduta de Aquiles, incluindo a sua fúria. O papel de Aquiles na cultura e na literatura latinas durante a Antiguidade Tardia ilustra que ele funcionou tanto como exemplum positivo como negativo. Esta ambivalência da sua representação literária é omnipresente na literatura latina da Antiguidade Tardia. Em alguns relatos das acções e palavras de Aquiles, o seu famoso temperamento está ausente; em outros textos, as suas irascibilidade e crueldade estão sublinhadas; e em outros ainda, o uso da violência é retratado tanto negativamente como positivamente por autores latinos, por vezes até pelo mesmo autor. Tanto os aspectos favoráveis como negativos de Aquiles e a sua fúria que aparecem nas obras da Antiguidade Tardia são ligados às aspirações da elite romana e aos valores enfatizados pelos autores cristãos. Aquiles é utilizado como modelo favorável e até mesmo como contraste negativo para o imperador ou para o seu representante quando ele enfrenta o inimigo. Apesar do irascível carácter e da conduta de Aquiles serem vistos negativamente em termos cristãos, a sua reputação como guerreiro feroz parece ter sintetizado, ainda que paradoxalmente, o tipo de carácter forte que apelou à elite romana na luta por manter a sua ascendência, face aos confrontos militares e políticos com os vizinhos bárbaros.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34798 A cólera de Aquiles e a Guerra de Tróia na literatura bizantina: da épica e da historiografia do século XII ao romance dos séculos XIV e XV 2023-11-27T16:26:28+00:00 Rui Carlos Fonseca rui.fonseca@staff.uma.pt <p>Neste artigo, pretendo analisar representações de Aquiles, da sua cólera e da Guerra de Tróia em algumas obras da literatura bizantina. A análise incidirá na é épica, na historiografia e no romance, especialmente nos Carmina Iliaca de João Tzetzes, na Crónica de Constantino Manasses, na Alexíada de Ana Comnena e nos romances anónimos Aquileida e Ilíada Bizantina. Aquiles surge nestes textos bizantinos de acordo com o retrato convencional que dele se faz na poesia homérica: o herói por excelência, possante e implacável, que excede todos os outros combatentes na guerra. Dos epítetos que recebe, uns são de uso homérico, outros, construções eruditas posteriores. O relato selectivo que Homero fornece da Guerra de Tróia difere, porém, da visão alargada apresentada pelos escritores bizantinos, pois episódios fundamentais da Ilíada, como a cólera de Aquiles, a disputa com Agamémnon e o “rapto” de Briseida, são referidos de modo sucinto e/ou irrelevante. Nas obras mencionadas, ganham maior destaque episódios como a morte de Palamedes, a inimizade com Ulisses, o romance com Políxena e a morte às mãos de Páris e Deífobo. Os escritores bizantinos imitam Homero, ao mesmo tempo que recontam a Guerra de Tróia, adaptando-a às circunstâncias da sua é época. No entanto, não deixam de reconhecer a autoridade do poeta arcaico. É essa combinação deliberada entre aproveitamento e afastamento da tradição homérica que se procurará enfatizar a propósito da representação literária de Aquiles entre os Bizantinos.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34801 O modelo épico da guerra e o novo modo épico camoniano 2023-11-27T16:26:26+00:00 Maria Mafalda Viana maria.viana@campus.ul.pt <p>N’Os Lusíadas, Camões constrói um discurso meta-poético mediante o qual se mede frequentemente com o dos antigos poetas Homero e Virgílio, mas também Ovídio. Na minha reflexão, procuro pensar a temática do modelo épico da guerra proposto por Camões, a partir de uma reflexão da ocorrência do termo «fúria» em I, 5, 1, que ligo a Aquiles e para que proponho uma leitura em cruzamento com a expressão «férvidos e irosos» de III, 132, 7. Este tópico integra-se numa reflexão mais abrangente sobre o sentido de uma tensão entre os temas da guerra e do amor na epopeia de Camões.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34804 Cavalos, aves, cães, leões: animais e animalização dos humanos n’Os Lusíadas 2023-11-27T18:44:37+00:00 Virgínia Boechat virginiabboechat@gmail.com <p>O presente artigo procura expor a grande relevância da presença de animais n’Os Lusíadas. Longe de constarem como um recurso somente acessório no épico camoniano, a menção a animais e a animalização de personagens humanas integram eixos significativos basilares do poema, sobretudo em passagens ligadas à fúria ou à paixão.