«Eu era Hamlet»: o desejo de substituição em Hamletmaschine, de Heiner Müller

  • Miguel Ramalhete Gomes Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Palavras-chave: reescrita, fragmento, substituibilidade

Resumo

Neste ensaio proponho-me elaborar uma leitura da peça Hamletmaschine (1977), de Heiner Müller, entendendo-a como um exercício radical de reescrita de Hamlet, de William Shakespeare. No seguimento da sua tradução de Hamlet para alemão, Müller escreve esta peça de apenas nove páginas como um comentário à situação política da Europa de Leste nas décadas de 1960 e 1970. A peça, pela sua brevidade, surge também como uma forma densa e próxima do fragmento, confi gurando a aproximação ao pós-modernismo que caracterizará a escrita de Müller nas décadas seguintes. Hamletmaschine será, assim, considerada como fragmentação e substituição da peça de Shakespeare, focando-se sobretudo a importância da fi gura da substituição para a compreensão da peça de Müller.

Publicado
2007-01-01
Secção
Artigos