Mulher negra entre a maternidade e a violência: a representação rasurada na literatura canônica brasileira

  • Fabiana Carneiro Silva Universidade de São Paulo
Palavras-chave: Teoria Literária e fronteiras raciais, maternidade negra no Brasil, “Mães-Pretas”, literatura negra e ideologia da democracia racial brasileira, literatura canônica e nacionalismo, Um defeito de cor

Resumo

A presença da mulher negra no conjunto de obras que foi alçado à condição de literatura canônica brasileira é reduzida e, quando existente, da-se por meio de estereótipios e estigmatizações. Dentre essas representações, destacam-se o estereótipo da “mulata” e o da “mãe-preta”, em ambos os casos figuras em que a maternidade surge como interdição. Tendo com pressuposto o trabalho de análise do romance contemporâneo Um defeito de cor, escrito por Ana Maria Gonçalves e
publicado em 2006, esse artigo propõe-se a refletir sobre como a maternidade negra foi configurada, sobretudo por meio do mito da “mãe-preta”, na literatura canônica produzida no Brasil.
Objetiva-se, assim, apresentar como a rasura da concepção da mulher negra como mãe vincula-se ao construto ideológico do nacionalismo brasileiro – o qual opera a partir da obnubilação das fronteiras, diferenças e conflitos raciais – e, no mesmo contínuo, à dificuldade de assunção da matriz africana na constituição transatlântica da história do país.

Publicado
2016-01-01