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34807 Figuras homéricas na literatura da Restauração 2023-11-27T16:26:22+00:00 André Simões asimoes@letras.ulisboa.pt <p>O 1.º de Dezembro de 1640 viu nascer não só uma nova dinastia em Portugal mas também todo um manancial literário de apoio à nova monarquia portuguesa. Ao longo das três décadas de guerra que passaram desde a revolução até à Paz de Lisboa produziram-se em Portugal inúmeros documentos para consumo interno e externo: tratados jurídicos, relações de batalhas, gazetas, memoriais, mas também sermões e panegíricos, sempre com o objetivo de justificar jurídica e politicamente a restauração da monarquia portuguesa, mas também louvar o novo rei e seus descendentes. O nosso estudo foca um tipo particular de louvor e justificação: por um lado os tópicos panegíricos da emulação por parte de D. João IV dos heróis homéricos, concretamente de Aquiles; por outro lado a justificação da antiguidade do reino de Portugal, fundação e descendência dos mesmos heróis homéricos.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34810 Aquiles e Políxena em As Troianas, de Hélia Correia e Jaime Rocha: time e kleos no masculino e no feminino 2023-11-27T16:26:20+00:00 Maria José Ferreira Lopes mjlopes@ucp.pt <p>Em As Troianas (2018), Hélia Correia e Jaime Rocha reescrevem o rescaldo da queda de Troia, abordando como episódios centrais a repartição dos troféus femininos e os sacrifícios de Políxena e Astíanax. A evidente inspiração em Eurípides é permeada por opções originais, e expressa com uma vivacidade por vezes cómica, assente na mescla de coloquialidade e lirismo. O protagonismo dos dois Eácidas e a obsessiva evocação, por parte do jovem Pirro, dos feitos do pai em sucessivas discussões com Agamémnon torna pertinente um paralelo com Troianas, de Séneca. A obra do estoico explora o contraste entre a brutalidade egoísta de Aquiles e seu filho, e a moderação preconizada por um Agamémnon mais humanizado. Ainda assim, este vê-se obrigado a obedecer aos caprichos divinos, transmitidos pelo insensível Calcas. O Pirro de Hélia Correia e Jaime Rocha é contraditório – brutal com Políxena, mas empenhado na sobrevivência da família de Heitor – e assim moderno.<br>Hélia Correia e Jaime Rocha continuam a denunciar os horrores da “guerra e os seus entusiasmos” vãos, que perpetuam um modelo heroico bárbaro (Perdição – Exercício sobre Antígona, p. 4036): logo no prólogo, através de um inovador coro de lobos, que expõe a cíclica autodestruição dos humanos como absurda violação das leis da Natureza; e sobretudo, ao longo da peça,&nbsp;pela exposição da fúria bárbara e imoral de Aquiles, que intervém como espectro para impor a supremacia da Morte sobre a Vida. A condição de vítima excecional de Políxena possibilita o enquadramento da sua resistência no âmbito da temática feminista, já presente nas peças anteriores de Hélia Correia.<br>Além da análise do modo como As Troianas de Hélia Correia e Jaime Rocha aproveitaram e inovaram as criações da Antiguidade – sobretudo as citadas –, será evidenciada a absoluta atualidade das reflexões do passado sobre o impacto da guerra e o heroísmo no feminino.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34813 Evocações de Aquiles na poesia portuguesa contemporânea 2023-11-27T16:26:18+00:00 Susana Marques smp@fl.uc.pt <p>A presente reflexão propõe-se evidenciar como a recuperação do mito de Aquiles para expressar realidades contemporâneas é um propósito comum a diferentes poetas portugueses, em momentos diversos da história lusa e europeia, implicando um dialogismo intertextual constante, ilustrativo da famosa teoria palimpséstica de G. Genette.