Portugal Democrático e o núcleo de imigrantes políticos portugueses, no Brasil
Resumo
A década de 50 do século XX registra o maior fluxo dos auto-denominados “imigrantes políticos” que irão compor a resistência anti-salazarista no Brasil, na cidade de São Paulo. Aqui chegados, os exilados darão conta da presença portuguesa no Brasil. Depois de se sentirem no centro dos acontecimentos em Portugal, em uma conjuntura de repressão maiúscula à liberdade de expressão do pensamento, o exílio foi, para as gerações de 1950 a 1970, a ruptura com uma realidade e o desenraizamento do universo de referências que dera sentido à resistência ao regime vigente em Portugal. O Centro Republicano Português, fundado em 18 de abril de 1908, localizado na altura à Rua Conselheiro Furtado, 191, em São Paulo, era o espaço aberto aos debates do movimento de resistência à ditadura salazarista, muito freqüentado, de acordo o jornal Semana Portuguesa, por intelectuais brasileiros e principalmente portugueses como: Casaes Monteiro, Jorge de Sena, Barradas de Carvalho, Victor Ramos, Rui Luis Gomes, os artistas Fernando Lemos, Fernando Silva, Sidónio Muralha, os escritores João Maria Sarmento Pimentel, Maria Archer; os jornalistas Paulo de Castro, João Apolinário, Armindo Blanco, João Alves da Neves e Urbano Rodrigues, os engenheiros João dos Santos Baleizão, Carlos Cruz e Rica Gonçalves. Um dos frutos das discussões será a criação do periódico Portugal Democratico pela ala mais atuante da representação diaspórica. Esta comunicação tem a intenção de recuperar a intensa contribuição do núcleo de intelectuais portugueses exilados no Brasil, nos anos 50 do século passado, por meio do percurso de uma das suas mais atuantes intelectuais: a autora Maria Archer.