Uma “estética do humano” inconformista: da atualidade dos contos satíricos de Heinrich Böll

  • Ana Maria Pinhão Ramalheira DLC, CLLC, Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Heinrich Böll, conto, pós-guerra, burguesia, Igreja Católica, estética do humano

Resumo

Respondendo à temática do presente volume, pareceu-me oportuno revisitar a obra de Heinrich Böll, titular do Prémio Nobel da Literatura, no ano em que se comemora o centenário do nascimento. O presente artigo levanta a questão da atualidade da obra de Böll, mormente dos seus contos e Kurgeschichten da década de 50 do século XX, os géneros literários em que o escritor foi mais fecundo. Destas narrativas do pós-guerra sobrelevam três temas, transversais a toda a obra de Böll: i) a crítica a uma burguesia conformista, indiferente e consumista, com tendências para restaurar a velha ordem social, que alicerçou o regime nacional-socialista; ii) a crítica aos meios de comunicação social e a certos intelectuais que pactuavam sempre com o poder vigente através de programas e outras obras oportunistas e politicamente corretos; iii) e a crítica à Igreja Católica como instituição luxuosa e alheada da sua missão humanizadora. “Comprometimento” (Gebundenheit) e “envolvimento” (Einmischung) eram as palavras de ordem da “estética do humano” que caracteriza a produção literária de Böll, e que no mundo hodierno ganha uma atualidade muito especial.

Publicado
2019-03-01