</p> 2023-11-22T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34675 Formas e genealogias do mal em H.G. Cancela – ou a negação da felicidade humana 2023-11-27T16:32:32+00:00 José Cândido de Oliveira Martins sbidm-proa@ua.pt <p>Neste texto, pretende-se analisar um romance de H.G. Cancela, As Pessoas do Drama (2017), um autor contemporâneo bastante ignorado pela crítica literária, mau grado a qualidade da sua obra. Este romance recente presta-se a uma análise muito fecunda, quando perspectivada do ponto de vista das formas de violência, de ódio e do mal que pautam frequentemente as relações interpessoais. Existindo ou não uma culpa ancestral, o mal e as correspondentes relações de ódio e de violência, sobre várias máscaras (verbal, sexual, social, cultural) podem ocorrer socialmente nas mais diversas e inesperadas formas. Aliás, este tema é muito caro ao pensamento e mundividência do autor, mesmo na escrita ensaística. No autor de As Pessoas do Drama, deparamo-nos com atmosferas dramáticas e interpretações cénicas, personagens bastante solitárias e agónicas, verdadeiras sombras de heróis trágicos, vivendo situações de dor e de interdito, de solidão e de incomunicabilidade, de misoginia e misantropia perversas.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34678 “Por uma túnica vazia de Helena” - eros e eris, de Troia à província mineira 2023-11-27T16:32:30+00:00 Maria Cecília de Miranda Nogueira Coelho ceciliamiranda@ufmg.br <p>Este artigo trata da recepção em algumas obras artísticas brasileiras da figura de Helena de Troia, a quem desejo (eros) e discórdia (eris) estão intimamente ligados. Serão analisados os filmes Memória de Helena (1969), de David Neves, Vida de Menina (2004), de Helena Solberg — ambos baseados no livro de memórias Minha Vida de Menina (1962), de Helena Morley — , e Elena (2012), de Petra Costa. Embora nenhum deles seja uma adaptação ou transposição do mito de Helena, como figura feminina individualizada, “a fama do nome”, como disse Górgias (Elogio a Helena, § 2), indica aproximações estreitas entre aspectos da caracterização das protagonistas de todas essas obras e da mais bela e sedutora personagem da literatura grega.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34681 “O espaço agredido”: algumas imagens bélicas em José Luandino Vieira 2023-11-27T16:32:28+00:00 Maria do Carmo Cardoso Mendes mcpinheiro@elach.uminho.pt <p>Este ensaio tem como propósitos principais: analisar, em quatro obras literárias de José Luandino Vieira, imagens de violência colonial em Luanda; identificar a influência que um espaço&nbsp;dominado pela violência exerce sobre comportamentos e interações humanas; evidenciar práticas de tortura, e de discriminação racial e socioeconómica apresentadas nas narrativas selecionadas; mostrar que a condenação da violência colonial significa para o escritor angolano um forte compromisso ético.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34684 O que Leonor Lopez deixou de dizer 2023-11-27T16:32:26+00:00 Marina S. Brownlee sbidm-proa@ua.pt <p>A Tamalogia - o estudo da morte - encontra terreno fértil para pesquisas na Idade Média, dada a precariedade da vida devido à guerra, às doenças e ao conhecimento rudimentar da medicina. Muito mais do que a contagem e recontagem de cavaleiros mortos, e de mulheres e crianças que morreram durante o parto, o foco nos detalhes da morte numa riqueza de géneros, desde épicos a crónicas, a autobiografias e relatos espirituais é muito revelador das expetativas, emoções e valores simbólicos da morte e do morrer. As “Memórias” de Leonor López de Córdoba são um documento convincentemente enigmático escrito por um autora politicamente influente que reflete a precariedade da sua vida.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34687 Dionisio Ridruejo. Un poeta fascista en la guerra de España 2023-11-27T16:32:24+00:00 José Luis de Micheo Izquierdo jose.micheo@unir.net <p>La guerra civil española (1936-1939) enfrentó dos revoluciones que se estaban desarrollando en Europa. Dos totalitarismos, que encontraron un país dividido por razones sociales, políticas y religiosas, un campo de batalla idóneo: el comunismo y el fascismo.<br>En ambos bandos se desarrolló una literatura de guerra de signo muy marcado. En el franquista, esta labor corrió a cargo, sobre todo, de los falangistas. Y de entre ellos destacó Dionisio Ridruejo, que reunió en su persona al jerarca, al activista y al escritor de talante fascista. Sin embargo, Ridruejo pronto abandonó estas posiciones, y evolucionó hacia la democracia liberal. Y poéticamente, hacia la poesía existencialista, intimista y, quizás, social.