A palavra de António Rosa, música que nos canta

  • Pedro Corga Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Poesia, música, pobre, terra, pedra, real, natural, cósmico, silêncio, erotismo, corpo, físico, desejo, feminino, verdade

Resumo

No presente trabalho, pretendemos descobrir qual a música que se ouve na especificidade da poesia de António Ramos Rosa, poeta de palavras pobres e térreas que visam um contacto físico com o real mais profundo, mais cósmico. Tentar ler o que os seus versos nos cantam foi o passo que inevitavelmente se seguiu. Poesia e música sempre estiveram intimamente ligadas ao longo dos tempos, influenciando-se e tocando-se profundamente. Deste modo, podemos chegar à conclusão de que existem musicalidades inerentes a qualquer acto verbal. Na poesia roseana, estas musicalidades revestem-se de características específicas e servem perfeitamente como veículo da sua mensagem poética acerca do real e do natural, que se encontram impregnados de um erotismo térreo e visceral. A musicalidade inerente às palavras de Ramos Rosa é uma musicalidade que procura incessantemente regressar ao silêncio absoluto e cósmico, que encerra a verdade do real. E é essa essência que a poesia de Ramos Rosa pretende capturar, sempre partindo do coração do real, através de um corpo de palavras animado de um musicalidade fisicamente primitiva, num ritual pleno de desejo e erotismo verbal.

Publicado
2006-01-01
Secção
Artigos