<br>Este trabajo aborda el ciclo de poesía fascista de Ridruejo, mediante el análisis de dos libros: Poesía en Armas (1936-1939) y Poesía en Armas (Cuadernos de la campaña de Rusia). Ambos escritos a la vez, prácticamente, y que encarnan los dos periodos de su obra en los primeros años de la postguerra. Se analizarán, entonces, algunos poemas, que nos permitirán apreciar las diferencias entre ambos libros, uno de verdadera poesía fascista y otro que contine una poética existencialista, en la línea de sus colegas de generación.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34690 Aquiles, un personaje actualizado en dos obras del exilio español de 1939: Héctor y Aquiles, de José Ramón Enríquez y La hija de Dios, de José Bergamín 2023-11-27T16:32:22+00:00 María Teresa Santa María Fernández teresa.santamaria@unir.net <p>Tras estudiar y comentar cómo se concibe la figura de Aquiles dentro de Literatura española, se pasa a analizar su presencia en obras del exilio. La guerra civil española de 1936 lleva a rememorar la contienda clásica, vivida y evocada en diversos poemas épicos y tragedias de Troya, dentro de algunas producciones teatrales de los exiliados que evocan el triste final de los vencidos y su destierro forzoso. Por otro lado, si Ulises se convierte en paradigma del deseo de regresar y “volver” a la patria que los desterró, Aquiles debería haber conformado el ideal de guerrero, fiero, pero con cierto sentido de la justicia. Sin embargo, en dos obras dramáticas exiliadas donde se rememora la figura del héroe griego, la imagen no corresponde con la de un&nbsp;guerrero mítico y añorado. De esta forma, José Ramón Enríquez, autor de la llamada “segunda generación” y residente en México, presenta, como ya realizó en otras obras de temática clásica, otra perspectiva inesperada para el enfrentamiento entre el príncipe troyano Héctor y el griego Aquiles. Por su parte, José Bergamín, escritor con una larga trayectoria literaria cuando se exilió, ningunea la presencia de este personaje como causa primera de la venganza urdida por Teodora/Hécuba en La hija de Dios. Se trata de una concepción novedosa respecto a Aquiles y a la guerra por parte de ambos dramaturgos; seguramente, provocada porque los dos eran conscientes de las consecuencias crueles – muerte y destierro – que todo conflicto armado provoca y denunciarán o idearán otro desenlace para la historia del mítico Aquiles.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34693 Excluida y traicionada: una Medea víctima de la Guerra Civil española 2023-11-27T16:32:20+00:00 Mª Teresa Amado Rodríguez mariateresa.amado@usc.es <p>El final de la guerra civil española en 1939 trajo victoria para el bando sublevado, pero no paz para todos, pues los perdedores fueron perseguidos y vieron su seguridad comprometida hasta la llegada de la democracia, casi cuarenta años después. Una parte de ellos se exilió y otros optaron por echarse al monte y vivir como refugiados en condiciones penosas y permanentemente acosados. En este contexto sitúa Manuel Lourenzo su Medea dos fuxidos, una reescritura de la leyenda de Jasón y Medea, en la que la exclusión impuesta por las circunstancias políticas adquiere una especial dureza para la heroína por su condición de mujer. En este trabajo analizaremos las técnicas de transformación del mito clásico en función de la nueva realidad que lo envuelve.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34696 “Tróia com bilhete de volta”: O Pintor de Batalhas de Arturo Perez-Reverte 2023-11-27T16:32:17+00:00 Marta Isabel de Oliveira Várzeas mvarzeas@letras.up.pt <p>Os Poemas Homéricos plasmaram para sempre uma forma de narrar a guerra como “espelho da vida” no qual se reflecte com toda a clareza o pior e o melhor dos seres humanos. Este artigo procura mostrar as marcas que a narrativa homérica deixou em textos literários contemporâneos, tomando como exemplo o romance O pintor de batalhas, de Arturo Perez-Reverte (2006).</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34699 “O nosso próprio correspondente da Grécia”; Cobrindo a guerra diplomática e o conflito no início da Grã-Bretanha vitoriana (1835–1857) 2023-11-28T18:48:23+00:00 Pandeleimon Hionidis hionidispl@hotmail.com <p>Nos anos 1835-1857, a missão diplomática Britânica em Atenas não limitou a sua atividade à política britânica, mas construiu um relacionamento direto e cuidadosamente culto com a imprensa inglesa. Vários episódios revelaram a sua intenção de usar os artigos jornalísticos como veículo para justificar a conduta e as opiniões dos funcionários de estado sobre a política grega. Este artigo argumenta que no início da Grã-Bretanha vitoriana os políticos estavam plenamente conscientes da implicação de supervisionar as informações sobre relações exteriores que chegavam ao público e de exercer pressão diplomática sobre outros Estados através da imprensa diária. Com o desenvolvimento internacional, fez-se gradualmente uma leitura interessante, a escassez de comunicação de um país distante como a Grécia deu autoridade e influência às reportagens publicada nos jornais de Londres, fortemente “influenciados” pelas considerações internacionais Britânicas. Nesse contexto, as colunas de um jornal diário e a brevidade das contribuições jornalísticas permitiram que os membros da Legação Britânica em Atenas apresentassem o seu severo censor dos sucessivos governos gregos a uma seção mais ampla do corpo político britânico.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34702 Los Fuegos de Aquiles y Marguerite Yourcenar 2023-11-27T16:32:13+00:00 Ramiro González Delgado rgondel@unex.es <p>Marguerite Yourcenar escribió Fuegos (Feux, París: Grasset, 1936) a la edad de treinta y dos años. Esta obra es fruto de una crisis pasional y los sentimientos y circunstancias vividas por la autora se expresan a través de nueve narraciones líricas, separadas por una serie de fragmentos y sentencias que Yourcenar definió como “una cierta noción del amor”. Dos de estas narraciones tienen como protagonista a Aquiles: “Aquiles o la mentira” (“Achille ou le mensonge”) y “Patroclo o el destino” (“Patrocle ou le destin”). La primera recrea la estancia del héroe en la corte de Licomedes, cuando se ocultaba allí para no ir a la guerra de Troya. La segunda se sitúa precisamente en dicha guerra y se centra en el héroe tras la muerte de Patroclo.<br>No es baladí que sea Aquiles el protagonista de dos de las nueve historias. En este trabajo analizaremos estas dos historias, especialmente las innovaciones míticas que realiza Yourcenar, así como los aforismos y sentencias que las acompañan, para relacionarlas con el contexto general en que fueron creadas, lo que nos permite vincular los sentimientos amorosos de Aquiles con los de la propia autora.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34705 O rigor geométrico da épica: “L’Iliade ou le poème de la force”, de Simone Weil 2023-11-27T16:32:12+00:00 Antonio Alías antonioalias@ugr.es <p>Este artigo trata de indagar sobre a hipótese do pensamento poético na obra de Simone Weil, especialmente a partir da leitura – e tradução – dos poemas clássicos gregos (Electra, Antígona, Ilíada). Enquanto esta possibilidade não provém propriamente da teoria da literatura, temos de procurar o seu esclarecimento poético em torno das preocupações de caráter sindical que, sobre o trabalho proletariado, a pensadora francesa vinculou com certa decadência dos valores numa sociedade capitalizada. A crise duma ordem social resulta em Weil também uma crise dos ideais, portanto da moral, assunto fundamental no pólemos épico – a guerra – e nas tragédias dos poemas gregos. Neste sentido, a sua aproximação à é épica através do trabalho “L’Iliade ou&nbsp;le poème de la force” (1941) revela, para além dum sentido histórico e político – como interpretara por sua vez Hannah Arendt –, uma outra ligação entre os âmbitos poéticos e os éticos. Precisamente Weil descobre neste nexo uma peculiar sensibilidade estética, quando coloca a mimese aristotélica como correlato poético duma outra forma de representação do pensamento grego arcaico: a geometria. Deste modo, no poema homérico convergem virtuosamente a proporção das ações com a mesura mais ou menos ética dos heróis gregos, uma representação que politicamente subscreve uma igualdade exemplar, como se o mito se mantivesse em equilíbrio ainda na tekné do logos poético, dum kósmos que ordena a história da humanidade. Weil formula, então, uma espécie de hermenêutica consoante a uma geometria das paixões poéticas, nomeadamente focada na conceição da força.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34708 Longe da pegada de Aquiles 2023-11-27T16:27:05+00:00 Bruno Henriques brunohenriques81@gmail.com <p>Na Ilíada, Aquiles recusa-se a participar na peleja, porque Agamémnon toma para si Briseida, despojo de guerra do rei das mirmidões. Será este facto sobejamente conhecido o precedente literário que Ben, o protagonista de The Mercy Seat, actualiza? Escrita por Neil LaBute no rescaldo do ataque às Torres Gémeas, esta peça de 2002 explora os limites do egoísmo humano: Ben e Abby aproveitam o pó a que milhares de compatriotas foram reduzidos para desfiar filosofia barata na alcova extraconjugal. Tal como Aquiles, que abandona os gregos por despeito, Ben ignora a tragédia nacional e familiar por egoísmo. No entanto, Aquiles continua a ser um herói, Ben, para muitos, um canalha pusilânime. Neste artigo, tentarei aferir as razões subjacentes a esta discrepância.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34711 Super-Homem: do herói mítico ao guerreiro moderno 2023-11-27T18:47:32+00:00 João de Mancelos mancelos@ua.pt <p>Os heróis míticos não morrem: reciclam-se através das eras. Nesta comunicação, pretendo demonstrar que o Super-Homem possui qualidades e fragilidades como os protagonistas da mitologia grega. Examino os seguintes aspetos: linhagem, sabedoria, superpoderes, guerra, amor e vulnerabilidade. Como exemplos, recorro a mitos, lendas, revistas da banda desenhada, filmes e séries. Substancio a minha investigação com ensaios de diversos mitólogos, antropólogos e guionistas de bandas desenhadas.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34714 Mutantes, máquinas e monstros: rostos da guerra na ficção científica cinematográfica 2023-11-27T16:27:01+00:00 Luís Nogueira luisnog@ubi.pt <p>A guerra – aqui entendida num sentido lato, e englobando múltiplas iterações em termos de escala, protagonistas e motivações – é, seguramente, uma das temáticas mais presentes no cinema de ficção científica das últimas cinco décadas. Sagas como Planet of the Apes, Star Wars, Mad Max, Terminator, The Matrix ou The Hunger Games são, a esse propósito, bem demonstrativas, como o são os filmes Escape from New York, Dune, Children of Men ou Avatar. Trata-se de obras que, independentemente do juízo cinéfilo ou do estatuto crítico das mesmas, ocupam um lugar de destaque no imaginário e na cultura ocidentais. O que pretendemos, neste ensaio, é organizar uma galeria de retratos dos principais protagonistas e antagonistas dessas narrativas. Para tal recorreremos a uma abordagem híbrida e heterogénea, multi-, trans- ou mesmo a-disciplinar, dependendo da perspetiva adotada a cada passo: propomo-nos operar uma semiótica alargada que reenvie ou se cruze com um conjunto de noções provindas da filosofia, da narratologia, da religião ou da estética, num repertório organizado em tríades concetuais que nos permitirão pontos de vista múltiplos sobre os retratados e, desse modo, detetar os signos e sinais da sua condição enquanto rostos-ideia, rostos-arquétipo ou rostos-figura: o humano, o pós-humano e o desumano; o herói, o anti-herói e o vilão; o soldado, o alien e o androide; o belo, o sublime e o feio; a alegoria, a parábola e a fábula; o paraíso, o purgatório e o inferno; a utopia, a heterotopia e a distopia. Através da análise destes rostos da guerra futura, pretendemos esboçar a hipotética galeria/iconologia de um devir bélico da condição humana.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34717 La Historia suspendida en los discursos de Lions for lambs de Robert Redford 2023-11-27T16:26:59+00:00 Ignacio Roldán Martínez ignacio.roldan@unir.net <p>Lions for Lambs (2007), de Robert Redford, fue filmado seis años después de la caída de las Torres Gemelas, la cual dio lugar a la invasión de Afganistán e Irak por parte de una coalición occidental. Es, según declara el director y se aprecia en el guion de Carnahan, una reflexión sobre las causas del desconcierto que parece imperar en la sociedad estadounidense y una llamada a que la juventud asuma su responsabilidad en la construcción del mañana. Catorce años después del estreno, Occidente ha abandonado de manera vertiginosa Kabul, interpretando una retirada que en su imaginario recuerda a la retirada de las últimas legiones romanas frente a los bárbaros; además, Rusia ha invadido Ucrania, fronteriza con países de la OTAN y de la Unión Europea, trayendo de nuevo la guerra a un continente cuya reciente identidad se ha elaborado en torno a la paz. La trama se desarrolla en tres espacios: la oficina de un senador con aspiraciones presidenciales, entrevistado por una veterana periodista televisiva; el despacho de un profesor universitario, que anima a un alumno con talento, pero frívolo, a asumir responsabilidades; y una cumbre nevada y nocturna de Afganistán, en la que un soldado de color y otro hispano han quedado cercados por los talibanes. Las suaves transiciones de un espacio a otro y la articulación de los distintos discursos -político, periodístico, docente y cívico militar- confieren unidad a la acción. Sin embargo, la pregunta de cuál de los tres discursos es el más congruente con la realidad queda sin respuesta. De esta manera, la interrelación de los discursos nos entrega un significado caracterizado por su apertura y, por lo tanto, por su indefinición: la Historia queda en suspenso.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34720 Música e Conflito: a Superação do Trauma através da obra de Arte em Cândido Lima e Iannis Xenakis 2023-11-27T18:50:00+00:00 Helena Maria da Silva Santana hsantana@ua.pt Maria do Rosário da Silva Santana rosariosantana@ipg.pt <p>Sabendo que Cândido Lima vive a realidade da Guerra Colonial e Iannis Xenakis, a da II Guerra Mundial, pretendemos mostrar de que forma algumas das suas obras revelam, nos seus conteúdos técnicos, estéticos e imagísticos, a influência destas vivências, bem como a superação de traumas e conflitos. No caso de Cândido Lima, a sua permanência no continente africano, na Guiné-Bissau, permitiu-lhe o contato com uma outra realidade musical, tanto na sua vertente criativa como interpretativa. A proliferação de manifestações sonoras, a riqueza rítmica, harmónica e melódica que apresentam, deslumbra o compositor. O próprio assume esta e outras influências, nomeadamente a de Iannis Xenakis. Neste sentido, os títulos que empresta às suas criações, de que são exemplo Nô, African Rhytms, Ritos de África, Missa Mandinga, Ncàãncôa ou Nanghê, mostram um universo imbuído de conteúdos imagísticos onde as estruturas sonoras que desenvolve retratam África e a Guerra Colonial. No caso de Iannis Xenakis, a superação do conflito e do trauma faz-se na contínua superação de si, bem como na exigência técnica, interpretativa e expressiva que impõe aos seus intérpretes. A arte surgindo como meio de se alienar dos traumas e conflitos de uma vida de superação.<br>Neste texto, mostraremos de que forma os universos português (minhoto) e africano (guineense), concorrem para a realização de um universo imagético-sonoro singular na obra musical do compositor português Cândido Lima, bem como os universos greco-francês (científico, filosófico e cultural) e bélico (II Guerra Mundial e Resistência), se encontram presentes na obra&nbsp;de Iannis Xenakis. Mostraremos também como os compositores intentam superar o conflito e o trauma que da vivência de uma guerra resulta, através da criação artística, e da conceção de um conjunto de obras musicais de inegável valor artístico, estético e musical.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34723 “Guerra” e linguagem jornalística: metaforicidade e objetividade 2023-11-27T16:26:55+00:00 José Teixeira jsteixeira@elach.uminho.pt <p>As expressões de guerra são inevitáveis no quotidiano dos média: guerras em sentido prototípico (como a atual, 2022, a da Ucrânia) ou em sentido metafórico, como as do desporto (em Portugal, maioritariamente o futebol) ou das “lutas quotidianas” pela sobrevivência.<br>Aparentemente, a temática guerra real-“guerra” metafórica não implicará ambiguidade, até porque a tradição clássica da Retórica parte do axioma de que, na linguagem, o plano literal não se confunde com o plano figurado.<br>Este texto parte de uma ótica divergente da Retórica clássica, numa linha que defende não existir uma separação dual, rígida, entre metafórico e não metafórico, mas sim graus de metaforicidade diferenciados, sendo esta entendida como uma distanciação dinâmica e variável no plano não figurado-figurado (ou denotação-conotação, não metafórico-metafórico).<br>Defendemos, assim, que, no caso do discurso sobre conflitos, a mesma situação pode ser apresentada como “guerra”(real) e como “não-guerra” (guerra apenas metafórica) tendo, portanto, o discurso poder manipulador na construção dos conceitos que se veiculam.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34726 Retrato de um presidente em guerra nos títulos dos jornais 2023-11-27T16:26:53+00:00 Sara Pita saratopete@ua.pt <p>A referência à guerra nos meios de comunicação social dominou o último ano, não só para detalhar os avanços e recuos militares, mas também para mostrar o papel dos vários intervenientes. Em 2022, irrompeu uma guerra na Europa e, nesse período, uma figura em particular ganhou relevo: falamos do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.<br>A imprensa em geral tem um verdadeiro poder nas suas mãos, uma vez que decide o que é relevante, o que é novidade, o que deve ser relatado (Charaudeau, 2013). Tem ainda a capacidade de povoar o imaginário dos leitores com algumas figuras políticas através do que é dito e do modo de dizer. A distribuição da informação pode condicionar a interpretação do leitor, pois, como referia Ducrot (2001), um enunciado inclui mais do que uma mera descrição da situação.<br>Considerando o papel da imprensa na construção de representações sociais, este artigo propõe-se a analisar a materialidade linguística de títulos noticiosos publicados em três jornais portugueses, recolhidos entre fevereiro e setembro de 2022, para observar como é retratado Zelensky. A escolha dos títulos deve-se à sua função comunicativa, já que, enquanto primeiro (e, por vezes, o único) contacto do leitor com a notícia, constitui um sumário (van Dijk, 1985) dos eventos atuais.<br>Neste trabalho, identificam-se os elementos temáticos (TEMA e REMA) e analisam-se os itens lexicais presentes no REMA que contribuem para a construção de uma imagem de Zelensky. Os dados revelam que a referência a Zelenksy surge, maioritariamente, na posição de TEMA,&nbsp;o que parece natural tendo em conta a sua importância no conflito e a sua presença constante nas notícias. Sobre este, apresentam-se diversos dados novos que potenciam a criação de diferentes imagens, nomeadamente honestidade, autoridade ou crítica.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement## https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/34729 Aquiles nos discursos de escola 2023-11-27T16:26:51+00:00 Rui Miguel Duarte rmduarte@edu.ulisboa.pt <p>Na retórica escolar helenística, e mais tardiamente nas épocas imperial romana e bizantina, têm lugar de relevo os progymnasmata. A primeira referê ncia a um tal conjunto de exercícios retóricos é feita pelo autor da Rhetorica ad Alexandrum (séc. IV a.C.). Através deles, os aprendizes eram convocados a realizar exercícios de retórica, argumentação e composição literária sobre variados temas e personagens históricas gregas e míticas, como preparação para os discursos de grande fôlego que os futuros oradores haveriam de ser chamados a pronunciar. Entre essas personagens, figura a de Aquiles. À personagem estão associadas uma determinada reputação, glória, narrativas e um temperamento.<br>Nos mestres da proginasmática, serviu de tema a três exercícios. Um deles, a ethopoeia, no qual se trabalhava a construção de um carácter com determinado perfil psicológico e emocional e se imaginavam as palavras que a personagem proferiria em determinadas circunstâncias e em diálogos com outras. A verosimilhança em concordância com a reputação da personagem era o critério do exercício bem feito. Veja-se a este respeito um escólio de Sópatro às questões inverosímeis nos seus comentários a Estados de causa de Hermógens de Tarso. Tratando-se de um herói, presta-se ainda ao enkomion e ao psógos, encómio e censura. Censura, de facto, porque Aquiles e a sua ira foram também motivos para tal. Mais ainda, sendo embora o mais célebre herói das lendas, paradigma da bravura guerreira, aparece num papiro um texto em que é retratado como um cobarde! Outro é o da synkrisis, em que se comparava uma personagem a outra sua émula (como Diomedes), no tocante ao nascimento, educação, virtudes, feitos e morte.<br>Conferiremos os passos dos tratados de progymnasmata: Élio Téon, Pseudo-Hermógenes, Aftónio, Nicolau de Mira e Libânio. Em Libânio, em contraste com os seus predecessores, houve a preocupação de fornecer uma larga colectânea de mini-discursos exemplares de cada exercício. O objectivo que nos propomos é refazer um retrato de Aquiles nestes discursos de escola.</p> 2023-11-17T00:00:00+00:00 ##submission.copyrightStatement##